Sabe-se que a transmissão do vírus SARS-COV-2 entre crianças e adolescentes é significativamente baixa, não havendo grandes relatos de infecção nessa faixa etária. Durante a pandemia a maioria dos colégios, tanto nos Estados Unidos como no mundo inteiro optaram por manter seus alunos em aulas on-line, em casa, a fim de impedir a disseminação do vírus entre os alunos. Porém, a permanência dos estudantes em casa durante tanto tempo vem acarretando outros grandes problemas tanto no âmbito socioeconômico familiar como no emocional das crianças e familiares principalmente em famílias de mais baixa renda. Evidências atuais sugerem que crianças nas escolas não são vetores significativos na transmissão do vírus causador da Covid-19 de uma maneira geral.
Leia também: Reabertura das escolas primárias durante a pandemia
Estudo recente
Devido a esses fatores, foi realizado um estudo no período de 31 de agosto a 29 de novembro entre funcionários e alunos do jardim da infância até o ensino médio de 17 escolas da área rural da cidade de Wisconsin nos Estados Unidos. Todas as pessoas incluídas no estudo, foram orientadas a usarem máscara facial com três camadas, fornecidas gratuitamente pela Legacy Foundation of Central Wisconsin e a manterem um distanciamento social efetivo de um metro e meio. O uso das máscaras era obrigatório dentro das dependências fechadas do colégio e nas áreas abertas sempre que se aproximassem de alguém a menos de um metro e meio de distância. Os alunos eram orientados a sempre permanecerem sentados perto dos mesmos colegas durante as aulas e toda vez que havia um diagnóstico de Covid-19, tanto o aluno quanto seus irmãos eram afastados da aula presencial. Cerca de 92% dos alunos aceitaram e usaram de maneira apropriada a máscara, porém relatos de desconforto em relação ao uso da máscara foram em grande número, independente da idade do aluno. Foram avaliados ao todo 4.876 estudantes e 654 profissionais das escolas. Foram comparados os casos de Covid-19 entre as pessoas que frequentavam a escola e a população geral do condado em questão.
Saiba mais: Pesquisa nos EUA mostra que 31% dos pais manteriam seus filhos longe da escola
No resultado dessa análise evidenciou-se que o número de pessoas testadas positivas no colégio foi em torno de 37% menor que na população geral do condado. Houve 191 (133 estudantes e 58 funcionários) casos em 5.530 de pessoas que testaram positivo pelo método de análise de PCR, gerando uma estatística de 3.543 casos para cada 100.000 pessoas, uma estatística bem menor do que a encontrada na população geral local (5.466 casos para cada 100.000 pessoas). E dos 191 casos de infecção, foi constatado que somente 3,7% estava relacionado a contaminação por Covid-19 dentro das escolas e que ocorreu apenas entre alunos e não entre funcionários, ou seja, apenas 7 casos de Covid-19 ocorreram por contaminação dentro das escolas.
Mensagem final
Essa análise sugere que com as medidas de segurança adequadas, como o uso de máscaras apropriadas e distanciamento social, o retorno as aulas presenciais não coloca os estudantes em um risco maior de contrair SARS-COV-2 em comparação com a exposição normal na comunidade. Apesar do estudo em questão apresentar algumas limitações como uma amostra reduzida, tanto em relação a localidade e etnia da população, além de ser voltado a uma realidade estrutural de ensino de um país economicamente bem desenvolvido, os estudantes de ensino fundamental e médio poderiam retornar a aulas presenciais sem o risco aumentado de contaminação pelo SARS-COV-2, desde que seguidos os protocolos básicos de segurança.
Referências bibliográficas:
- Falk A, et al. COVID-19 Cases and Transmission in 17 K–12 Schools — Wood County, Wisconsin, August 31–November 29, 2020. MMWR Morb Mortal Wkly Rep 2021;70:136–140. doi: 10.15585/mmwr.mm7004e3external icon.
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.