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Clínica Médica11 março 2025

Qual o melhor tratamento para ectasia vascular antral gástrica (GAVE)?

Estudo teve como objetivo comparar a eficácia e a segurança da CPA vs. LE no tratamento da ectasia vascular antral gástrica (GAVE)
Por Leandro Lima

A ectasia vascular antral gástrica (GAVE) frequentemente é lembrada por seu fenótipo: o famoso “estômago em melancia”, pela bandas hiperêmicas lineares com distribuição radial a partir do piloro que lembram a aparência externa do fruto em analogia.  

A expressão clínica típica da entidade é a anemia ferropênica, secundária às perdas sanguíneas crônicas e insidiosas pelo trato gastrointestinal. Eventualmente, pode se associar a sangramentos perceptíveis, apresentando-se com aspecto de melena ou hematêmese.  

A GAVE geralmente está associada a condições sistêmicas, como: 

  • Hipertensão portal clinicamente significativa;  
  • Doenças reumatológicas, como a esclerose sistêmica;  
  • Doença renal crônica avançada;  
  • E doenças cardiovasculares. 

Trazemos aqui uma sinopse de uma revisão sistemática e meta-análise, conduzida por Archit Garg e colaboradores e publicada em fevereiro de 2025 no período Gastrointestinal Endoscopy, uma revista com fator de impacto de 6,7.  

A coagulação por plasma de argônio (CPA), uma terapia não contato, é considerada o tratamento endoscópico de primeira linha para a GAVE. Mais recentemente, entretanto, o uso de ligadura endoscópica por bandas elásticas (LE), amplamente lembradas no tratamento das varizes esofágicas, foi também reconhecido enquanto abordagem alternativa na GAVE.  

Veja mais: Lesões vasculares gástricas: o que precisamos saber?

O objetivo do estudo foi a comparação entre eficácia e a segurança da CPA vs. LE no tratamento da GAVE.  

Foi realizada uma pesquisa em amplas bases de dados (PubMed, EMBASE, Google Scholar, LILACS, SCOPUS e Web of Science), incluindo coortes retrospectivas e estudos randomizados prospectivos, com submissão dos resultados à revisão sistemática e meta-análise.  

Ao todo foram contemplados 10 estudos, com N = 476, idade média de 56 anos e proporção semelhante entre homens e mulheres.  

Os principais resultados foram os seguintes: 

Desfechos 

Ligadura elástica 

Argônio 

RR 

Erradicação da GAVE 

88,6% 

57,9% 

1,52 (IC 95%: 1,16 a 2,02; I²=72%; p<0,001) 

Ressangramento 

6,6%  39,7% 0,21 (IC 95%: 0,09 a 0,44; I²=0%; p< 0,001) 

Recorrência da GAVE 

7,3% 38,5% 0,22 (IC 95%: 0,109 a 0,446; I²= 0%; p<0,01) 

Transfusões (1 ano) 

1,24 (11 meses) 3,098 I²= 98% e 99%, respectivamente 

Internações 

0,67 1,673 I²= 99% para ambos os dados 

Eventos adversos 

16,8% 

9,3% 

2,11 (IC 95%: 0,8-5,46; 58%; p =0,1) 

 

Os dados obtidos demonstram superioridade da ligadura elástica em relação à coagulação com plasma de argônio no tratamento da GAVE. Entretanto, destacamos a grande heterogeneidade entre os estudos, o que limita a interpretação dos resultados, sobretudo os referentes ao impacto em demanda transfusional e internações.  

Em relação aos eventos adversos, a maior prevalência no grupo de ligadura elástica era esperada, sobretudo por se tratar de um procedimento que envolve uma maior profundidade da mucosa, em relação ao argônio, que é uma terapia dedicada somente à superfície. Ressalta-se, contudo, que os eventos adversos foram considerados minor, não levando a internações nem descontinuação do tratamento, sendo o mais comum a dor abdominal.  

consulta médica

Conclusão e mensagens práticas 

A ligadura elástica demonstrou maior eficácia na erradicação de ectasia vascular antral gástrica (GAVE) em relação à coagulação com plasma de argônio. Houve ainda menor taxa de ressangramento, demanda transfusional e internações em relação ao argônio. Dessa forma, os dados apontam para a necessidade de reavaliar os protocolos endoscópicos de tratamento dessa entidade, considerando-se a ligadura no tratamento de primeira linha da GAVE.  

 

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Referências bibliográficas

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