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Ortopedia11 junho 2024

Pacientes com fratura de fêmur e demência devem ser operados? 

Estudo investigou os resultados do tratamento cirúrgico de fratura em comparação com tratamento não cirúrgico em pessoas com demência

A fratura de fêmur em idosos é extremamente prevalente e tem a cirurgia como principal tratamento. Em pacientes demenciados, a cirurgia parece gerar piores resultados principalmente nos que residem em casas de repouso conforme já avaliado em estudos anteriores. Foi publicado no último mês no Journal of the American Medical Association um estudo com o objetivo de examinar os resultados da cirurgia comparado com o tratamento não cirúrgico de fratura de quadril entre pessoas com demência que vivem na comunidade. 

Pacientes com fratura de fêmur e demência

Imagem de kjpargeter/freepik

O estudo 

O estudo foi transversal retrospectivo e usou uma base de dados norte-americana com fraturas de fêmur em pacientes com demência entre janeiro de 2017 e junho de 2018 categorizando as fraturas em 4 tipos: colo e cabeça, transtrocantérica, subtrocantérica e múltiplas. O desfecho primário estudado foi mortalidade em 30, 90 e 180 dias e os desfechos secundários consistiram em serviços de cuidados pós-agudos selecionados.  

Dos 56.209 pacientes identificados com fratura de quadril (73,0% mulheres; idade média [DP], 86,4 [7,0] anos), 33.142 (59,0%) foram tratados cirurgicamente e 23.067 (41,0%) foram tratados não cirurgicamente. Entre os pacientes tratados cirurgicamente, 73,3% tiveram fratura da cabeça e colo do fêmur e 40,2% tiveram demência moderada a grave (MSD). Entre os pacientes com demência de moderada a grave e fratura da cabeça e colo do fêmur, a mortalidade em 180 dias foi de 31,8% (tratamento cirúrgico) versus 45,7% (tratamento não cirúrgico).  

Leia mais: Qual a incidência de artroplastia total de joelho pós-artroscopia na osteoartrose?

Para pacientes com demência de moderada a grave e fratura de fêmur tratada cirurgicamente versus não cirurgicamente, a razão de chances (OR) não ajustada de mortalidade em 180 dias foi 0,56 (IC 95%, 0,49-0,62; P < 0,001) e o OR ajustado foi 0,59 (IC 95%, 0,53-0,66; P < 0,001).   

Entre os pacientes com demência leve e fratura da cabeça e colo do fêmur, a mortalidade em 180 dias foi 26,5% (tratamento cirúrgico) vs 34,9% (tratamento não cirúrgico). Já para pacientes com demência leve que foram tratados cirurgicamente versus não cirurgicamente para fratura da cabeça e colo do fêmur, a OR não ajustada de mortalidade em 180 dias foi de 0,67 (IC 95%, 0,60-0,76; P < 0,001) e o OR ajustado foi de 0,71 (IC 95%, 0,63-0,79; P < 0,001). Para pacientes com fratura da cabeça e colo do fêmur, não houve diferença na admissão em uma casa de repouso dentro de 180 dias, quando tratada cirurgicamente ou não cirurgicamente.  

Conclusão 

No estudo, pacientes comunitários com demência tratados cirurgicamente experimentaram menores chances de morte em comparação com pacientes tratados não cirurgicamente. Esses dados podem ajudar a informar discussões sobre valores e objetivos com esse tipo de paciente e cuidadores ao determinar a abordagem de tratamento ideal.

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Referências bibliográficas

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