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Cirurgia2 junho 2021

Risco de transmissão de SARS-CoV-2 pela fumaça do eletrocautério

Surgiu a preocupação entre profissionais com a possibilidade de contágio por SARS-CoV-2 da equipe cirúrgica com o uso de eletrocautério.

Por Gabriela Queiroz

O vírus da Covid-19 já foi encontrado em diversos fluidos corporais como saliva, bile, fezes e sangue. Além disso sabe-se que ele é altamente transmissível via aerossol e permanece vivo e contagiante por até 3 horas em ar ambiente. Devido a isso surgiu a preocupação entre profissionais de saúde com a possibilidade de transmissão do SARS-CoV-2 para equipe cirúrgica com o uso de eletrocautério, formador de fumaça, durante a cirurgia, principalmente em cirurgias de locais altamente contaminados como região de nasofaringe, orofaringe, fossa posterior, base do crânio e parênquima pulmonar. Fora isso, também houve a preocupação de contaminação no caso de pacientes falsos negativos que porventura possam ser encaminhados a esses tipos de cirurgias. 

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Apesar do SARS-CoV-2 ser suscetível a altas temperaturas, normalmente acima de 70o °C, e a temperatura do eletrocautério chegar até 1200 °C, a inalação de pequenas partículas em pequenas quantidades já é suficiente para causar uma infecção grave dependendo da imunidade do paciente. 

Risco de transmissão de SARS-CoV-2 pela fumaça do eletrocautério

Método do estudo

Foi realizado um estudo na Lawson Health Research Institute para investigar a presença de vírus vivo na fumaça dos eletrocautérios. Esse estudo utilizou o eletrocautério em três módulos: corte monopolar, coagulação monopolar e módulo bipolar, durante um minuto em um tecido de peito de frango cru contaminado com sangue contendo tecido de cultura com 1 × 105,7/mL de SARS-CoV-2, carga viral similar a pacientes infectados com sintomas pulmonares. Durante o uso do  eletrocautério nos três módulos, foi coletado 1,7 ± 0,3 mL, 1,5 ± 0,1 mL e 1,0 ± 0,2 mL de líquido vaporizado durante os módulos corte monopolar, coagulação monopolar e bipolar respectivamente. Essa coleta foi realizada utilizando um Western AirScan acoplado a um filtro gelatinoso a fim de medir a quantidade de vírus aerolizado. 

Resultados 

Utilizando uma medida de titulação de crescimento celular foi observado que nenhuma quantidade de vírus foi encontrada em nenhum módulo de eletrocauterização. A ausência de vírus também foi confirmada pela ausência de carga viral na análise via PCR do vapor coletado do filtro. 

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Discussão 

Apesar do estudo ter sido realizado com uma carga viral alta impregnada no tecido em questão, não foi identificado SARS-CoV-2 em nenhum aerossol proveniente da fumaça derivada do uso do eletrocautério em todos os módulos estudados. Isso sugere que o vapor originário do bisturi elétrico em todos os modos de uso não contém partículas virais que possam contaminar a equipe envolvida no procedimento, não sendo portanto fonte de infecção para SARS-CoV-2.

Referências bibliográficas: 

  • Sowerby LJ, et al. Assessing the Risk of SARS-CoV-2 Transmission via Surgical Electrocautery Plume. JAMA Surg. 2021 May 21. doi:10.1001/jamasurg.2021.2591
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