Essa semana no Portal da PEBMED falamos sobre o exame de sangue que diagnostica pré-eclâmpsia com mais rapidez. Por isso, em nossa publicação semanal de conteúdos compartilhados do Whitebook Clinical Decision, separamos os critérios sobre diagnóstico e apresentação da pré-eclâmpsia.
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Pré-eclâmpsia é uma intercorrência clínica que precisa ser investigada minuciosamente. Pode ser classificada em: hipertensão arterial crônica, hipertensão arterial gestacional, pré-eclâmpsia, pré-eclâmpsia sobreposta e eclâmpsia. Sendo fundamental a classificação para individualizar a programação do tratamento ideal.
A mais importante é a pré-eclâmpsia, que cursa com 10% de prevalência nas primíparas e 70% nas gestações. Sendo classificada como doença multissistêmica, podendo cursar com disfunção de hepática,renal e neurológica.
Hipertensão gestacional: Elevação da pressão arterial, ? 140 x 90 mmHg, com proteinúria ? 300 mg/24 horas (valor diagnóstico para pré-eclâmpsia), e retorno ao valor normal após a fase puerperal.
Pré-eclâmpsia (PE): Síndrome multissistêmica com presença de hipertensão ? 140 x 90 mmHg (aferida em dois momentos com intervalo mínimo de 4h entre as aferições) e proteinúria ? 300 mg/24 horas após 20 semanas de gestação. Pode ser classificada em leve ou grave. Estudos recentes evidenciam que pode-se estimar o risco do desenvolvimento da doença entre 11 e 13 semanas de gestação, através da dosagem sérica da relação do PlGF com o sFlt-1, que são biomarcadores do desequilíbrio angiogênico placentário;
PE Leve: 140 x 90 mmHg; proteinúria 300 mg/24 horas;
PE Grave: 160 x 110 mmHg; proteinúria 300 mg/24 horas; oligúria < 500 ml/24 horas; trombocitopenia < 100000/mm3; dor epigástrica; edema pulmão ou cianose; distúrbios visuais ou cerebrais; HELLP.
Eclâmpsia: Convulsão em mulheres com pré-eclâmpsia.
Hipertensão arterial crônica: Hipertensão preexistente à gestação que se mantém após a fase puerperal.
Pré-eclâmpsia sobreposta: Gestantes portadoras de hipertensão crônica com sinais clínicos e/ou laboratoriais de pré-eclâmpsia.
Obs.: Proteinúria de 300 mg/24 horas equivale a 1+ de proteína no EAS.
É dividida em 2 estágios: o primeiro deles é a placentação defeituosa com a invasão superficial do citotrofoblasto. Ocorrem duas invasões trofoblásticas, a primeira em torno de 8-10 semanas e a segunda entre 16-18 semanas de gestação.
Na pré-eclâmpsia, ocorre ausência da migração da segunda onda trofoblástica, evoluindo assim para uma perfusão uteroplacentária comprometida, disfunção endotelial, hipóxia e isquemia placentária, e traz consequências futuras para mãe e feto.
Marcadores de disfunção endotelial , quando aumentados, cursam com aumento da permeabilidade vascular, vasoconstricção e hemólise angiopática. Frente a essas alterações, a pré-eclâmpsia cursa com hipertensão e proteinúria.
Em casos de pré-eclâmpsia com menos de 20 semanas, atentar para a associação/causa com mola hidatiforme.
Em casos de aparecimento de pré-eclâmpsia após 2 dias ou até 6 semanas do parto, considera-se como pré-eclâmpsia tardia.
Fatores de risco:
- História familiar (principalmente mãe e irmãs);
- Idade materna avançada (> 40 anos);
- Pré-eclâmpsia em gestação prévia;
- Obesidade (IMC ? 30 kg/m²);
- Hipertensão crônica;
- Primigesta;
- PA ? 130 x 80 em 1ª consulta de pré-natal;
- Doença renal crônica;
- Gestação múltipla;
- Diabetes;
- Síndrome do anticorpo antifoslipídeo;
- Lúpus Eritematoso Sistêmicos;
- Fertilização in vitro;
- Doença vascular prévia;
- Raça negra;
- Portadoras de HIV;
- Na maioria dos casos, a doença aparece na segunda metade da gestação.
Marcadores de gravidade:
- Cefaleia;
- Turvação visual (visão turva, cegueira temporária ou escotomas);
- Dor abdominal/epigastralgia;
- Náuseas e/ou vômitos;
- Confusão mental;
- Anemia hemolítica microangiopática*;
- Plaquetopenia <100.000;
- LDH ? 600*;
- Aumento das enzimas hepáticas: TGO ? 70 IU/L*.
