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O termo cirurgia segura teve início com a campanha da Aliança Mundial de Segurança do paciente em 2010, com o tema: “Cirurgia Segura Salvam Vidas”; na verdade o objetivo maior da campanha é a conscientização dos profissionais, instituições e organizações políticas para a segurança do paciente no ambiente cirúrgico.
A campanha aborda 10 objetivos, são eles:
- A equipe operará o paciente certo e o local certo;
- A equipe usará métodos conhecidos para impedir danos na administração de anestésicos, enquanto protege o paciente da dor;
- A equipe reconhecerá e estará efetivamente preparada para perda de via aérea ou de função respiratória que ameacem a vida;
- A equipe reconhecerá e estará efetivamente preparada para o risco de grandes perdas sanguíneas;
- A equipe evitará a indução de reação adversa a drogas ou reação alérgica sabidamente de risco ao paciente;
- A equipe usará de maneira sistemática, métodos conhecidos para minimizar o risco de infecção do sítio cirúrgico;
- A equipe impedirá a retenção inadvertida de compressas ou instrumentos nas feridas cirúrgicas;
- A equipe manterá seguros e identificará precisamente todos os espécimes cirúrgicos;
- A equipe se comunicará efetivamente e trocará informações críticas para a condução segura da operação;
- Os hospitais e os sistemas de saúde pública estabelecerão vigilância de rotina sobre a capacidade, volume e resultados cirúrgicos.
Além dos objetivos citados acima, a campanha também recomenda a implementação do checklist em sala operatória; para detectar algum evento adverso antes de iniciar a anestesia, antes de iniciar o procedimento e antes do paciente sair da sala operatória.
Agora chegamos a pergunta tema, o que o centro de material e esterilização (CME) tem em comum com a cirurgia segura, se não está contido nos 10 objetivos? Quando citado no objetivo nº6 que “a equipe deve minimizar o risco de infecção no sítio cirúrgico”, é o ponto onde o CME se encaixa perfeitamente na segurança do paciente no ambiente cirúrgico.
O CME é a unidade funcional destinada ao processamento de produtos para saúde dos serviços de saúde; ou seja o local onde se executam as respectivas tarefas:
- Recepção de produtos para saúde (PPS) sujo e/ou contaminado;
- Limpeza dos PPS;
- Secagem dos PPS;
- Preparo dos PPS;
- Esterilização dos PPS;
- Guarda, armazena e distribui os PPS para toda a instituição.
Para realizar todas essas tarefas com qualidade e segurança, precisamos comprovar antes da distribuição dos PPS estéreis, ou seja, antes do seu uso a esterilidade dos PPS que serão usados nos procedimentos cirúrgicos.
Partindo do pressuposto “o que não está limpo não está estéril”, nossas comprovações começam no momento da limpeza dos PPS e vão até o momento da distribuição. Efetuamos alguns testes e obedecemos algumas recomendações de boas práticas para mostrar a lisura no processamento dos PPS; todos devidamente registrados.
– Validação e qualificação das autoclaves e demais esterilizadoras, no mínimo anual;
– Qualificação das lavadoras, termodesinfetadoras, secadoras, seladoras, steamer, termohigrômetros e demais aparelhos utilizados no CME, também mínimo anual;
– Monitoramento do funcionamento adequado, segundo qualificação das lavadoras;
– Realização de monitoramento da limpeza, realizado após a limpeza dos PPS podendo ser medido a quantidade de ATP nos produtos para saúde e/ou testes que monitoram a carga proteica nos PPS, já encontramos no mercado testes muito sensíveis que captam a partir de três microgramas;
– Peso dos PPS a serem processados não deve ultrapassar 11,300Kg por caixa;
– Escolha do Sistema de Barreira correto para cada tipo de esterilização;
– Monitoramento da selagem, nos Sistemas de Barreira que necessitam selagem;
– Monitoramento do ciclo da autoclave, que inicia com o teste Bowie & Dick (todos os dias antes da primeira carga do dia), Indicador Biológico em pacote teste desafio (todos os dias na primeira carga do dia) e pacote teste desafio para as cargas subsequentes (em todas as outras cargas realizadas).
O integrador e/ou emulador que encontra-se nos PPS críticos são adicionados ao prontuário do paciente, na SO, no momento de abertura de todos os PPS utilizados naquele procedimento cirúrgico.
Concluímos com isso que ao comprovar todo o processamento dos PPS e sua esterilidade, estamos garantindo a segurança do paciente no ambiente cirúrgico, minimizando assim um dos possíveis riscos de infecção do sítio cirúrgico, como nos aconselha o manual da campanha de cirurgia segura.
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