A psoríase é uma doença inflamatória crônica da pele, com prevalência entre 0,1 e 1,5%. A etiopatogenia da doença tem sido mais bem compreendida, o que permitiu avanços nos tratamentos sistêmicos, principalmente em relação aos imunobiológicos, incluindo os inibidores de TNF-α, IL-23, IL-12/23 e IL-17.
O tratamento com os agentes imunobiológicos tem demonstrado bons resultados, porém na prática clínica alguns pacientes podem apresentar falha terapêutica, com perda de eficácia ou efeitos adversos. Nesses casos, a troca do agente biológico pode ser uma alternativa eficaz.
Um estudo concluiu que a comutação intraclasse dentro do inibidor de IL-17 pode ser eficaz, porém não há consenso sobre a abordagem ideal, incluindo se a troca intraclasse ou interclasse é mais eficaz quando os pacientes não respondem a um agente biológico.
Esta revisão sistemática e metanálise em questão examinou a eficácia da troca intraclasse versus interclasse de agentes biológicos em pacientes com psoríase. O objetivo deste estudo é estabelecer qual estratégia de troca é mais eficaz e fornecer orientação para a prática clínica.
Metodologia
O estudo foi realizado de acordo com as diretrizes do Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta Analyses (PRISMA), e foi registrado no PROSPERO. Foram incluídos estudos sobre troca de biológicos em psoríase em placas, publicados entre 2014 e 2024. Foram avaliados os desfechos PASI 75, PASI90, PASI 100 em curto e longo prazo, além de DLQI e causas da falha terapêutica. Os estudos foram agrupados em dois subgrupos: troca intraclasse (mesma classe de biológicos) e interclasses (classes diferentes), e o viés de publicação foi verificado por gráfico de funil e teste de Egger.
Resultados
A revisão incluiu 19 estudos com 679 pacientes, sendo 519 no grupo de troca intraclasse e 160 no grupo de troca interclasse. O principal fator para a troca do biológico foi falha secundária, seguida de falha primária e eventos adversos. A análise demonstrou que, após 12 semanas, a taxa de resposta PASI75 foi significativamente maior no grupo intraclasse (68,2%) do que no grupo interclasse (35,9%). Entre 16 e 52 semanas, as taxas de PASI 75 foram semelhantes entre os grupos. Os resultados também mostraram que ambas as trocas foram eficazes a longo prazo.
Discussão e mensagens práticas: tratamento psoríase
- O estudo mostrou que a troca intraclasse tem resposta clínica mais rápida a curto prazo, sendo uma boa opção inicial, especialmente entre inibidores de IL-17, TNF-alfa e IL-23.
- A longo prazo, tanto a troca intraclasse quanto a interclasse mostraram eficácia semelhante, com maior flexibilidade na escolha terapêutica.
- A presença de anticorpos antidrogas e diferenças entre estruturas moleculares podem explicar a eficácia da troca intraclasse, enquanto a troca interclasse pode ser últil ao redirecionar o tratamento para outros alvos inflamatórios.
- Medicamentos como adalimumabe, ixecizumabe, risanquizumane, guselkumabe e ustequinumabe destacaram-se como opções eficazes nas trocas.
- Na prática clínica, a escolha deve considerar a resposta prévia, o perfil de segurança e a via inflamatória predominante.
- Estudos maiores e prospectivos ainda são necessários para consolidar essas recomendações.
Autoria

Marselle Codeço Barreto
Médica pela Faculdade de Medicina Souza Marques e Dermatologista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Preceptora de Dermatologia e Dermatoscopia no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF-UFRJ). Possui Título de Especialista em Dermatologia e é Membro Titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Grupo Brasileiro de Melanoma (GBM) e International Dermoscopy Society (IDS).
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