- *Critérios para síndrome HELLP.
Complicações maternas:
- Acidente Vascular Cerebral (AVC);
- Descolamento prematuro de placenta;
- Hematoma hepático com possibilidade de ruptura;
- Falência hepática;
- Falência cardíaca;
- Coagulação vascular disseminada;
- Falência renal.
Complicações fetais:
- Crescimento fetal restrito;
- Oligodramnia;
- Prematuridade;
- Morte Neonatal;
- Alterações da viabilidade visualizadas ao exame Doppler: aumento da resistência da artéria umbilical e diminuição da resistência da artéria cerebral média, podendo evoluir para centralização fetal.
Pré-eclâmpsia:
- Pico hipertensivo ? 140 x 90 mmHg em 2 aferições em um intervalo de 4 horas. Em caso de gravidade, o critério é estabelecido com os valores de ? 160 x 110 mmHg;
- Proteinúria ? 300 mg em 24 horas ou relação proteína/creatinina ? 0,3;
- Ou sinais de disfunção orgânica: contagem plaquetária < 100000, creatinina sérica >1,1 ou valor de creatinina 2x maior que o basal, e valor de enzimas hepáticas 2x maior que o basal.
Síndrome HELLP:
- Contagem plaquetária < 100.000;
- AST 2x maior que o basal;
- Bilirrubina total ? 1,2 mg/dL;
- Esquizócitos no esfregaço do sangue periférico;
Rastreio: No primeiro trimestre deve-se avaliar o índice de pulsatilidade das artérias uterinas para estimar o risco de desenvolvimento de PE de acordo com o resultado ( IP médio > P95), realizar dosagem de PAPP-A, PLGF e SFLT-1 (fatores de crescimento).
Avaliação fetal: Avaliação com ultrassonografia obstétrica com dopplerfluxometria, de 3/3 semanas a mensal. Em caso de alteração, deve-se avaliar o intervalo entre os exames.
Pré-eclâmpsia leve: Alteração da viabilidade fetal ou conservadora até 37 semanas; após, está indicada a interrupção da gestação. Recomenda-se dosagem laboratorial de contagem plaquetária, creatinina sérica, proteinúria de 24 horas, hematócrito, hematoscopia, ureia, creatinina, ácido úrico, proteínas totais e frações, enzimas hepáticas e bilirrubinas totais e frações
Pré-Eclâmpsia
Hipertensão essencial prévia: Ao iniciar o pré-natal de uma paciente com doença hipertensiva pré-existente, deve-se investigar a presença de lesão de órgão-alvo. Solicitar: fundoscopia, proteinúria, função renal, clearance de creatinina e ECG. Suspende-se o tratamento vigente na ausência de lesão de órgão alvo.
Hipertensão gestacional: Quando houver aumento pressórico durante a gestação, deve-se investigar pré-eclâmpsia (> 20 semanas) com os mesmos exames já citados anteriormente.
Tratamento anti-hipertensivo: Em todo caso, seja hipertensão gestacional ou crônica, sem associação de pré-eclâmpsia, deve-se começar a terapêutica oral com metildopa (1 a 3 g/dia), podendo associar a Hidralazina (50 a 300 mg/dia) e nifedipino de ação prolongada (30 a 120 mg/dia). Na fase puerperal, podemos usar como escolha o captopril (50 a 150 mg/dia) ou outros inibidores da ECA.
Pré-eclâmpsia leve: Não há indicação de tratamento medicamentoso na pré-eclâmpsia, salvo condições de prematuridade extrema. Os estudos apontam que o tratamento medicamentoso com viabilidade fetal já estabelecida não altera o curso e evolução da doença, não sendo indicado.
Pré-eclâmpsia grave: Até 32/34 semanas. Após, está indicada interrupção. Obrigatória internação da paciente, administração de corticoide visando amadurecimento do pulmão fetal, controle pressórico (de 24-28 semanas) e estabilização do quadro antes da interrupção. Hidralazina é a 1ª escolha de anti-hipertensivo.
Síndrome HELLP: Avaliar o quadro clínico da paciente. É considerado um quadro de pré-eclâmpsia grave, ou seja, após estabilização do quadro, deve-se indicar a interrupção da gestação.
Pré-eclâmpsia sobreposta: Deve ser conduzida como pré-eclâmpsia, independente da hipertensão pré-existente.
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