A cirurgia laparoscópica tem ganhado cada vez mais espaço em relação à cirurgia convencional por garantir um acesso minimamente invasivo.
Esse acesso promove menor tempo de hospitalização, maior conforto para o paciente, reduzindo a dor e permitindo sua recuperação pós-operatória e retorno às atividades mais precoces.
Há pelo menos quatro formas de promover o acesso laparoscópico: inserção direta da cavidade; punção com agulha de Veress; técnica de Hasson e inserção direta do trocarte óptico. Mas será que tem vantagem em relação à uma técnica sobre a outra?
Um estudo recente teve por objetivo comparar a efetividade e a segurança entre as técnicas de acesso laparoscópico inserção direta versus punção com agulha de Veress.

Métodos
Estudo prospectivo, randomizado, comparativo, com 200 pacientes do sexo feminino entre 18 e 70 anos submetidas a procedimentos ginecológicos benignos por videolaparoscopia em centros terciários e randomizadas em 2 grupos.
A idade média e o índice de massa corpórea (IMC) foram semelhantes entre os grupos. A análise estatística foi realizada através dos testes qui-quadrado de Pearson, teste exato de Fisher e teste t independente, com valor de p <0,05 estatisticamente significativo.
Resultados
Após análises estatísticas, foram comparadas inúmeras variáveis entre a técnica de inserção direta na cavidade e a punção com agulha de Veress respectivamente. O tempo médio de acesso à cavidade abdominal (151,96 minutos vs 295,56 min; p < 0,001); a média de redução do valor da hemoglobina (1,12 vs 1,45; p = 0,002) e a média de dias de hospitalização (2,15 vs 2,71; p < 0,001) foram significativamente menores no grupo inserção direta na cavidade. Analisando ainda a duração do procedimento, o grupo inserção direta na cavidade apresentou um tempo menor em relação ao grupo punção com agulha de Veress (p < 0,001). Em relação ao número de complicações pós-operatórias, que correspondeu ao total de 7 dos 200 casos, o grupo punção com agulha de Veress apresentou 6 dessas complicações, porém não houve relevância estatística (p = 1,000).
Conclusão:
Após este estudo realizado, conclui-se que o acesso laparoscópico através da entrada direta do trocarte apresenta melhores resultados e eficácia em relação à punção por agulha de Veress, obtendo um tempo de entrada na cavidade rápido, com menor taxa de diminuição de hemoglobina média e redução do tempo de procedimento e hospitalização.
Mensagem prática:
1 – Cirurgia laparoscópica é um acesso minimamente invasivo que promove recuperação rápida e menor tempo de hospitalização ao paciente, comparada à cirurgia aberta (convencional).
2 – O acesso cirúrgico laparoscópico, através da entrada direta do trocarte, apresenta menor tempo de entrada na cavidade abdominal, menor taxa de diminuição de hemoglobina média e reduz tempo de procedimento e hospitalização, em comparação com o acesso laparoscópico através da punção com agulha de Veress.
Veja mais: Eficácia da cirurgia robótica versus laparoscópica e aberta – Portal Afya
Autoria

Rodolfo Kalil de Novaes Santos
Graduado em Medicina pelo Instituto Metropolitano de Ensino Superior (IMES), em Ipatinga (MG), no ano de 2017. Residência Médica em Cirurgia Geral no ano de 2020 pela Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte (MG) e Residência Médica em Cirurgia do Aparelho Digestivo no ano de 2024 pelo Hospital Governador Israel Pinheiro - IPSEMG. • Cirurgião geral na Casa de Caridade Hospital São Paulo; Casa de Saúde Santa Lúcia e Prontocor. Docente da disciplina de anatomia II da Faculdade de Minas (FAMINAS) de Muriaé (MG).
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