O Brasil é um dos países que mais fazem transplantes no mundo. Em número gerais de procedimentos, estamos em segundo lugar, atrás apenas dos Estados Unidos. Entretanto, quando o número avaliado é o de doadores por milhão de habitantes, ainda estamos bem abaixo e a fila de espera só aumenta.
A meta para 2015 era alcançar a taxa de 17 doadores por 1 milhão de habitantes. No entanto, após queda do número de doadores, a meta teve de ser reduzida para 15. Para se ter uma noção, países como a Espanha possuem 30 doadores por milhão de habitantes e EUA possuem 24.
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No primeiro trimestre de 2015, foram realizados 1.862 transplantes de órgãos no país, 7.853 transplantes de tecidos e 433 de medula óssea. Esses números apresentam uma queda em relação ao último ano. Em 2014, tivemos 21.000 cirurgias de transplante, 30% foram de rins e fígados.
Muitos hospitais estão desenvolvendo melhores práticas e treinando suas equipes de saúde para aumentar o número de doadores e cirurgias. Porém, a realidade é que os números tem piorado nos últimos anos.
Diversos fatores estão relacionados a esta questão, todavia os especialistas apontam como os principais fatores a dificuldade no diagnóstico da morte encefálica e as divergências familiares.
A primeira questão é solucionada com o aprimoramento das equipes de saúde, educação continuada e melhoria das unidades para estarem mais bem preparadas para identificação rápida, abordagem da família corretamente e execução do ato cirúrgico.
A questão familiar é a mais preocupante para a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). Muitas famílias enxergam a doação como uma mutilação do ente querido, muito são ignorantes sobre o assunto ou não conseguem relacionar de maneira racional o momento da perda e o ato de doação. A falha na comunicação entre médico e família é um dos principais problemas e em muitas há divergência entre parentes, o que torna o processo lento e muitas vezes conduz ao atraso no ato.
Muito se tem investido e a ABTO acredita que o número de doadores poderá dobrar nos próximos anos. Um dos melhores exemplos a ser seguido é do estado de Santa Catarina. Nos últimos anos, Santa Catarina tem se dedicado a campanhas de conscientização e organização do sistema. Os resultados já estão surgindo com aumento em 20% no número de transplantes no último ano e alcançaram média de 34 doadores por milhão de habitantes.
Muitas lições ainda precisam ser compartilhadas e implementadas nas rotinas de hospitais. As campanhas de conscientização da população possuem papel fundamental junto as famílias e devem ser propagadas. Afinal, quando um receptor na fila de doação de órgãos recebe a notícia de um doador é como nascer de novo, e ter uma segunda chance de viver não tem preço.
Seja você também um doador e um elemento atuante na captação de órgãos. Para mais informações: www.abto.org.br.
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