A obesidade é o principal fator de risco para a síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS). Por isso, pesquisadores da Universidade da Pensilvânia realizaram um estudo com pessoas obesas para entender o quanto a perda de peso poderia refletir nas vias aéreas superiores.
Os resultados foram publicados no American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine, este mês.
Apneia do sono e obesidade
Para o estudo foram recrutados 67 pacientes com obesidade e SAOS (IAH ≥ 10 eventos de apneia e/ou hipopneia por hora). Todos participaram de uma intervenção para perda de peso (sendo alguns com modificações do estilo de vida e outros com cirurgia bariátrica) e, antes e após o programa, foram submetidos a estudos do sono e ressonância magnética abdominal.
Para avaliação das vias aéreas, seus tamanhos e os volumes de tecido mole, gorduras da língua e abdominal foram quantificados.
Leia também: Relação entre apneia obstrutiva do sono e arritmia cardíaca
Resultados
Após seis meses do intervenção, os pacientes que perderam mais peso, tiveram mais reduções na gordura da língua e no volume do músculo pterigoide.
Segundo os autores, o maior percentual de perda de gordura da língua foir responsável por quase 30% do efeito total da perda de peso na redução no IAH (rho = 0,62, p <0,0001), apresentando uma melhora na SAOS dos pacientes.
Eles não conseguiram associar nenhuma outra alteração dos tecidos moles da vias aéreas às melhoras na apneia.
Após o controle da perda de peso, os resultados permaneceram (rho = 0,37, p = 0,014).
Pode-se concluir, portanto, que o percentual de gordura da língua interfere diretamente em um paciente com a síndrome da apneia obstrutiva do sono. É importante avaliar terapias que possam ajudar a reduzir essa gordura. Para os pesquisadores, a criolipólise é uma abordagem potencial para esses casos.
Veja mais: Apneia obstrutiva do sono: CPAP nasal é mais eficaz do que oronasal?
Síndrome da apneia obstrutiva do sono
A SAOS é uma obstrução completa ou parcial das vias aéreas superiores durante o sono, que causa períodos de apneia, dessaturação de oxi-hemoglobina e despertares frequentes, com consequente hipersonolência diurna.
Alguns pacientes relatam cefaleia ao amanhecer. A dor é tipicamente bifrontal e em aperto, sem sintomas associados (ex.: náuseas, fotofobia, fonofobia), ocorrendo diariamente ou na maioria dos dias e podendo durar horas. Outros sintomas incluem: boca e garganta secas ao acordar, mau humor, falta de concentração, prejuízo na memória, noctúria, redução da libido e impotência.
A abordagem deve ser multidisciplinar a longo prazo. Os objetivos do tratamento são resolver os sinais e sintomas, melhorar a qualidade do sono e normalizar a saturação de oxigênio e os episódios de apneia/hipopneia. A redução de peso deve ser estimulada nos pacientes obesos.
Quer receber as principais novidades em Medicina? Inscreva-se aqui!
*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED
Referências bibliográficas:
- Wang SH, et al. Effect of Weight Loss on Upper Airway Anatomy and the Apnea Hypopnea Index: The Importance of Tongue Fat. American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine. Published Online: January 10, 2020. https://doi.org/10.1164/rccm.201903-0692OC
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.