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Cirurgia20 fevereiro 2017

Você sabe estratificar o risco de complicações respiratórias no pós-operatório?

As complicações respiratórias pós-operatórias são muito comuns e ocorrem até 5-7 dias após a cirurgia, incluindo pneumonia, atelectasia, etc.

As complicações respiratórias pós-operatórias são muito comuns e, por definição, ocorrem até 5 a 7 dias após a cirurgia, incluindo pneumonia, atelectasia, derrame pleural, congestão, entre outros. Estudos recentes estimam a incidência de complicações respiratórias em 5 a 25% dos pacientes submetidos a cirurgias com anestesia geral, sendo mais comum nas cirurgias torácicas (até 30% das cirurgias cardíacas!!) e do andar superior do abdômen.

Os mecanismos fisiopatológicos mais comuns são a atelectasia e a restrição pela paralisia da musculatura respiratória. Para se ter uma ideia, o volume corrente é reduzido em até 60% e a capacidade residual funcional em 30%! Contudo, em estudo recente com uso de manobras de recrutamento e PEEP per-operatórios, não houve redução do risco de atelectasia sintomática após a cirurgia, mostrando que há outros mecanismos ainda não elucidados. Congestão por excesso de líquidos, aumento da permeabilidade da membrana alvéolo-capilar e efeito residual dos bloqueadores neuromusculares são potenciais fatores contribuidores para as complicações respiratórias.

Partindo para a abordagem prática, a tarefa do clínico é estratificar o risco do seu paciente e direcionar medidas preventivas àqueles de maior risco. Há vários escores disponíveis, sendo o ARISCAT (Canet) – veja no final do artigo – um dos mais utilizados. Ele é baseado em 7 variáveis: idade, saturação de oxigênio no pré-operatório, infecção respiratória no último mês, anemia, local da incisão cirúrgica, duração da cirurgia e se o procedimento é de emergência. O paciente é então classificado em três grupos, baseado na morbidade prevista:

  1. Baixo risco (1,6%)
  2. Risco intermediário (13.3%)
  3. Alto risco (42,1%)

Além dos escores de risco, algumas variáveis são sabidamente preditoras de complicações respiratórias em cirurgias não cardíacas:

Tipo Cirurgia*Cirurgia de emergência+65 anosDuração > 3h
ASA > 2Insuf. CardíacaAlbumina < 3 g/dlDPOC
Curarização prolongadaDependência funcional no dia a diaAnestesia geralpCO2 > 45 mmHg
Rx tórax alteradoTabagismo últimas 8 semanasUso SNGInfecção via aérea superior


*Tipo Cirurgia: andar superior abdômen, aneurisma aorta abdominal, torácica, neurocirurgia e cabeça e pescoço.

Escore ARISCAT (Canet)

escore ariscat
*Adaptado de Canet J, Gallart L, Gomar C, et al. Prediction of postoperative pulmonary complications in a population-based surgical cohort. Anesthesiology 2010; 113:1338

Agora que vocês sabem estratificar o risco do seu paciente, vamos mostrar no próximo artigo como reduzir a chance de complicações. Fique ligado!

Referências:

  • Claire J Ireland, Timothy M Chapman, Suneeth F Mathew, et al. Continuous positive airway pressure (CPAP) during the postoperative period for prevention of postoperative morbidity and mortality following major abdominal surgery. Cochrane Anaesthesia, Critical and Emergency Care Group, August 2014.
  • https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(14)60416-5/supplemental
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