Telemedicina para avaliação pré-operatória difere de avaliação presencial?
Um estudo de coorte publicado no periódico Journal of American Medical Association (JAMA) nesse ano revelou que pacientes acompanhados em cuidados pré-operatórios com modalidades de atendimento virtual para consultas médicas não têm desfechos clínicos piores do que aqueles pacientes acompanhados com o cuidado presencial, avaliado como padrão ouro.
Métodos
Conduzido em um único hospital universitário americano, este estudo de coorte avaliou desfechos clínicos e de utilização hospitalar de quase 1.200 pacientes submetidos à cirurgia bariátrica. Os participantes realizaram by-pass gástrico em Y de Roux via laparoscópica ou gastrectomia sleeve e foram avaliados em consulta pré-operatória via telemedicina entre julho de 2020 e dezembro de 2021 ou em consulta pré-operatória presencial entre janeiro de 2018 e dezembro de 2019. Os participantes foram acompanhados por 60 dias após a realização dos procedimentos.
Um total de 1.182 pacientes foram incluídos até o final do estudo. No grupo acompanhado via telemedicina participaram. Desses, 257 indivíduos, dos quais 230 eram mulheres. Por outro lado, o grupo de acompanhamento presencial contou com 925 participantes, sendo 766 mulheres. O grupo de pacientes que recebeu cuidados via telemedicina foi mais jovem (média de 40,8 anos de idade) do que o grupo que foi acompanhado presencialmente (média de 43 anos de idade). De mesmo modo, o grupo controle apresentou maiores ocorrências de comorbidades (95,9% versus 80,9% p < 0,001) como depressão, hipertensão e diabetes.
Resultados
Os principais achados do estudo estão contidos na tabela a seguir. O grupo intervenção não apresentou resultados inferiores em relação ao controle em nenhum dos desfechos de interesse.
Desfecho | Telemedicina | Presencial |
P valor |
Atraso na sala de cirurgia | 7,8 min | 4,2 min |
0,002 |
Duração do procedimento | 134,4 min | 105,3 min |
<0,001 |
Tempo médio de internação | 1,9 dias | 2,1 dias |
<0,001 |
Eventos adversos maiores | 3,8% em 30 dias
2,8 % em 60 dias | 1,6% em 30 dias
1,6% em 30 dias |
<0,001 |
Visitas a pronto-socorro em 30 dias | 18,8% | 17,9% |
0,03 |
Reinternação em 30 dias | 10,1% | 6,6% |
0,02 |
Considerações
O estudo deve ser considerado dentro de suas limitações. Por se tratar de um desenho de não inferioridade as conclusões são modestas. A equipe de pesquisa não deixa em evidência as razões para os pontos de corte de não inferioridade. Além disso, esse é um estudo pequeno e conduzido em uma única instituição, o que limita o seu poder de generalização.
Conclusão
Contudo, essa é uma evidência promissora da segurança de utilizar teleatendimentos para avaliações pré-operatórias em cirurgias eletivas. Essa prerrogativa tem alto impacto na atenção primária à saúde. Por implicar em um. Menor custo e possibilitar a atuação de especialistas em regiões geográficas de menor densidade profissional, essa ferramenta tem potencial de auxiliar na redução de filas de esperas por procedimentos e garantir maior qualidade assistencial à países como o Brasil.
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Mensagem prática
No serviço privado, além de implicar em menores custos assistenciais, essa possibilidade cria horizontes para uma melhoria da experiência do usuário do serviço mantendo sua segurança para o procedimento cirúrgico.
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