No último dia do Congresso Brasileiro de Obesidade e Síndrome Metabólica (CBOSM) 2025, uma palestra de grande relevância para o dia a dia do endocrinologista e que está muito em alta foi sobre lipedema.
Abordagem sobre a apresentação clínica e diagnóstico
A sessão começou pela Dra. Lusanere Cruz que iniciou caracterizando o lipedema. Trata-se de uma doença caracterizada pelo acúmulo doloroso bilateral, simétrico e desproporcional de gordura que pode atingir a parte superior dos braços, parte inferior do abdômen, quadris, glúteos, coxas e pernas, poupando regiões de face, pescoço, tronco, mãos e pés.
Geralmente, o quadro abre em situações de mudanças hormonais abruptas tais como puberdade, gravidez e menopausa, possuindo caráter crônico e progressivo. Além disso, trata-se de condição de caráter genético, com alguns estudos sugerindo herança autossômica dominante com limitação sexual ligada ao X.
É um distúrbio do tecido conjuntivo e não apenas do tecido adiposo, com a marca principal sendo a inflamação, que pode resultar em fibrose, dor e até parestesia.
Seu diagnóstico é essencialmente clínico, sendo resistente à perda de peso com mudança de estilo de vida e cirurgia bariátrica. Doenças associadas podem ser metabólicas ou não, sendo as mais descritas: hipotireidismo, depressão, ansiedade e desordens do sono. Em relação a sua classificação, pode ser classificado em níveis I a V a depender do local do corpo acometido e em estágios de gravidade: leve, moderado e grave.
Ao exame físico, seus sinais clássicos são: acúmulo desproporcional e simétrico de gordura, nódulos palpáveis e visíveis, dor, sem acometimento de mãos e pés, edema persistente, frouxidão ligamentar e alteração da marcha.
Ao fim de sua apresentação, a Dra. reforçou a importância dos diagnósticos diferenciais que são: Obesidade, celulite e linfedema.
Como manejar e tratar o lipedema?
Na sequência, Dr. Ricardo Oliveira traz algumas informações em relação ao manejo do lipedema. O Dr. ressalva que o objetivo do tratamento é o alívio da dor e redução da limitação funcional. O manejo conservador inclui dieta, atividade física, terapias de compressão e saúde mental. O controle de peso é fundamental para reduzir tecido adiposo doente.
Em relação a terapias nutricionais, há ainda muitas controvérsias, sem consenso sobre a melhor terapia dietética, desde que haja restrição calórica. Quanto à atividade física, importante conciliar atividades aeróbicas com exercícios resistidos de baixo impacto. Quando indicado, as terapias antiobesidade, também são indicadas como forma de tratamento farmacológico.
O tratamento cirúrgico é eficaz por remover o tecido adiposo doente, além de melhorar a aparência, sendo os melhores candidatos aqueles com IMC < 35 e pele elástica, enquanto pacientes com IMC > 40 e complicações associadas encontram-se em contraindicação.
Mensagem prática
Sendo assim, as aulas nos ensinaram muito sobre essa condição que é relativamente recente e que ainda carece de mais estudos para que possamos realizar o diagnóstico adequado e oferecer o melhor tratamento aos pacientes.
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