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Endocrinologia17 julho 2025

Associação Europeia propõe nova definição de obesidade

Nova definição da EASO amplia diagnóstico de obesidade ao incluir RCA e comorbidades, aumentando a sensibilidade e foco no tratamento.
Por Juliane Braziliano

A atual definição sobre a classificação de Obesidade leva em consideração o índice de massa corporal (IMC), avaliando apenas peso e altura. Dada a superficialidade desse parâmetro, muitas alternativas vêm sendo discutidas para propor novas classificações de obesidade. 

Recentemente, foi publicado um artigo  sobre as implicações da Associação Europeia de Estudo da Obesidade (EASO) em relação a nova proposta de classificação da obesidade, sua prevalência e associação com mortalidade por todas as causas. 

Vamos ver o que o novo artigo nos trouxe de relevante. 

obesidade

Introdução: 

Há pouco tempo, a EASO introduziu uma nova proposta para classificação de obesidade que inclui medidas antropométricas além do IMC e comorbidades clínicas associadas à obesidade. No entanto, tal proposta ainda vendo sendo verificada e ainda não foi validada. O intuito é de sensibilizar o diagnóstico da obesidade, visando melhora na sua prevenção e no seu tratamento. 

A nova proposta da EASO define obesidade como IMC ≥ 30 kg/m² ou IMC entre 25-30 kg/m² com relação cintura-altura (RCA) ≥ 0,5 e presença de qualquer condição médica, psicológica ou funcional que seja considerada complicação relacionada à obesidade (ex: hipertensão, doença cardiovascular, diabetes, artrite, doença renal crônica, depressão, doença pulmonar obstrutiva crônica, etc.). 

O objetivo do presente estudo foi de descrever a distribuição populacional com sobrepeso e obesidade e determinar a prevalência das complicações associadas em relação a classificação pelo IMC e pela nova classificação da EASO. 

Metodologia: 

Foi feita uma pesquisa em base de dados eletrônicas disponíveis na plataforma norte-americana de Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição (NHANES), no qual foram selecionados pacientes cadastrados entre 18 e 79 anos no período de 1999 a 2018. 

Foram excluídos participantes com IMC < 18 kg/m², câncer, gestação ou com dados insuficientes sobre IMC e medidas de circunferência abdominal (CA), totalizando 44.030 participantes. 

Resultados: 

Baseada apenas na classificação de IMC, 31,3% foram considerados com peso normal, 33,3% com sobrepeso e 35,4% com obesidade. Pela nova definição da EASO, 18,8% das pessoas que antes eram classificadas com sobrepeso apenas pelo IMC, foram categorizadas em Obesidade. 

Com a nova classificação, 54,2% da população estudada, foi categorizada em pessoas com obesidade, sendo 21,9% homens e 15,6% mulheres. 

Pela nova classificação, as novas pessoas categorizadas com obesidade, eram mais velhas (51,3 anos), quando comparadas com a classificação apenas por IMC (36,5 anos). 

Também pela nova classificação proposta, 57,5% dos participantes tinham pelo menos 1 doença associada, sendo as mais prevalentes: hipertensão (79,9%), artrite ( 33,2%), diabetes (15,6%) e doença cardiovascular (10,5%). Essas prevalências foram maiores quando comparadas com a classificação que levou em consideração apenas o IMC. 

O risco de morte foi similar nas pessoas recém diagnosticadas com obesidade pela EASO e  nas pessoas com peso normal, porém maior nas pessoas  com IMC ≥ 30 kg/m². 

No entanto, quando comparadas com pessoas com peso normal e sem comorbidades , um  risco maior foi observado nas pessoas recém diagnosticadas com obesidade. 

Risco igualmente maior foi encontrado nas populações de sobrepeso e obesidade de ambas as classificações (IMC e EASO). 

Discussão: 

De acordo com o presente estudo, pela nova classificação, 1 em cada 5 adultos foram reclassificados com obesidade. Isso demonstra que a proposta da EASO visa aumentar a sensibilidade no diagnóstico da obesidade , objetivando tanto melhora no tratamento dessa doença crônica tão prevalente, como também de suas comorbidades associadas. 

Apesar de muito importante, tal estudo contou com algumas limitações tais como: por se tratar de um estudo observacional, os resultados podem ter sido influenciados por alguns fatores residuais de confusão. Outro ponto é que por mais que tenha sido um estudo de longo prazo, os dados da NHANES são transversais e apresentam valores de um ponto no tempo em cada ano. Sendo assim, uma análise longitudinal não foi possível. Por fim, devido a dados insuficientes, foram excluídas 1602 pessoas, o que também pode ter influenciado nos resultados. 

Conclusão e mensagem prática: 

A nova classificação proposta pela EASO permite maior sensibilidade no diagnóstico de obesidade quando comparada com a classificação tradicional pelo IMC. 

No entanto, mais estudos ainda são necessários para validar tal classificação e avaliar até que ponto ela será mais benéfica em termos de prevenção e tratamento dessa doença crônica tão endêmica nos dias atuais. 

Veja também: Medicamentos para obesidade

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Referências bibliográficas

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