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Clínica Médica26 agosto 2024

ANTECIPATE-NASH: Como a ferramenta pode ajudar na condução da esteatose hepática?

Confira resultados interessantes trazidos por um novo estudo, que fez a avaliação comparativa de três modelos preditivos não invasivos de eventos hepáticos associados à HPCS.
Por Leandro Lima

A predição de eventos relacionados ao fígado (ERF) é muito útil na abordagem de portadores de quaisquer hepatopatias crônicas, não sendo diferente para a doença hepática esteatótica associada à disfunção metabólica (MASLD), a etiologia mais proeminente de doença hepática crônica avançada (DHCA) dos nossos tempos.   

Além de permitir esmiuçar os detalhes prognósticos, essas informações auxiliam no processo de tomada de decisão sobre a instituição de terapias específicas, sob a égide da relação entre o risco e benefício, bem como ajudam a moldar as populações alvo de intervenções em estudos clínicos e a realizar estimativas sobre o seu potencial efeito.  

Estudo recente  

Em agosto de 2024, Mònica Pons e colaboradores publicaram, no prestigiado periódico Hepatology, a avaliação comparativa de três modelos preditivos não invasivos de eventos hepáticos associados à presença de hipertensão portal clinicamente significativa (HPCS) e representados na tabela abaixo.   

Modelo 

Elastografia hepática 

Plaquetas 

IMC 

LSM isoladamente 

 

X 

X 

ANTECIPATE  

 

 X 

ANTECIPATE-NASH 

 

  
LSM: Liver stiffness measurement. IMC: Índice de massa corporal. NASH: Nonalcoholic steatohepatitis. 

Métodos

Trata-se de estudo multicêntrico e retrospectivo, pautado em uma coorte derivativa, que incluiu todo o espectro da doença; e uma coorte de validação, que se concentrou em indivíduos com doença hepática mais avançada (LSM ≥ 10 kPa), com captação de participantes no Canadá, China, Espanha e França.  

O diagnóstico de esteatose partiu da ultrassonografia do abdome, tendo sido excluídos os portadores de causas secundárias, como hepatite B, hepatite C e uso abusivo de álcool (> 30g/dia / 200g/semana ou 20g/dia / 150g/semana, para homens e mulheres, respectivamente), bem como os pacientes com descompensações prévias ou atuais da hepatopatia.  

Dados 

Coorte derivativa 

Coorte de validação 

N° de pacientes 

2.638 

679 

Idade média (anos) 

58 

61 

Homens 

53% 

56% 

IMC (kg/m²) 

30 

32,4 

DM2 

60% 

55% 

Plaquetas 

232.000 

183.000 

LSM (kPa) 

7,4 

17,6 

LSM < 8 kPa 

55,2% 

0,7% 

LSM ≥ 15 kPa 

18% 

89% 

Seguimento (meses) 

27 

31 

Eventos hepáticos 

1,7% (CHC: 36%) 

11,3% (CHC: 33%) 

Mortes 

2,8% 

4,1% 

CHC: Carcinoma hepatocelular. 

Resultados

Os ERF ocorridos nos primeiros três anos de seguimento foram o desfecho primário, sendo caracterizados por uma composição entre descompensação da hepatopatia (ascite franca – excluindo-se aquela identificada apenas à ultrassonografia, hemorragia digestiva alta varicosa e encefalopatia hepática) e carcinoma hepatocelular.  

Os modelos preditivos foram desenvolvidos com base em regressão logística de COX. 

Na coorte de validação, o modelo ANTECIPATE-NASH se destacou pela sua maior capacidade discriminativa, inferida por meio da estatística C. Os três modelos, contudo, permitiram a estratificação granular dos pacientes, evitando-se as simplificações inerentes aos modelos binários.  

O modelo primitivo, ANTECIPATE, se dedicava a outras etiologias de doença hepática: as hepatites virais crônicas e a doença hepática crônica alcoólica. Por sua vez, o ANTECIPATE-NASH foi formulado visando especificamente a população acometida por MASLD.  

Como interpretar a estatística C? 

Valor 

Interpretação 

0 

Ausência de capacidade discriminativa.  

> 0,8 

Bom desempenho discriminativo.  

1 

Capacidade discriminativa perfeita.  

 

Modelo Estatística C Calibração* 
LSM isoladamente 0,75 0,017 
ANTECIPATE  0,79 0,020 
ANTECIPATE-NASH 0,81 0,016 
*Índice de calibração integrado.  

A melhor performance dos modelos ANTECIPATE e ANTECIPATE-NASH, em relação ao modelo baseado apenas na elastografia transitória hepática, provavelmente se correlaciona com o embotamento da capacidade preditiva quando a medida da rigidez hepática ultrapassa os 15 kPa.  

As principais limitações do estudo incluem a sua natureza retrospectiva, bem como a taxa relativamente baixa de ERF e o tempo de seguimento limitado, considerando a evolução lenta esperada na MASLD.  

Conclusão e mensagens práticas 

O modelo preditivo de eventos hepáticos ANTECIPATE-NASH mostrou-se uma ferramenta acurada na estratificação do risco individual entre pacientes com doença hepática esteatótica associada à disfunção metabólica (MASLD), e pode ser acessado, de forma gratuita, pelo link abaixo: 

https://www.bcn-liverhuvh.com/resources  

 

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Referências bibliográficas

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