Telas de alta gramatura são superiores no reparo laparoscópico de hérnias inguinais
O reparo de hérnias inguinais com auxílio de telas tem se tornado a abordagem de escolha, visto que reduz risco de recidivas.
O reparo de hérnias inguinais com auxílio de telas tem se tornado a abordagem de escolha, visto que reduz risco de recidivas. É importante ressaltar, todavia, que o uso dessas próteses pode elevar a incidência de dor pós-operatória e sensação de corpo estranho. Propriedades como elasticidade, porosidade, tipo de polímero utilizado e gramatura influenciam diretamente na performance das telas e, embora muitos estudos tenham comparado essas características, não há consenso sobre a tela ideal a ser aplicada no reparo de hérnias inguinais.
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Outro fator a ser considerado é a técnica de reparo utilizada, visto que abordagens videolaparoscópicas, como a transabdominal pré-peritoneal (TAPP) e a laparoscópica totalmente extraperitoneal (TEP), quando comparadas ao clássico reparo aberto pela técnica de lichtenstein têm mostrado resultados promissores em relação à dor pós-operatória e ao tempo de recuperação.
Estudo atual
Considerando o aumento do uso dessas técnicas de reparo minimamente invasivas, uma recente meta-análise objetivou avaliar qual a tela ideal a ser utilizada nesta abordagem. Para isso, o estudo comparou, entre telas de diferentes gramaturas, a que apresentou melhores resultados no reparo de hérnias inguinais, principalmente nas diretas e de grandes dimensões.
Foram avaliados 12 artigos que compararam telas de alta gramatura (TAG, > 70 g/m²) e telas de baixa gramatura (TBG, ≤ 50 g/m²) no reparo de hérnias inguinais não complicadas pela técnica laparoscópica. Do total de 2.909 pacientes, 1.490 foram abordados com TBG e 1.419 foram abordados com TAG. Os desfechos analisados foram taxa de recorrência, dor crônica e sensação de corpo estranho. O período de seguimento pós-operatório variou entre 3 e 60 meses.
Quanto aos resultados, observou-se que TBG aumentam o risco de recorrência herniária (TBG 32 casos vs TAG 13 casos de recidiva, RR: 2,21) principalmente no reparo de hérnias diretas sem fixação da tela (13 vs 1 para TBG e TAB, respectivamente, RR: 7,27) e em defeitos de grandes dimensões. Em relação ao desfecho dor pós-operatória, não houve diferença significativa em relação aos grupos avaliados (123 vs 127 para TBG e TAB, respectivamente, RR: 0,79). Também não houve diferença em relação à sensação de corpo estranho, visto que 100 pacientes com TBG e 103 com TAG apresentaram esse desfecho (RR: 0,94).
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Em resumo, as TAG se mostraram superiores no reparo laparoscópico de hérnias inguinais diretas ou de grandes dimensões, visto que reduzem a incidência de recorrência. Adicionalmente, TBG não mostraram benefício no reparo de hérnias indiretas.
Para Levar para Casa
Considerando a importante prevalência de hérnias inguinais e o aumento do uso de técnicas minimamente invasivas, a escolha da tela que reúna melhores resultados pós operatórios, menor custo e facilidade de manuseio é de elevada relevância para o cirurgião. Para hérnias inguinais diretas ou de grandes dimensões, as TAG têm menor risco de recidiva, além de apresentarem custo reduzido, o que favorece seu uso, principalmente em reparos laparoscópicos.
Referências bibliográficas:
- Bakker W, Aufenacker T, Boschman J, Burgmans J. Heavyweight Mesh Is Superior to Lightweight Mesh in Laparo-endoscopic Inguinal Hernia Repair. Annals of Surgery. 2020;273(5):890-899. doi: 10.1097/sla.0000000000003831
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