Logotipo Afya

Produzido por

Anúncio
Endocrinologia19 julho 2024

Como tratar o hipertireoidismo?

As opções para o tratamento do hipertireoidismo são as drogas anti-tireoidianas, o radioiodo e a tireoidectomia. Apresentamos as particularidades de cada uma dessas modalidades e te ajudamos a escolher a melhor opçao para seu paciente.

O tratamento do hipertireoidismo pode ser dividido em dois pontos principais:

Controle sintomático, obtido principalmente pelo uso dos beta-bloqueadores. Essa abordagem geralmente é suficiente para os casos de “tireotoxicose”, onde temos uma síndrome de excesso de hormônios tireoidianos, sem excesso de produção, como nas tireoidites. Nesse ponto, dá-se preferência ao Propranolol, com doses médias variando de 80 a 240mg, divididos em 2 a 3 tomadas diárias.

Controle da produção hormonal, com três opções principais:

Drogas anti-tireoidianas: modalidade de escolha na grande maioria dos países. Temos 2 opções: o metimazol (TapazolR), agente de primeira escolha; e o Propiltiouracil, reservado para gestantes até a 16ª semana, ou casos de crise tireotóxica, pelo seu efeito de reduzir a conversão periférica de T4 em T3.

A escolha recai sobre o Tapazol por ter um maior tempo de concentração na célula folicular tireoidiana, com tomada única diária (o PTU precisa ser dividido em 2 a 3 tomadas). Além da comodidade posológica, o tapazol tem maior eficácia e um melhor perfil de eventos adversos.

A dose inicial depende dos níveis de T4 livre. Para casos leves (até 1,5x o limite superior da normalidade – LSN) iniciar 10mg; casos moderados (até 2x LSN) – 20mg; casos com maiores elevações (2-3x o LSN) 30 a 40mg. A proporção de dose com o PTU é de 1:20.

Os eventos adversos mais frequentes são rash e prurido, porém alguns eventos são temidos como a hepatotoxidade e colestase, agranulocitose e vasculite. No caso desses eventos mais graves a medicação deve ser imediatamente suspensa e não reiniciada. Tais condições são mais frequentes nos primeiros 3 meses de tratamento.

O tratamento deve ser acompanhado inicialmente pelos níveis de t4 livre, com redução da dose quando os níveis atingirem a metade inferior da normalidade.

Os guidelines recomendam manter a medicação por 12 a 18 meses, quando deve ser avaliada a suspensão e considerar o tratamento definitivo com Radioiodo ou cirurgia para os casos de recidiva. Novos dados apontam a possibilidade de manter o tratamento no longo prazo (ou mesmo por tempo indefinido) para casos controlados com baixas doses (5 a 10 mg).

Níveis persistentemente positivos de TRAb (anticorpo anti-receptor de TSH) indicam maior possibilidade de recidiva em caso de suspensão.

Radioiodo: busca a destruição da glândula e a evolução para hipotireoidismo, o que garante sua eficácia como tratamento definitivo.

Nos casos de hipertireoidismo, a captação de iodo está aumentada, o que permite a utilização de doses baixas (10 a 15 mCi), administradas ambulatorialmente, por via oral. A resposta ao tratamento é rápida, em torno de 30 dias, sendo verificada pelos níveis de t4 livre. Atentar para o início de levotiroxina quando forem verificados valores de t4 livre próximos ao limite inferior.

Um ponto a ser considerado é a presença de oftalmopatia. Casos ativos leves ou com fatores de risco (tabagismo ou TRAb muito elevado) devem receber corticoterapia profilática. Outra consideração é o intervalo para liberar gestação após o uso de radioiodo (3 a 6 meses para homens e 6 a 12 meses para mulheres).

Cirurgia: tem virtualmente 100% de eficácia e 0% de recidiva. Apesar disso, fica reservada para casos com nódulos muito suspeitos ou com malignidade confirmada, além dos casos com bócios muito volumosos (>60 – 80ml) ou com oftalmopatia ativa e com indicação de tratamento definitivo (onde o iodo esteja contra-indicado). Atentar para o inicio de reposição de levotiroxina imediatamente após o procedimento e para a necessidade de vigilância dos níveis de cálcio pelo risco de hipoparatireoidismo.

Autoria

Foto de Luciano de França Albuquerque

Luciano de França Albuquerque

Graduação em medicina pela Universidade Federal do Vale do São Francisco • Residência em Clínica Médica pelo Hospital Regional de Juazeiro – BA • Residência em Endocrinologia e Metabologia pelo Hospital das Clínicas da UFPE • Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia • Médico Endocrinologista no Hospital Esperança Recife e Hospital Eduardo Campos da Pessoa Idosa

anuncio endocrinopapers

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Compartilhar artigo

Newsletter

Aproveite o benefício de manter-se atualizado sem esforço.

Anúncio

Leia também em Endocrinologia