Festas de fim de ano, tempo de rever família, descansar e para alguns, cumprir as escalas de plantão no feriado. Fechamos 2024, um ano marcado por desafios e mudanças para os médicos brasileiros. A pandemia de covid-19 ainda deixou resquícios, exigindo atenção contínua à saúde mental de profissionais e pacientes, além de ajustes nos sistemas de saúde. Presenciamos eventos de crise climática, com desastres e ondas de calor intensas. Ao mesmo tempo, a expansão da telemedicina e o uso de tecnologias digitais consolidaram-se como ferramentas indispensáveis.
Esses fatores, somados à necessidade de adaptação às demandas crescentes por medicina personalizada preparam o terreno da saúde para a chegada de 2025. Neste texto, vamos olhar um pouco para o passado e explorar juntos as principais tendências para a área da saúde para este ano.
Machine learning: potenciais impactos na prática médica
No último ano, foquei meus estudos em machine learning e tecnologias emergentes, aprofundando meu entendimento sobre como essas ferramentas podem transformar a prática médica. O potencial dessas inovações é enorme e já está começando a ser percebido em diversas áreas da medicina.
Em 2025, espera-se que as tecnologias de machine learning sejam ainda mais integradas em áreas como diagnóstico por imagem, predição de risco de doenças e desenvolvimento de tratamentos personalizados, com ferramentas já utilizadas para analisar imagens radiológicas e detectar condições, como por exemplo no câncer de mama. (1)Além disso, algoritmos de inteligência artificial têm potencial para auxiliar no manejo de doenças crônicas, prevendo exacerbações e ajustando tratamentos em tempo real.(2) A medicina personalizada também se beneficia significativamente dessas inovações, integrando ML com genômica e farmacogenômica para identificar marcadores genéticos e desenvolver terapias específicas que aumentam a eficácia e reduzem efeitos adversos, a partir da análise de grandes volumes de dados genômicos.
No Brasil, essas inovações são especialmente promissoras para enfrentar desigualdades regionais no acesso à saúde. Modelos preditivos, por exemplo, podem ser usados para identificar surtos de doenças infecciosas, como dengue, com base em dados climáticos e de vigilância epidemiológica, permitindo respostas mais rápidas e eficazes.
Entretanto, outro ponto crucial para 2025 será a regulamentação ética dessas tecnologias. Ainda existem muitas questões sensíveis, como privacidade de dados, viés algorítmico e transparência no uso das ferramentas. A capacitação dos médicos para utilizar essas tecnologias de forma segura e eficaz será essencial, assim como o desenvolvimento de regulamentações claras que garantam a implementação ética e responsável desses avanços.
Impacto dos Eventos Climáticos na Saúde
Em 2024, o Brasil foi fortemente atingido por tragédias naturais, como as intensas chuvas no Rio Grande do Sul, queimadas devastadoras e o aumento expressivo de doenças relacionadas ao clima, como a dengue, devido às ondas de calor. Infelizmente, as previsões para 2025 indicam a continuidade e intensificação desses eventos climáticos extremos, tornando ainda mais urgente a compreensão de seus efeitos na saúde pública e na prática médica.
As ondas de calor, por exemplo, estão diretamente associadas a um aumento no número de internações por diversas condições de saúde, incluindo doenças cardiovasculares crônicas, enfermidades transmitidas por vetores e insuficiência renal aguda. Diante desse cenário, é imprescindível que os profissionais de saúde estejam preparados para manejar pacientes durante esses eventos extremos, ajustando tratamentos de forma personalizada e planejando a gestão de leitos nos períodos de maior demanda.
A tecnologia tem o potencial de ser uma grande aliada nessa batalha. Ferramentas de predição climática e modelos de machine learning podem ajudar na antecipação de eventos extremos, permitindo que sistemas de saúde se organizem de forma proativa para mitigar os impactos dessas crises, desde a gestão de recursos até o cuidado direto ao paciente.
Saúde mental do médico
A saúde mental dos médicos foi um ponto de atenção em 2024. Segundo pesquisa divulgada pelo Research Center da Afya, 39,8% dos médicos no Brasil enfrentam algum tipo de doença mental, sendo que duas em cada três pessoas afetadas são do gênero feminino. A pesquisa ainda revelou que cerca de 3,6% dos médicos já esteve internado para alguma condição mental e precisou ficar afastado cerca de 5,1 semanas nos últimos 12 meses.
Esses números refletem a pressão extrema enfrentada em nossa profissão. Frequentemente lidamos com jornadas extenuantes, alta responsabilidade e exposição constante a cenários de sofrimento humano. Com os fatores de risco ainda presentes, 2025 nos desafia a redobrar os cuidados com a nossa saúde mental e a de nossos colegas, promovendo um ambiente de trabalho mais saudável e acolhedor.
Mensagem prática
Iniciaremos um ano de oportunidades e desafios para a área da saúde. Os avanços em tecnologias como machine learning trazem perspectivas promissoras, mas também exigem atenção às questões éticas e à capacitação profissional.
Ao mesmo tempo, a intensificação de eventos climáticos e o impacto direto na saúde pública demandam preparo e adaptações urgentes no manejo clínico e na gestão de recursos.
A saúde mental dos médicos, um tema em destaque em 2024, continua sendo uma prioridade para este ano. Importante colocarmos nas metas de 2025 medidas que prezem pela nossa saúde mental, dentre elas escolha adequada de locais de trabalho, atividade física, momentos de descanso e lazer.
Cuidar da saúde de quem cuida é essencial para um sistema de saúde mais humano e eficiente.
Que possamos começar o ano com motivação e propósito, abraçando as mudanças e desafios que ele trará. Conte conosco para se manter atualizado em toda jornada!
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