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Cirurgia15 agosto 2025

Comparação entre cirurgia robótica e laparoscópica no reparo de hérnia inguinal

A cirurgia de hérnia inguinal tem sofrido alterações ao longo dos anos. Até o desenvolvimento de próteses, havia uma alta taxa de recorrência.
Por Felipe Victer

Apesar de inicialmente ter tido algum grau de repúdio, o tratamento da hérnia inguinal por vídeo é igualmente satisfatório, seja por cirurgia minimamente invasiva ou pela técnica convencional. Mesmo que a longo prazo não tenha diferenças significativas, a curto prazo os resultados são melhores, com menores índices de dor e mais rápido retorno às atividades de trabalho. 

Todo procedimento robótico na cirurgia abdominal cria-se uma expectativa que pode ser bastante superior à cirurgia laparoscópica e existem diversos artigos que versam sobre este tema com resultados interessantes.  

Um estudo recente, no entanto, teve por objetivo investigar a curva de aprendizado entre cirurgiões com diferentes graus de expertise cirúrgica, porém sem ter realizado o tratamento da hérnia inguinal minimamente invasiva.  

Materiais e métodos 

Estudo retrospectivo, entre janeiro de 2020 e setembro de 2024, que analisou as cirurgias TAPP (transabdominal pré-peritoneal), realizadas na instituição. Todas as cirurgias realizaram com bastante semelhança a técnica e uso de tela autofixante. Tanto no braço robótico, quanto no braço laparoscópico os cirurgiões possuíam experiência no uso da plataforma robótica ou laparoscópica, porém na sua maioria procedimentos coloproctologista. Os cirurgiões permaneceram no mesmo braço ao longo do estudo.   

Os desfechos de curva de aprendizado foram determinados de acordo com o tempo cirúrgico de cada procedimento, com uma soma cumulativa de tempo de cada procedimento, até se atingir um platô, que após era considerada a fase pós aprendizado.  

Resultados  

Ao total 462 procedimentos foram analisados análises sendo 245 (53%) procedimentos robóticos. A curva de aprendizado da TAPP laparoscópica foi de 39 procedimentos, enquanto a robótica foi de 29, indicando que a abordagem robótica alcança a proficiência mais rapidamente.  

Na fase pós-aprendizado, as taxas de complicações pós-operatórias foram semelhantes (7,5% [14/187] para robótico vs. 2,9% [3/103] para laparoscópica; p=0,126). No entanto, o tempo operatório mediano foi significativamente menor no grupo robótico (59 minutos) do que no grupo laparoscópico (65 minutos; p<0,0001). O primeiro passo cirúrgico (criação do retalho peritoneal) e o último (fechamento do retalho peritoneal) foram mais rápidos na robótica. 

Discussão 

Os achados deste estudo sugerem que a curva de aprendizado robótica é mais curta, o que pode ser atribuído à ergonomia e visualização superiores da plataforma. segurança pós-aprendizado é comparável entre as técnicas, o que é consistente com meta-análises recentes. A vantagem no tempo operatório da robótica na fase de pós-aprendizado (6 minutos) é um achado importante, embora o que isto significa em termos de custos não tenha sido avaliado. Importante notar que os achados deste estudo refletem achados de um grande centro com uso da plataforma robótica em diferentes especialidades que não pode ser diretamente transportado os achados para os centros de menor volume.  

Em conclusão, a TAPP robótica e laparoscópica são seguras e eficazes, mas a robótica oferece uma curva de aprendizado mais rápida e tempos operatórios ligeiramente menores na fase de proficiência. A escolha da técnica pode depender da preferência e experiência do cirurgião, bem como do contexto clínico. 

Para levar para casa 

Uma das dificuldades da cirurgia de TAPP é a ergonomia do cirurgião e da câmera, que frequentemente se esbarram no campo operatório “brigando” por um espaço mais adequado. Interessante notar que ao “resolver” essa questão ergonômica com o uso da plataforma robótica houve um aprendizado mais rápido. Interessante seria cruzar os participantes desse estudo para ver o aprendizado no braço oposto.  

Veja também: Hérnia por vídeo: vale a pena?

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Referências bibliográficas

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