Conheça o potencial da hidroxicloroquina no tratamento do diabetes tipo 2
Na Índia, a hidroxicloroquina é liberada para o tratamento de diabetes mellitus tipo 2 (DM2) para associação com dois antidiabéticos orais.
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A hidroxicloroquina é um medicamento tradicionalmente utilizado para tratamento de malária, bem como de doenças reumáticas, como a Artrite Reumatoide e Lúpus Eritematoso Sistêmico, por sua atividade imunomoduladora. Esta substância é facilmente absorvida no trato gastrointestinal e se distribui amplamente nos tecidos, como no fígado, tecido adiposo e músculo.
Há alguns anos, observa-se que a hidroxicloroquina pode apresentar efeitos metabólicos benéficos em pacientes com pré-Diabetes e Diabetes Mellitus. O primeiro relato de uma possível associação nesse sentido foi feito em 1984 com o uso da cloroquina. Ao longo do tempo, mais estudos foram surgindo e este potencial efeito foi sendo confirmado.
Os principais mecanismos propostos neste sentido são aumento na secreção de insulina pelas células beta-pancreáticas, redução da depuração da insulina e inibição de marcadores inflamatórios, reduzindo a resistência insulínica.
Hidroxicloroquina e diabetes
Na Índia, a hidroxicloroquina é um medicamento liberado para o tratamento de diabetes mellitus tipo 2 (DM2) para associação quando não se alcança o alvo de controle glicêmico com dois antidiabéticos orais há cerca de 5 anos.
No recente evento da Associação Americana de Endocrinologistas Clínicos (AACE), Gupta et al apresentaram um trabalho com 24 semanas de duração em que foram analisados 87 pacientes com diagnóstico recente de DM2 que não alcançaram o controle metabólico utilizando doses máximas de Metformina (2000mg\dia) e Vildagliptina (100 mg\dia).
Eles foram randomizados para receberem a prescrição de 400 mg de hidroxicloroquina ou 300 mg de canagliflozina como terceira droga. A redução na hemoglobina glicada foi comparável àquela alcançada com a canagliflozina. Surpreendentemente, os usuários de hidroxicloroquina apresentaram perda de peso. Além disso, não houve relato de hipoglicemias com o medicamento.
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Estes achados são animadores por diversos motivos. Primeiramente, a hidroxicloroquina é um medicamento barato, tornando-o amplamente acessível. Além disso, parece haver a combinação de mecanismos de ação sinérgicos, que é o aumento da secreção e redução da degradação da insulina com a ação anti-inflamatória melhorando a ação do hormônio. Isso é especialmente interessante quando consideramos a patogênese do DM2.
Conclusão
Embora ainda não contemos com estudos de grande monta que demonstrem a segurança cardiovascular em longo prazo da hidroxicloroquina, é fundamental que estudos randomizados multicêntricos e com grande número de pacientes sejam encorajados, uma vez que podemos estar diante de uma nova opção para o tratamento em longo prazo do DM2.
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Referências:
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- Hage MP, Al-Badri MR, Azar ST. A favorable effect of hydroxychloroquine on glucose and lipid metabolism beyond its anti-inflammatory role. Ther Adv Endocrinol Metab. 2014;5(4):77–85. doi:10.1177/2042018814547204
- https://www.medpagetoday.com/meetingcoverage/aace/79487 – Could an Anti-Malarial Be an Adjunctive T2D Therapy?
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