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Clínica Médica28 janeiro 2022

Afinal, o tipo sanguíneo influencia na gravidade da Covid-19?

Vários levantamentos foram realizados sobre a relação entre o tipo sanguíneo e a infecção pelo coronavírus, a gravidade e o risco de óbito. 

Por Úrsula Neves

Há dois anos que os cientistas de diversos países pesquisam as diferentes maneiras que o novo coronavírus afeta o organismo humano. Os grupos de risco, por exemplo, apresentam maior chance de desenvolverem a forma grave da enfermidade, incluindo idosos, pessoas com imunossupressão, doenças cardíacas, pulmonares, entre outras. 

Pesquisas globais buscam explicar por que a gravidade da Covid-19 varia tanto entre as pessoas para tentar entender como o vírus invade o corpo e como se defende. Parte desses estudos considerava a hipótese de que os diferentes grupos sanguíneos poderiam ter papel relevante diante da enfermidade.  

Vários levantamentos foram realizados sobre o assunto em diferentes países, mas não houve um consenso entre a comunidade científica sobre a relação entre os diferentes tipos de sangue e questões-chave como a capacidade de infecção pelo vírus, o agravamento da enfermidade e o risco de óbito. 

“Não há nenhum consenso na comunidade científica em que haja uma capacidade maior de infecção ou de mortalidade em relação a um grupo sanguíneo. Portanto, esse fator não é relevante neste contexto. O que nossa equipe médica sempre observa para medir a taxa de gravidade e mortalidade de Covid-19 está relacionada ao Dímero D e a taxa de linfócitos. Quanto maior o dímero D e quanto menor a de linfócitos, maior o número de complicações. Entretanto, em relação a grupos sanguíneos não há uma orientação específica”, esclareceu o gerente médico do Hospital Badim, no Rio de Janeiro, Antonino Eduardo, em entrevista ao Portal de Notícias da PEBMED.

Leia também: A infecção pelo SARS-CoV-2 e a vacinação contra Covid-19 interferem na fertilidade do casal?

tipo sanguíneo

Dímero D 

Os quadros graves de Covid-19 devem ser avaliados para que os médicos compreendam a manifestação do vírus e a sua gravidade no organismo do paciente. E um dos exames necessários é a dosagem de dímero D, que serve para investigar eventuais coagulações sanguíneas. 

O dímero D (ou D-dímero) é um produto da degradação da fibrina. Trata-se de um marcador de que o organismo está em processo de produção e degradação elevada de fibrina, com coágulos pequenos sendo formados e destruídos em taxas elevadas. 

A sua dosagem é utilizada para ajudar no diagnóstico, afastando a hipótese de doenças ou quadros trombóticos. É importante em situações de distúrbios da hemostasia, como na trombose venosa, tromboembolismo pulmonar, sepse, entre outros. 

O procedimento é recomendado nos casos graves de Covid-19, com sintomas como febre alta, pneumonia ou dificuldade de respirar até porque os especialistas têm observado o desenvolvimento de anormalidades no sistema de coagulação sanguínea, especialmente nos casos de internação e naqueles que evoluem para uma pneumonia grave. 

Portanto, a dosagem de dímero D é fundamental na avaliação dos riscos dos pacientes, uma vez que valores elevados costumam estar associados a um prognóstico ruim e à alta taxa de mortalidade. 

Exatamente com base nisso, a International Society of Thrombosis (ISTH) recomenda o monitoramento dos níveis de dímero D, além do tempo de protrombina, fibrinogênio e contagem de plaquetas para determinar o prognóstico de pacientes com Covid-19 que necessitam de hospitalização. 

A dosagem de dímero D também está entre os itens da abordagem clínica inicial recomendada pelo Ministério da Saúde para os casos graves de Covid-19.

Referências bibliográficas:

  • Kim Y, Latz CA, DeCarlo CS, et al. Relationship between blood type and outcomes following COVID-19 infection. Semin Vasc Surg. 2021;34(3):125-131. doi:10.1053/j.semvascsurg.2021.05.005
  • Anderson JL, May HT, Knight S, et al. Association of Sociodemographic Factors and Blood Group Type With Risk of COVID-19 in a US Population. JAMA Netw Open. 2021;4(4):e217429. doi:10.1001/jamanetworkopen.2021.7429

  • Rodrigues RL, Roberti MDRF, Santos APA, et al. RELAÇÃO ENTRE OS GRUPOS SANGUÍNEOS E A COVID-19. Hematol Transfus Cell Ther. 2020;42:552-553. doi:10.1016/j.htct.2020.10.933
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