Quem nunca conheceu um doutor mais idoso do interior do nosso país que atende emergências oftalmológicas e faz parto, que realiza apendicectomia e engessa fratura de metatarso? Felizmente, o avanço da medicina a subdividiu em diversas especialidades e subespecialidades, permitindo que cada profissional busque sempre ser o melhor em sua área do conhecimento.
O questionamento que se tem é que cada vez mais o profissional super-especialista não sabe o que fazer quando se depara com uma doença de uma área que não é a sua.
Leia mais: Quiz: qual diagnóstico desta lesão dermatológica maligna?
Todos os médicos devem saber ao menos reconhecer o problema, independente se ginecológico ou pediátrico, neurocirúrgico ou ortopédico. Só identificando o problema que o profissional saberá para quem, como e quando solicitar a avaliação. Especialmente quando são doenças com altas taxas de letalidade.
As emergências dermatológicas são um bom exemplo do que foi supracitado. Com sinais e sintomas tão evidentes, não se pode deixar passar, sob pena de morbidade e mortalidade totalmente evitáveis. O Dr. Steven Chen, dermatologista do Massachusetts General Hospital, descreveu o top 5 dessas emergências. Vale ressaltar que já publicamos no Portal PEBMED sobre as 5 doenças dermatológicas que todo clínico deve conhecer, então este artigo é a parte 2.
Confira nosso ranking:
TOP 5: Piodermia gangrenosa
Facilmente confundida com processo infeccioso isolado, essa doença é uma dermatose neutrofílica, em que os leucócitos levam a formação de úlceras cutâneas. O erro diagnóstico implica na realização de antibioticoterapia, sem necessidade, e desbridamento cirúrgico, que só piora o verdadeiro quadro de base.
O tratamento se baseia na imunossupressão. O diagnóstico precoce pode até evitar a formação de úlceras, porém quando tardio, observamos formação de grandes úlceras, com superfície extensa para infecção do sítio.
TOP 4: Pustulose exantemática generalizada aguda
Cursa com pústulas, placa eritematosa; sintomas tipicamente presentes após um ou dois dias do uso de certo medicamento. A gravidade se justifica pelo possível comprometimento sistêmico. Faz diagnóstico diferencial com psoríase pustulosa, logo a importância de reconhecê-la como reação farmacológica. O tratamento se baseia na imunossupressão e esteroides sistêmicos.
TOP 3: Púrpura fulminante
Identificam-se aqui áreas de pele arroxeada e escurecida que não empalidecem sob pressão. Essa doença cursa subitamente com coagulação intravascular disseminada e sepse, principal causa de morte em pacientes com púrpura fulminante. O tratamento envolve uma abordagem multidisciplinar, internação do paciente, avaliação da
infectologia e antibióticos de amplo espectro.
TOP 2: Síndrome DRESS
Na Síndrome DRESS ou farmacodermia com eosinofilia, o paciente cursa com exantema, mal-estar, eosinofilia e indicadores laboratoriais de lesão de órgão-alvo (aumento das enzimas hepáticas, aumento de marcadores de necrose miocárdica, piora da função renal).
Aqui, a reação farmacológica é em geral atribuível ao uso de medicamentos, três a seis semanas anteriores ao evento. Esses pacientes devem ficar internados ou permanecer por pelo menos 48h em observação pela súbita deterioração clínica que pode ocorrer. O tratamento é feito com altas doses de imunossupressão, logo se o diagnóstico adequado não for feito, a tendência é de ser prescrita antibioticoterapia isolada.
TOP 1: Síndrome de Stevens-Johnson
As taxas de morbimortalidade dessa condição são bem altas. Dessa forma, a internação hospitalar é mandatória para o tratamento, e, dependendo da gravidade será necessária que esta seja realizada em unidade fechada. As lesões expõem a derme, sendo um processo muito doloroso. Essa destruição da epiderme, barreira de proteção, pode levar infecção local e sepse, principal causa de morte.
A longo prazo, observam-se sequelas como o surgimento de tecido cicatricial nos olhos, no esôfago, na mucosa vaginal e na uretra. Com o que foi exposto acima, observa-se a importância do diagnóstico precoce aliado à
instituição de tratamento agressivo e multidisciplinar.
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Referências:
- https://www.medscape.com/viewarticle/909136
- http://www.medical.theclinics.com/article/S0025-7125(15)00102-9/pdf
- http://www.medical.theclinics.com/article/S0025-7125(15)00124-8/fulltext
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3927537/http://www.medical.theclinics.com/article/S0025-7125(15)00131-5/fulltext
- http://www.medical.theclinics.com/article/S0025-7125(15)00126-1/fulltext
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