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Clínica Médica12 agosto 2024

Injúria renal aguda: Como diagnosticá-la mais precocemente?

O apelo principal da adoção dos biomarcadores é fornecer, em tempo hábil, medidas de nefroproteção, antes da instalação da injúria renal aguda e suas complicações.
Por Leandro Lima

A creatinina sérica, bem com as estimativas da taxa de filtração glomerular (TFGe) dela derivadas, é a ferramenta mais difundida de avaliação da função renal, não sendo diferente no cenário da injúria renal aguda (IRA), uma complicação hospitalar de alta prevalência e associada ao incremento da letalidade.  

A despeito da disponibilidade, a creatinina apresenta várias limitações.

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Imagem de gstudioimagen1 no Freepik

Confira abaixo

  • É um parâmetro atrasado em relação à necrose tubular em cerca de 24 48 horas, que somente se altera quando há perda da TFGe em aproximadamente 50% entre indivíduos previamente saudáveis; 
  • Encontra-se reduzida na sarcopenia e entre pacientes amputados, especialmente em membros inferiores; 
  • Encontra-se aumentada entre indivíduos com maior massa muscular;  
  • Apresenta variabilidade na dependência do estado de hidratação, aporte de ingestão proteica e da velocidade de produção. 

O débito urinário (mL/kg/hora), é um preditor mais sensível e precoce da injúria renal aguda (IRA). Embora seja um parâmetro de menor especificidade, pode fornecer evidências de IRA em apenas 6 horas a partir da demonstração de oligúria (< 0,5 mL/kg/hora). Uma de suas claras limitações, contudo, é diante do dano tubular renal, em que a capacidade prejudicada de concentração urinária se manifesta como poliúria. 

Os biomarcadores renais, muito estudados na pesquisa clínica e sempre lembrados em reuniões científicas, ainda não alcançaram a esfera prática, mas permitem a identificação de estresse ou lesão renal de forma antecipada em relação à creatinina. 

 

Biomarcador 

Interpretação 

Cinética da alteração 

TIPM-2 e IGFBP7 

Estresse  

Imediata, com pico em 6 a 24 horas (pré-formados, não demandam transcrição gênica para a expressão). 

NGAL 

Lesão 

Incremento em menos de 4 horas após evento isquêmico renal, com pico entre 4 e 6 horas. 

KIM-1 

Lesão 

Incremento em 12 a 24 horas após lesão isquêmica ou tóxica renal, com pico em 2 a 3 dias.  

L-FABP 

Lesão 

Desconhecida.  

Creatinina e cistatina C 

Função 

Incremento tardio em 24 a 48 horas. 

TIPM-2: Inibidor tecidual da metaloproteinase 2; IGFBP7: Proteína ligadora do fator de crescimento semelhante à insulina 7. KIM-1: Molécula de lesão renal 1. NGAL: Lipocalina neutrofílica associada à galatinase. L-FABP: proteína ligadora de ácido graxo tipo hepático.  

Atualmente, os estudos têm focado especialmente na avaliação do produto TIMP-2 x IGFBP7 na urina, com ênfase na seleção de pacientes de alto risco para o desenvolvimento de IRA, como no pós-operatório de cirurgia cardíaca ou sepse, objetivando a adoção de protocolos de preventivos. Ressalta-se que, em cenários de baixo risco, há grande susceptibilidade aos resultados falso-positivos, devendo-se a solicitação respaldar no julgamento da probabilidade pré-teste.  

Conclusão e mensagens práticas 

  • A creatinina é um marcador amplamente disponível para a análise da função renal, mas com várias limitações, incluindo ser um marcador tardio da necrose tubular.  
  • Novos biomarcadores têm sido amplamente estudados na literatura, com potencial de identificar estresse e lesão renal de uma forma mais precoce, embora não tenham sido adotados na prática cotidiana.  
  • O apelo principal da adoção dos biomarcadores é fornecer, em tempo hábil, medidas de nefroproteção, antes da instalação da injúria renal aguda e suas complicações.  

 

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