O terceiro dia da RADLA 2023 teve aulas dedicadas a várias patologias. Na sessão de casos clínicos, houve o relato de caso de um paciente com a erupção medicamentosa simétrica exantemática intertriginosa e flexural – também conhecida como síndrome do babuíno ou SDRIFE – e as seguintes características clínicas desta síndrome são1:
- Eritema vermelho brilhante variando de rosa a violáceo escuro no:
- Glúteo e área anogenital
- Áreas flexurais (antecubital e poplítea)
- Áreas intertriginosas (inguinal e axilar)
- Outras áreas menos frequentes como face e tronco
- Raramente acompanha com outras lesões elementares.
- Áreas afetadas simetricamente.
- Ausência de sinais e sintomas sistêmicos.
Vale a pena reforçar que essa síndrome se apresenta com um quadro de eczema, e que seu tratamento deve se basear inicialmente em corticoterapia2.
Em seguida, houve um bloco sobre Dermatoses Neutrofílicas em que ocorreu uma aula de Vasculites. É importante que no anatomopatológico identifique-se se o infiltrado inflamatório é neutrofílico ou não é neutrofílico, sendo realizado em púrpura palpável com menos de 48 horas de aparecimento. A imunofluorescência direta ajuda a identificar se há depósitos de IgA, IgG e IgM na parede dos pequenos vasos2, elucidando o diagnóstico etiológico e as possíveis escolhas terapêuticas. As vasculites cutâneas são frequentemente de pequenos vasos, e até de médios vasos, mas nunca de grandes vasos3.
Ainda nesta última sessão foi comentada sobre uma interessante síndrome, publicada em 2020, com o acrônimo de Síndrome VEXA (Vacuoles, E1 enzyme, X-linked, Autoinflammatory, Somatic). É uma dermatose neutrofílica ou vasculite que se apresenta nos pacientes com febres recorrentes, policondrites recidivantes, infiltrados pulmonares e citopenias (anemia megaloblástica, vacuolização de células da medula óssea). Possui início rápido, em homens (ligado ao X), mas pode também, raramente, ser descrito em mulheres. Possui episódios de recorrência e alta mortalidade4.
E por último, o Vitiligo foi um tema bastante discutido na tarde deste terceiro dia de congresso. A publicação de um estudo de base populacional serviu para definição da prevalência de vitiligo no Brasil. Este estudo englobou 87 municípios do Brasil, e aleatoriamente foram realizadas entrevistas, por telefone, em um total de 6.048 domicílios, representando 17.004 habitantes. O vitiligo foi relatado em 97 residentes, fornecendo uma prevalência de 0,57% (IC 95%: 0,46%-0,68%)5.
Clinicamente, o vitiligo é caracterizado por máculas acrômicas/hipocrômicas bem delimitadas máculas com a presença ou não de poliose. Essas lesões tendem a ser assintomáticas, mas predispõem ao eritema solar. Classifica-se em quatro subtipos6:
- vitiligo não segmentar.
- vitiligo segmentar.
- vitiligo misto.
- tipos inclassificáveis.
Estudos revelaram os potenciais marcadores do vitiligo agudo7, os quais são:
- Presença de fenômeno de Koebner.
- Lesões confete-like.
- Áreas corporais com 3 tons de branco com bordas mal definidas.
- Vitiligo inflamatório (área de eritema na periferia da mácula).
- Prurido.
- Leucotriquia.
A identificação do vitiligo agudo (e ativo) ajuda na prática clínica e na otimização dos tratamentos para tentar evitar a evolução da doença.
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