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Clínica Médica16 agosto 2015

Uma nova esperança no tratamento do lúpus

Pesquisas recentes revelam um novo alvo terapêutico para o tratamento do lúpus e, potencialmente, de outras doenças autoimunes. Novas estratégias terapêuticas foram recém reveladas pela equipe da Dra. Laurence Morel da Universidade da Flórida, que testou uma combinação de metformina e 2-deoxy-D-glicose em ratos com lúpus e apresentou reversão completa de suas manifestações. Vocês devem …

Por Eduardo Moura

Pesquisas recentes revelam um novo alvo terapêutico para o tratamento do lúpus e, potencialmente, de outras doenças autoimunes. Novas estratégias terapêuticas foram recém reveladas pela equipe da Dra. Laurence Morel da Universidade da Flórida, que testou uma combinação de metformina e 2-deoxy-D-glicose em ratos com lúpus e apresentou reversão completa de suas manifestações.

Vocês devem estar se perguntando o que um antidiabético como a metformina traria de terapêutico para o lúpus. Bom, aí é que está o novo alvo de tratamento: o metabolismo celular. Estudos precursores demonstraram que linfócitos T CD4 de pacientes com lúpus apresentam metabolismo celular acelerado, utilizando como principais fontes de energia a glicólise e a fosforilação oxidativa mitocondrial. A partir desta observação, os pesquisadores postularam que ao bloquear estas vias metabólicas poderiam frear a proliferação de células T CD4 autoimunes. Como sua ativação está diretamente relacionada com atividade de doença, inibir sua proliferação poderia reverter suas manifestações.

Este perfil metabólico diferenciado do linfócito T CD4 de pacientes com lúpus sustentou a hipótese de que o uso de 2-deoxy-D-glicose (inibidor da fosforilação oxidativa) e metformina (inibidor da glicólise) poderia normalizar o metabolismo destas células. Os testes realizados em camundongos demonstraram diminuição da evolução para glomerulonefrite e menores títulos de autoanticorpos, e suas células apresentaram metabolismo normalizado. A pesquisa revelou também que a combinação dos dois inibidores metabólicos é necessária, não sendo efetiva a monoterapia.

Outra conclusão da pesquisa que também demonstrou resultado animador foi de que células CD4 com metabolismo normal não foram afetadas pelos medicamentos e o perfil de efeitos adversos foi bastante tolerado.

Como se trata de um estudo com camundongos, ainda haverão algumas etapas até que possamos prescrever metformina e 2-deoxy-D-glicose aos nossos pacientes. Se a combinação realmente demonstrar benefício em humanos poderemos ter uma grande revolução não só na maneira como tratamos o lúpus, como também na forma como encaramos a doença. Afinal, abre um leque de possibilidades para o desenvolvimento e uso de novos bloqueadores metabólicos na reversão da doença. Enquanto esse dia não chega, continuemos a prescrever nossos imunossupressores e continuemos com o cuidadoso monitoramento do tratamento.

 

Referências Bibliográficas:

– Yiming Yin, Laurence Morel et al. Normalization of CD4+ T cell metabolism reverses lúpus. Science Translational Medicine  11 Feb 2015: Vol. 7, Issue 274, pp. 274ra18

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