A pneumonia fúngica por Pneumocystis jirovecii é uma infecção oportunista que acomete indivíduos imunossuprimidos. A incidência é de, aproximadamente, 50 casos: 100 mil habitantes por ano, com letalidade de 50% entre aqueles que são admitidos em unidades de terapia intensiva (UTIs).

Relação com SIDA
O imaginário médico coletivo vincula a condição diretamente à síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA). Nos últimos anos, entretanto, os pacientes vivendo com HIV representam apenas uma fatia dos casos de pneumocistose pulmonar (PCP).
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Quais os principais cenários em que se deve considerar a profilaxia primária de PCP? |
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Em um estudo prospectivo multicêntrico observacional, publicado por Kamel e colaboradores em agosto/2024 no Intensive Care Medicine, foram incluídos 158 pacientes com pneumonia por P. jirovecii admitidos em UTIs francesas.
Os dados mais expressivos foram os seguintes:
Mais de 80% dos casos de PCP ocorreram em pacientes sem HIV;
- A taxa de adesão aos protocolos de profilaxia de pneumocistose foi baixíssima, com vigência de apenas 12% entre os imunossuprimidos;
- O aceleramento da ocorrência de morte foi associado ao atraso da instituição de antibioticoterapia específica (> 96 horas) e à adoção de corticoterapia, essa última entre os casos de PCP não HIV;
- A taxa de mortalidade geral em seis meses foi de 40%, mas foi de 65% entre os transplantados de órgãos sólidos.
Conclusão e mensagens práticas
- A epidemiologia da pneumocistose pulmonar (PCP) tem se modificado, com tendência ao acometimento prioritário dos indivíduos com imunossupressão não relacionada ao HIV.
- Os casos de PCP têm aumentado nas últimas décadas, com letalidade de 40%, com redução relativa às séries históricas especialmente relacionadas à melhora das medidas suportivas.
- Os médicos responsáveis pelo tratamento de imunossuprimidos (dedicados aos serviços de transplante, infectologistas, imunologistas, oncologistas, hematologistas, reumatologistas, gastroenterologistas e dermatologistas, entre outros) devem ter atenção redobrada quanto à adesão aos protocolos de profilaxia primária de PCP.
- Os médicos emergencistas, internistas e intensivistas devem estar atentos às pneumonias em imunossuprimidos, buscando a elucidação diagnóstica, apoiada em dados da entrevista e exame físico, mas com limiar baixo para a solicitação de tomografia de tórax e broncoscopia com lavado bronquioloalveolar, não deixando de lado a instituição de terapias empíricas, enquanto se aguarda os resultados das propedêuticas, tendo em vista a rápida deterioração clínica esperada nesses casos.
Autoria

Leandro Lima
Editor de Clínica Médica da Afya ⦁ Residência em Clínica Médica (2016) e Gastroenterologia (2018) pelo Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG) ⦁ Residência em Endoscopia digestiva pelo HU-UFJF (2019) ⦁ Preceptor do Serviço de Medicina Interna do HU-UFJF (2019) ⦁ Graduação em Medicina pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
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