O Ozempic, nome comercial da substância semaglutida, vem sendo a estrela do momento em relação a medicação para emagrecimento. Apesar de sua indicação ser para tratamento de diabetes tipo 2, muitos médicos estão prescrevendo a droga de forma “off label” para pacientes que desejam perder, ou seja, os benefícios reconhecidos não estão previstos na bula e estão fora das indicações farmacológicas oficiais. O uso off label de diversas medicações é prática comum na comunidade médica e não gera prejuízos físicos quando aplicada.
Porém, a prescrição do Ozempic para essa finalidade está sendo realizada de forma indiscriminada, uma vez que mesmo sem uma consulta médica, o paciente pode comprar a medicação nas farmácias sem a necessidade de apresentação de receita e se automedicar, principalmente baseando-se em conteúdos postados em redes sociais, de experiências pessoais de várias internautas.

Alerta de desabastecimento
Com esse uso indiscriminado houve uma diminuição de estoque da medicação nas prateleiras das farmácias brasileiras no primeiro trimestre desse ano o que levou a muitos pacientes que fazem uso clínico da sustância para controle de diabetes ficarem sem a medicação. Os pacientes diabéticos que fazem uso de metformina ou algum outro hipoglicemiante oral de forma diária e que optou pela preferência em realizar uma injeção semanal, ou que até mesmo a medicação oral por alguma razão passou a não fazer mais o efeito desejado, tem encontrado dificuldades na aquisição do Ozempic atualmente.
Alternativas
Há pouco tempo, a Anvisa liberou uma medicação, também com o mesmo princípio ativo do Ozempic, porém com uma dosagem maior (semaglutida 2,4mg) apenas para o tratamento da obesidade e sobrepeso, chamada Wegov. Essa medicação nova, apesar de também ser a base de semaglutida não deve ser utilizada por pacientes diabéticos, uma vez que essa dosagem não os favorece.
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A semaglutida é uma substância que atua como análogo do GLP-1 e tem a função de diminuir os níveis de hemoglobina A1c em pacientes diabéticos e consequentemente diminuir complicações cardiovasculares e renais. Esse peptídeo está presente nas células intestinais e age levando um sinal ao cérebro toda vez que ocorre ingesta alimentar, para que esse reduza a fome, diminua o esvaziamento gástrico e aumente a produção de insulina. De forma orgânica, ele tem a duração de aproximadamente 15 minutos, porém de forma exógena tem a duração de uma semana. Um dos efeitos colaterais da medicação é a diminuição do esvaziamento gástrico e consequente aumento da sensação de plenitude gástrica, levando ao paciente a ingerir menos calorias durante o dia. E é esse efeito que promove o emagrecimento em pacientes que o utilizam para esse fim.
A obesidade, considerada atualmente uma doença, atinge uma grande parte da população mundial e o Brasil está dentro dos países com maior número de pessoas obesas. Além disso também é responsável pelo aparecimento de diversas comorbidades como diabetes, hipertensão, síndromes metabólicas, hepatopatias, artropatias, entre outras. O combate a obesidade realmente precisa ser realizado de forma efetiva e novas ferramentas adjuvantes, definitivamente são de grande ajuda, porém o uso de medicações que acabam apenas gerando um resultado satisfatório imediato, porém sem consistência futura, não resolve a situação.
Mensagem prática
Bons hábitos diários e modificação de estilo de vida como alimentação limpa e saudável, retirada de açúcares refinados da dieta e prática de exercícios físicos diários deve ser constantemente estimulados pelos profissionais de saúde de todas as áreas e a prescrição de medicações não consistentes não devem ser indiscriminadamente realizadas.
Autoria

Gabriela Queiroz
Pós-Graduação em Anestesiologia pelo Ministério da Educação (MEC) ⦁ Pós-Graduação em Anestesiologia pelo Centro de Especialização e Treinamento da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (CET/SBA) ⦁ Graduação em Medicina pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA) ⦁ Membro da American Academy of Pain Medicine ⦁ Ênfase em cirurgias de trauma e emergência, obstetrícia, plástica estética reconstrutiva e reparadora e procedimentos endoscópicos ⦁ Experiência em trauma e cirurgias de emergência de grande porte, como ortopedia, vascular e neurocirurgia ⦁ Experiência em treinamento acadêmico e liderança de grupos em ambiente cirúrgico hospitalar ⦁ Orientadora acadêmica junto à classe de residentes em Anestesiologia ⦁ Orientadora e auxiliar em palestras regionais e internacionais na área de Anestesiologia.
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