Cerca de 90% da população adulta ocidental faz uso regular de bebidas contendo cafeína, mais precisamente o café. Além de ser consumida na sua maioria das vezes sob forma de café e chás, também é muito utilizada em bebidas estimulantes como os drinks energéticos e, na população mais jovem e praticante de exercícios, suplementos para pré treino. Os produtos atuais no mercado que contém cafeína variam na sua composição de 1 mg de cafeína a até 300 mg em alguns suplementos alimentares.
A cafeína vem sendo alvo de estudos há longa data, principalmente sobre seus efeitos a nível de sistema nervoso e sistema cardiovascular e continua sendo um objeto de preocupação para os profissionais de saúde, principalmente em relação a seu consumo excessivo e desregrado no meio fitness, onde os atletas buscam melhorar a sua performance e aumentar o seu rendimento.
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Cafeína e esportes
A cafeína e produtos derivados da mesma, vem sendo utilizados por atletas profissionais desde o início do século XX, sendo alguns suplementos criados secretamente pelos treinadores para proporcionar vantagem nas competições. Em 1984 a cafeína foi incluída na lista de substâncias banidas pelo Comitê Olímpico Internacional e no ano de 2000 pela Agência Mundial Antidoping (WADA). Em 2004, ambas as instituições removeram a cafeína da lista de substâncias proibidas, porém WADA, continua monitorando de perto os níveis urinários de cafeína nos atletas de competição e sugere que os níveis de cafeína permaneçam abaixo de 12 mcg/ml. Porém, nos EUA, o National Collegiate Athletic Association (NCAA), determina o banimento, caso os níveis urinários de cafeína ultrapassem 15 mcg/ml.
Cafeína e performance
Muitos estudos já foram realizados e todos chegaram a conclusão que a cafeína impacta de forma positiva na performance e rendimento de atletas, principalmente naqueles que não fazem uso rotineiro da substância, ou seja, quando utilizada de forma isolada antes de um treino, os atletas demonstram maior força e rentabilidade durante os exercícios. Já aqueles que fazem uso regular, não sofrem tanto esse efeito. Por ser uma substância que efetivamente age sobre os sistemas do organismo, levando a alterações, a Academia de Nutrição e Dieta, considera a cafeína como sendo uma droga. Apesar do impacto no organismo ser relativamente mediano, está comprovado que a cafeína cria um efeito ergogênico, mudando a percepção do atleta sobre a quantidade de esforço necessário para realizar um exercício, fazendo com que este tenha um boost e consiga se esforçar mais do que o usual, aumentando assim o seu rendimento e performance.
Sociedade Internacional de Medicina Esportiva
Devido ao grande uso indiscriminado da cafeína nos esportes e pela análise de vários estudos que comprovam uma melhora no rendimento dos atletas quando utilizada em doses adequadas, principalmente em relação força muscular e velocidade, a Sociedade Internacional de Medicina Esportiva, achou necessário a protocolar recomendações em relação ao uso de substâncias que contenham cafeína:
- Suplementos com cafeína mostraram-se efetivamente ativos na performance de vários exercícios, principalmente exercícios aeróbicos, de velocidade e exercícios de força.
- Os exercícios aeróbicos foram os que obtiveram melhor performance com o uso da cafeína.
- A dose usual de cafeína para melhorar o rendimento é de 3-6 mg/Kg. Doses muito altas, ou acima de 9 mg/Kg estão associadas a efeitos colaterais indesejáveis.
- O tempo de uso antes do exercício é de aproximadamente 60 minutos.
- A cafeína melhora a performance tanto em atletas profissionais como pessoas que estão começando a se exercitar, porém o efeito é mais visto na população que não faz uso regular da substância.
- A cafeína também melhora o sistema cognitivo, incluindo a atenção e vigilância.
- O uso da cafeína para exercícios no calor e em regiões de maior altitude é segura nas doses de 3-6 mg/Kg e 4-6 mg/Kg respectivamente.
- Fontes alternativas de cafeína como gomas de mascar e gel energético, também mostraram-se eficientes na melhora da performance.
- Suplementos energéticos e bebidas energéticas mostraram ser eficazes tanto em exercícios aeróbicos como anaeróbicos.
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A cafeína pode sim ser utilizada como uma substância capaz de melhorar o rendimento de exercícios físicos em pessoas que não fazem uso regular da substância, tanto em forma de bebidas como suplementos, mas é necessário que as doses sejam controladas para que os efeitos colaterais não sobreponham os efeitos benéficos.
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