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Cirurgia28 março 2022

Médicos americanos fazem transplante duplo inédito com técnica para evitar rejeição

Médicos anunciaram a realização de um transplante duplo inédito em um bebê utilizando uma técnica de tolerância imunológica.

Por Úrsula Neves

Os médicos da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, anunciaram a realização de um transplante duplo inédito em um bebê utilizando uma técnica de tolerância imunológica para ajudar a evitar a rejeição dos órgãos.

O bebê Easton Sinnamon, de Asheboro, Carolina do Norte, tinha apenas seis meses quando recebeu um transplante de coração e timo. Seis meses após a cirurgia, os exames mostram que o tecido do timo está construindo novas células T, que funcionam bem. Recentemente, o pequeno paciente comemorou seu primeiro aniversário de vida.

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Médicos americanos fazem transplante duplo inédito com técnica para evitar rejeição

Cirurgia inédita

Esse pequeno e achatado órgão, em forma de borboleta, localizado entre os pulmões, atrás do osso esterno e na frente do coração, desempenha um papel fundamental na construção do sistema imunológico, sendo responsável pela maturação dos linfócitos T.

O pequeno Easton foi o candidato ideal ao transplante experimental porque nasceu com dois problemas cardíacos que, mesmo com cirurgias logo após o nascimento, não puderam ser corrigidos. Além disso, ele teve infecções recorrentes e precisou passar os primeiros sete meses de vida no hospital da universidade.

Os médicos solicitaram ao FDA para realizar um tipo experimental de transplante que não havia sido feito em combinação antes, até onde eles sabiam.

Como Easton precisava de um novo coração e, de forma independente, de uma nova glândula timo, o FDA concedeu aprovação para os procedimentos que aconteceram em agosto de 2021, quando o bebê tinha seis meses.

Potencial revolucionário

Segundo os médicos da instituição, o transplante duplo realizado tem potencial de revolucionar os transplantes de órgãos sólidos, vindos do mesmo doador.

A expectativa é que o timo estabeleça o sistema imunológico do doador como se fosse o do receptor, evitando a rejeição do órgão.

A pesquisa com o método de tolerância imunológica em transplantes ainda está em estágio inicial. A abordagem se mostrou promissora em experimentos com animais, mas não havia sido testada ainda em um receptor humano de órgão vivo.

No futuro, a equipe médica pretende fazer com que o pequeno paciente não precise mais receber as drogas imunossupressoras.

“Se essa abordagem se tornar eficaz, significa que os receptores de transplante não rejeitam o órgão doado e também que o paciente não precisaria se submeter a tratamento com medicamentos de imunossupressão de longo prazo, que podem ser altamente tóxicos, principalmente para os rins. Esse conceito de tolerância sempre foi o Santo Graal no transplante, e agora estamos prestes a entendê-lo”, explicou o médico.

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Caso funcione, o procedimento pode ser tentado com transplantes de outros órgãos. No caso do coração, por exemplo, os que são transplantados costumam ter uma vida útil média de 10 a 15 anos, com a durabilidade limitada pela toxicidade dos medicamentos imunossupressores.

“Se isso puder ser extrapolado para pacientes que já têm um timo funcional, poderia permitir que eles reestruturassem seus sistemas imunológicos para aceitar órgãos transplantados com substancialmente menos dependência de medicamentos para evitar a rejeição. O método de processamento utilizado para o tecido do timo parece ser crítico e de grande interesse”, declarou Allan Kirk, presidente do Departamento de Cirurgia de Duke.

“Estamos trabalhando com urgência para avançar na pesquisa e desenvolvimento para todas as crianças que precisam de transplantes cardíacos”, destacou a diretora-executiva da Enzyvant, Rachelle Jacques, uma empresa aceleradora de medicina regenerativa.

Assista ao vídeo produzido pelos médicos da Universidade de Duke.

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