Linfoma folicular: Relação entre contagem de linfócitos e monócitos e valor prognóstico
O linfoma folicular é o subtipo mais comum de linfoma não Hodgkin indolente. Um novo estudo analisou formas de avaliar seu prognóstico.
O linfoma folicular é o subtipo mais comum de linfoma não Hodgkin indolente. A indicação e escolha do tratamento dependem da sintomatologia e do estadiamento da doença. Alguns casos apesentam-se com massas linfonodais que causam compressão de estruturas adjacentes, e outros evoluem com transformação histológica para subtipo agressivo (síndrome de Richter).
Utiliza-se o escore FLIPI (Follicular Lymphoma International Prognostic Index) para avaliação prognóstica dos pacientes, que considera idade, estadiamento, valor de hemoglobina, número de áreas linfonodais envolvidas e valor de LDH.
No entanto, a investigação de outros fatores que possam interferir no comportamento da doença é importante para que seja instituída uma terapia baseada na estratificação de risco de cada indivíduo, evitando-se assim toxicidades desnecessárias em pacientes de baixo risco e intensificando-se as respostas nos casos de alto risco.
Recente estudo espanhol analisou a razão linfócitos/monócitos no linfoma folicular, a fim de avaliar seu impacto prognóstico na doença. Publicações anteriores já haviam relatado a associação entre menor razão linfócitos/monócitos e menor sobrevida livre de progressão nesse subtipo de linfoma, porém sem evidência de impacto na sobrevida global.
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Linfoma folicular
O microambiente tumoral, composto por linfócitos normais e macrófagos, é fundamental para o desenvolvimento e a progressão da doença. Acredita-se que citocinas estimulem a proliferação de monócitos, o que interfere na resposta imunológica antitumoral, contribuindo para o avanço da neoplasia. Dessa forma, a contagem sérica de linfócitos e monócitos poderia representar uma ferramenta de avaliação indireta do crescimento tumoral.
Os autores espanhóis observaram as características clínico-laboratoriais de 384 pacientes com diagnóstico de linfoma folicular, em uma única instituição, entre 2000 e 2018. Uma razão linfócitos/ monócitos ≤ 2,5 foi evidenciada em 20% dos casos, e notou-se que tais indivíduos apresentavam idade mais avançada, performance status pior, maior carga tumoral e alto risco pelo FLIPI.
Consequentemente, a taxa de resposta completa e a sobrevida livre de progressão foram menores nesse grupo de pacientes. Valores mais baixos da razão foram ainda associados a maior incidência de transformação histológica e de neoplasias secundárias.
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Grande diferença na sobrevida global em 10 anos também foi percebida: 35% quando razão ≤ 2,5 x 78% quando razão > 2,5. Tal diferença foi mantida mesmo na avaliação de pacientes menores que 60 anos, mostrando que o resultado foi independente da idade. Além disso, óbito por progressão de doença foi mais comum nos indivíduos com a razão menor.
Resultados e conclusões
Os resultados corroboram a hipótese de que baixa razão linfócitos/monócitos associa-se à resposta imunológica antitumoral prejudicada e à maior progressão tumoral. A taxa de controle da doença com tratamento também tende a ser menor nesse cenário, visto que o rituximabe, anticorpo monoclonal anti-CD20 amplamente utilizado no tratamento de linfomas não Hodgkin, depende dos linfócitos para exercer seu efeito (baixas contagens de linfócitos acabam comprometendo a eficácia da imunoterapia).
Vale ressaltar a necessidade de estudo prospectivo, com maior número de participantes, para comprovar o impacto da razão linfócitos/monócitos no desfecho e estabelecer seu papel na estratificação de risco dos pacientes com linfoma folicular.
Referência bibliográfica:
- Mozas, Pablo, et al. “A low lymphocyte-to-monocyte ratio is an independent predictor of poorer survival and higher risk of histological transformation in follicular lymphoma.” Leukemia & Lymphoma (2020): 1-8
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