Com o avanço da vacina contra o vírus da covid-19 e com um aumento considerável do número de pessoas sendo imunizadas, sabe-se que existe uma grande ocorrência de sintomas colaterias pós-vacinação, porém ainda não se sabe definitivamente se esses sintomas estão diretamente relacionados a resposta imunológica e desenvolvimento de anticorpos de cada indivíduo.
Esse estudo em questão foi realizado para avaliar a relação entre sintomas autoreportados pelos pacientes vacinados do Framingham Heart Study (FHS) e da resposta imunológica de cada um desses pacientes.

Métodos
O FHS é um estudo prospectivo que tem como objetivo reunir determinados pacientes e avaliar fatores de risco de doenças cardiovasculares. Em fevereiro de 2021, 928 participantes desse grupo aceitaram participar da avaliação da relação entre os efeitos colaterais pós-vacinação anti-covid-19 e o desenvolvimento de anticorpos.
Após explicação detalhada da conduta e consentimento informado, os pacientes que receberam duas doses das vacinas RNA mensageiro, Pfizer ou Moderna, pelo menos duas semanas antes da coleta de sangue, responderam um questionário de quatro questões relacionadas a sintomas após a vacinação e tiveram amostras de sangue coletadas para análise da presença de anticorpos IgG para covid-19 pelo método “Luminex”.
Os sintomas foram divididos entre sintomas gerais como febre, mal estar, mialgia, cansaço, dor de cabeça, calafrios e náuseas e vômitos e sintomas locais como dor e reação cutânea no sítio da injeção.
Resultados
Ao todo, 928 participantes escolhidos completaram o questionário e tiveram seu sangue coletado após pelo menos duas semanas da administração das duas doses da vacina RNA mensageiro. Desses participantes, a maior parte era do sexo feminino (61%) com idade média de 65 anos. Após administração da vacina cerca de 446 (48%) participantes relataram presença de sintomas gerais, 109 (12%) apenas sintomas locais e 373 (40%) ausência total de sintomas. A maioria dos sintomas estava relacionada aos pacientes do sexo feminino, com idade mais jovem, previamente infectados e que receberam a vacina Moderna.
A reatividade imunológica com desenvolvimento de anticorpos foi observada em 98% dos pacientes assintomáticos, 99% dos pacientes com sintomas locais e 99% dos pacientes com sintomas gerais e em modelos ajustados, sintomas gerais estavam diretamente relacionados a uma maior resposta imunológica com maior número de anticorpos.
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Discussão
Apesar das limitações desse estudo principalmente relacionadas a fatores epidemiológicos da população envolvida, os resultados encontrados não diferiram de outros estudos mais amplos já realizados, como por exemplo estudos envolvendo profissionais da aérea de saúde que também demonstrou uma grande atividade imunológica em pacientes com relatos de sintomas gerais pós-vacinação.
Nesse estudo em questão, praticamente todos os pacientes apresentaram reação imunológica com presença de anticorpos pós-vacinação, porém o desenvolvimento de anticorpos foi consideravelmente maior naqueles que relataram ocorrência de sintomas gerais, como febre, fatiga. mialgia entre outros.
Nenhuma associação foi encontrada entre a presença de sintomas e diferença de raça, presença de comorbidades ou peso entre os participantes.
Apesar da necessidade de maiores estudos, os resultados obtidos nessa análise corroboram com outras análises que demonstram que o grau de resposta imune encontra-se diretamente relacionado a presença de sintomas gerais.
Autoria

Gabriela Queiroz
Pós-Graduação em Anestesiologia pelo Ministério da Educação (MEC) ⦁ Pós-Graduação em Anestesiologia pelo Centro de Especialização e Treinamento da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (CET/SBA) ⦁ Graduação em Medicina pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA) ⦁ Membro da American Academy of Pain Medicine ⦁ Ênfase em cirurgias de trauma e emergência, obstetrícia, plástica estética reconstrutiva e reparadora e procedimentos endoscópicos ⦁ Experiência em trauma e cirurgias de emergência de grande porte, como ortopedia, vascular e neurocirurgia ⦁ Experiência em treinamento acadêmico e liderança de grupos em ambiente cirúrgico hospitalar ⦁ Orientadora acadêmica junto à classe de residentes em Anestesiologia ⦁ Orientadora e auxiliar em palestras regionais e internacionais na área de Anestesiologia.
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