No segundo dia do Congresso Brasileiro de Obesidade e Síndrome Metabólica (CBOSM) 2025, tivemos outra aula que abordou um tema muito importante no tratamento da obesidade.
O tema foi: Paciente platô – Estratégias para manutenção de peso perdido com a Dra. Cynthia Valério.
A abordagem sobre a biologia platô do peso corporal
A palestrante elucidaou brevemente sobre a complexidade da biologia platô do peso corporal que envolve mecanismos centrais, mecanismos ligados ao tecido adiposo e gasto energético (que inclui termogênese, metabolismo basal, gasto para atividades diárias e para atividade fisica).
Após a perda de peso, ocorre aumento da fome, redução da saciedade e do gasto energético às custas de um desbalanço hormonal (aumento de grelina e redução de leptina, insulina e GLP-1). Além disso, no nosso sistema imunológico, os linfócitos T CD4 ” memorizam” a obesidade, ativando células inflamatórias e promovendo reganho de peso.
As flutuações do peso corporal geram alterações inflamatórias e de resposta imune que podem levar à sarcopenia, deposição de gordura ectópica e suas complicações. Nossa fisiologia sempre tentará voltar para o peso inicial e a Dra. usou uma frase que resume bem tal processo: “a obesidade protege a obesidade.”
Como manejar o paciente após a perda de peso?
Sendo assim, é importante que o paciente entenda que após a perda de peso, a recuperação é regra e não exceção pelos mecanismos citados, sendo a manutenção do peso corporal o maior desafio do tratamento.
Algumas estratégias podem auxiliar nesse desafio. Há estudos que comprovam que pacientes que realizam mais consultas com o endocrinologista apresentam maior taxa de sucesso na manutenção do peso, visto que estão mais motivados e assistidos pelo seu médico.
Estratégias comportamentais devem ser estimuladas aos pacientes tais como: automonitoramento (ex: diário alimentar, diário de atividade física, pesagem frequente), estabelecimento de metas semanais específicas e controle de estímulos.
Ademais, em relação ao aporte nutricional ainda há controvérsias quanto a dietas ricas em proteínas serem melhores para manutenção do peso perdido.
Já em relação à atividade física, para manutenção de peso perdido, a meta semanal recomendada é maior: em torno de 300 a 450 minutos semanais de atividade física de moderada intensidade.
Por último e não menos importante, é a manutenção do tratamento farmacológico em associação com as demais medidas para sucesso da manutenção do peso.
Mensagens práticas
Como “home-take messages“, a aula se encerra com os seguintes highlights:
- Manutenção do peso perdido é um grande desafio no tratamento da obesidade.
- Perda de peso precoce é preditora de sucesso a longo prazo, de modo que é importante evitar a inércia terapêutica.
- Visitas médicas frequentes e estratégias comportamentais podem ser úteis.
- O tratamento farmacológico otimiza a perda de peso e auxilia sua manutenção.
- Combinação com exercício físico traz melhores resultados.
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