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Cirurgia8 julho 2024

O que usar no preparo cirúrgico da pele: gluconato de clorexidina ou iodopovidona?

Estudo clínico comparou a incidência de infecção de sítio cirúrgico no preparo da pele com as duas soluções antissépticas

Infecção de sítio cirúrgico (ISC) é definida como a que ocorre na incisão ou em tecidos manipulados durante o procedimento em até 30 dias ou 1 ano após abordagens sem ou com implantes, respectivamente. É uma das complicações cirúrgicas mais comuns, incidindo em até 3% dos casos e elevando consideravelmente a morbidade dos procedimentos. Por isso, a adoção de medidas que previnam ISC como antissepsia adequada da pele na cirurgia tem potencial de reduzir intercorrências e, consequentemente, melhorar o desfecho cirúrgico.  

O preparo da pele intacta nas abordagens é realizado com soluções à base de álcool como gluconato de clorexidina (GCL) ou iodopovidona (IOP) pelo efeito bacteriostático prolongado desses componentes na pele. Embora instituições como a Organização Mundial de Saúde (OMS) indiquem uso preferencial de GCL, a superioridade desse agente não é consensual, suscitando o questionamento: a antissepsia pré-operatória da pele com GCL realmente é melhor que IOP para prevenção de ISC após cirurgias abdominais e cardíacas?  

O que usar no preparo cirúrgico da pele: gluconato de clorexidina ou iodopovidona ?

Imagem de freepik

Estudo: preparo e infecção de sítio cirúrgico

Foi buscando responder essa questão que um estudo clínico de não inferioridade incluiu 3.360 pacientes submetidos a cirurgias eletivas cardíacas ou abdominais, comparando a incidência de ISC no preparo da pele com as duas soluções antissépticas em questão. A forma de aplicação (3 aplicações uniformemente seriadas com auxílio de gaze e tempo de exposição mínimo de 3 minutos) e o período para avaliação da incidência de ISC (30 dias e 1 ano em cirurgias abdominais e cardíacas, respectivamente) foram padronizados. A amostra foi randomizada nos grupos IOP (N 1.570/1.011 cirurgias cardíacas e 559 abdominais) e GCL (N 1.751/1.155 e 596 cardíacas e abdominais, respectivamente) com semelhança estatística entre os grupos em suas características epidemiológicas (idade média de 65 anos, sendo 33% do sexo feminino) e tempo de permanência hospitalar.   

Resultados 

A incidência de ISC foi 5,1% (N 80) e 5,5% (N 97) no grupo IOP e GCL, respectivamente, sem diferença estatisticamente significante (diferença de 0,4%, não excedendo a margem de não-inferioridade de 2,5%). Nos pacientes submetidos a cirurgias cardíacas a incidência de ICS foi maior no grupo IOP (4,2% vs 3,3%; RR 1,26), mas inferior nos pós-operatórios de cirurgias abdominais (6,8% vs 9,9%; RR 0,69). Quando estratificada a ISC por profundidade (incisional superficial, profunda e relacionada a órgãos) não houve diferença de incidência entre os grupos.   

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Conclusão 

O uso de IOP no preparo de pele em cirurgias abdominais e cardíacas não se mostrou inferior ao GCL no controle de ISC. Contextualizando o presente resultado em nossa realidade nacional, é importante agregar outros fatores que podem influenciar diretamente a efetividade de tais agentes como o tipo de cirurgia, a produção e pureza das soluções, a sistematização de sua aplicação e associação de medidas adicionais que otimizem controle de ISC. Essas estratégias, em conjunto, tornam efetiva a prevenção de infecção de sítio cirúrgico (ISC), reduzindo morbimortalidade pós-operatória. 

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Referências bibliográficas

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