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Clínica Médica10 dezembro 2021

Escolha de sofia: se faltam leitos, a idade deve ser fator de escolha?

Qual deveria ser a escolha para os últimos leitos de um CTI?  Pacientes mais jovens deveriam ser priorizados em relação aos mais velhos? 

Com o surgimento da pandemia de Covid-19 e com o grande fluxo de pacientes graves com necessidade de tratamento intensivo e acometimento de muitos pacientes idosos, diversos centros hospitalares de todo o mundo ficaram com seus CTIs superlotados e com déficit de leitos disponíveis para todos os pacientes, o que gerou uma grande preocupação com a real e efetiva capacidade de acomodação em situações parecidas. Nesse contexto, não houve outra saída, a não ser definir emergencialmente critérios de escolha de ocupação para esses pacientes nos leitos.

Dentro desses critérios, discussões acerca da idade de cada paciente como fator de corte para a escolha de ocupação do leito foram lançadas. Quem deveria ser escolhido para ocupar o último leito do CTI? Pacientes mais jovens deveriam ser priorizados em relação aos mais velhos nesse cenário assustador? Esta questão tornou-se demasiadamente discriminatória e a conduta em relação a idade permanece sem solução. O que é considerado ético ou não, difere entre diferentes culturas, como por exemplo a permissão em alguns países da escolha do paciente em determinar até onde ir com o seu tratamento e a regularização da realização da eutanásia em pacientes terminais.

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, a idade deve ser fator de escolha

Estudo

Os autores de uma carta encaminhada ao Intensive Care Med, em final de novembro de 2021, questionam a ocorrência de limitação de tratamento e pressão sofrida pelos pacientes mais velhos em unidades de tratamento intensivo durante a pandemia por Covid-19. com isso, desenvolveram um estudo com 2.984 pacientes, prospectivo e observacional, abrangendo 35 países do mundo denominado “The Corona Virus disease in Very Elderly Intensive care Patients” (Covid em pacientes muito idosos em unidades de terapia intensiva).

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Nesse estudo onde foi analisado a relação de limitações na conduta, definidas como alta ou permanência no leito, entre a idade e o aumento do número de pacientes acometidos, evidenciou-se que essas limitações ocorriam mais em direção aos pacientes mais jovens a medida que a população de pacientes ia aumentando. Além da idade, fatores epidemiológicos como sexo e fatores como fragilidade do paciente e grau de severidade da doença também influenciaram nas limitações de conduta nos pacientes graves que necessitam de tratamento intensivo.

Conclusão

Portanto, apesar de algumas limitações encontradas, concluiu-se que nesse cenário de pandemia, o grande aumento do número de pacientes infectados necessitando de tratamento intensivo em um sistema de saúde extremamente pressionado, exerceu importante papel nas decisões das condutas clínicas na população mais idosa de pacientes internados.

Referências bibliográficas:

  • Jung C, et al. The relationship between treatment limitations and pressure on intensive care units in elderly patients. Intensive Care Med. 2021 Nov 5;1-2. doi: 10.1007/s00134-021-06553-5.

Autoria

Foto de Gabriela Queiroz

Gabriela Queiroz

Pós-Graduação em Anestesiologia pelo Ministério da Educação (MEC) ⦁ Pós-Graduação em Anestesiologia pelo Centro de Especialização e Treinamento da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (CET/SBA) ⦁ Graduação em Medicina pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA) ⦁ Membro da American Academy of Pain Medicine ⦁ Ênfase em cirurgias de trauma e emergência, obstetrícia, plástica estética reconstrutiva e reparadora e procedimentos endoscópicos ⦁ Experiência em trauma e cirurgias de emergência de grande porte, como ortopedia, vascular e neurocirurgia ⦁ Experiência em treinamento acadêmico e liderança de grupos em ambiente cirúrgico hospitalar ⦁ Orientadora acadêmica junto à classe de residentes em Anestesiologia ⦁ Orientadora e auxiliar em palestras regionais e internacionais na área de Anestesiologia.

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