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Cirurgia1 novembro 2019

Mamas tuberosas: o que é e qual cirurgia é indicada?

As mamas tuberosas são uma rara alteração mamária que acomete mulheres jovens, uni ou bilateralmente. Sua incidência e prevalência exatas são desconhecidas.

Por André Mattos

A deformidade tuberosa da mama (mamas tuberosas) é uma rara alteração mamária, que acomete mulheres jovens, uni ou bilateralmente. Sua incidência e prevalência exatas são desconhecidas. Foi primeiramente descrita por Rees e Aston, em 1976. A deformidade recebeu essa denominação pela semelhança com raízes de plantas tuberosas.

Embriologicamente, a mama inicia seu desenvolvimento na quinta semana de vida intrauterina, a partir do ectoderma. Entre 10 semanas e 14 semanas, os brotos mamários da região torácica são envolvidos por uma lâmina de tecido mesodérmico, denominada fáscia superficial. O crescimento tanto glandular como areolopapilar é completo na puberdade e a fáscia superficial é a principal estrutura responsável pela conformação cônica das mamas.

mão com luva cirúrgica segurando bisturi para cirurgia de correção de mamas tuberosas

Mamas tuberosas: como identificar?

A formação de mamas tuberosas decorre da inexistência da lâmina superior da fáscia superficial ao redor do complexo areolopapilar e de seu espessamento com formação de um anel fibroso na região periareolar.

Em decorrência disso, o desenvolvimento mamário é alterado, com pseudo-herniação do parênquima pelo complexo areolopapilar e alargamento dessa estrutura, além de redução dos diâmetros horizontal e vertical, com constrição da base da mama. Há hipoplasia do parênquima mamário, principalmente nos quadrantes inferiores, e elevação do sulco inframamário.

Veja também: Como é a abordagem da ginecomastia?

Todas essas alterações alteram a conformação das mamas, que adquirem aspecto tubular, ao invés do aspecto cônico natural.

Classificação

Várias classificações dessa patologia foram propostas. Em 1996, von Heimburg e cols. classificaram essa patologia em quatro tipos. A classificação mais comum é a de Grolleau e cols., que inclui três tipos de mamas tubulares. Em 2013, Costagliola e cols. modificaram a classificação de Grolleau e cols. E incluíram o tipo 0, caracterizado por protrusão hernial isolada da aréola e base mamária normal. Kolker e Collins classificaram as deformidades da mama tuberosa e descreveram as técnicas de tratamento para cada indivíduo.

A classificação de Grolleau et al. descreve três tipos de deformidade da mama tuberosa:

  • Tipo I: caracteriza-se por hipoplasia do quadrante inferior medial, constituindo o tipo mais comum, presente em 54% dos casos;
  • tipo II: ambos os quadrantes inferiores são hipoplásicos, constituindo 26% dos casos;
  • tipo III: caracteriza-se por constrição grave, com base mínima de mama e deficiência aparente de todos os quadrantes da mama, constituindo a minoria, presente em 20% dos casos.

Em nossa prática clínica e cirúrgica, observamos que pacientes com mamas tuberosas manifestavam, além das características acima, alterações na pele, parênquima, fáscia e vascular. De fato, em nossa experiência cirúrgica com seios tuberosos, nunca encontramos constrição de fáscia em forma de anel. Essas alterações parecem envolver quase todo o estroma mamário e não apenas a fáscia, tornando a mama tuberosa uma malformação complexa.

A deformidade tubular causa grande desconforto psicológico aos pacientes e é mais desafiador para os cirurgiões plásticos corrigirem.

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Cirurgia de correção das mamas tuberosas

Segundo Javier Orozco-Torres, pacientes com mama tubular tipo II foram submetidas à correção clínica com mais frequência (54,76%) do que pacientes com mama tubular tipo I ou III.

Geralmente, o tratamento de uma mama tubular tipo II inclui a liberação da base contraída; correção de ptose, hérnia de aréola e assimetria preexistente; e restaurar uma forma normal da mama.

Técnicas cirúrgicas que utilizam implantes e que não utilizam implantes foram descritas, refletindo os desafios reconstrutivos associados a essa deformidade.

Em 1976, a abordagem cirúrgica de mamas tuberosas iniciou-se com Rees e Aston, por meio de técnica que emprega incisões radiadas no parênquima mamário para liberação do anel fibroso e correção da forma e disposição da mama, através de um acesso pelo sulco inframamário.

Ribeiro et al. descreveram técnica que utiliza abordagem periareolar exclusiva, com incisão horizontal no parênquima, e confecção de pedículo de base inferior, com ressecção dos prolongamentos medial e lateral e fixação do mesmo na parede torácica, dobrado sobre si mesmo. Essa técnica possibilita a correção da conformação das mamas, com preenchimento dos quadrantes inferiores hipoplásicos.

O método mais popular é o sugerido por Mandrekas et al. Nesta técnica, após dissecções pré-peitorais , o anel constritivo da mama tubular é liberado, criando assim 2 pilares na parte inferior da mama. Os pilares são então reaproximados para adicionar volume ao polo inferior. Em pacientes com mamas pequenas, o uso de implantes deve ser considerado.

Cada caso é um desafio terapêutico pela diferença de apresentação dessa deformidade nas pacientes.

Abaixo mostramos um caso tratado exclusivamente com implantes mamários. O tratamento deve ser individualizado para se obter o melhor resultado possível.

Referências bibliográficas:

  • Rees TD, Aston SJ. The tuberous breast. Clin Plast Surg. 1976;3:339–347.
  • Shiffman MA. Breast augmentation: principles and practice. In: DeLuca-Pytell D, Piazza RC, Holding JC, et al., editors. In: The Incidence of Tuberous Breast Deformity in Asymmetric and Symmetric Mammoplasty Patients. Berlin, Heidelberg: Springer-Verlag; 2009. pp. 302–306.
  • von Heimburg D, Exner K, Kruft S, et al. The tuberous breast deformity: classification and treatment. Br J Plast Surg. 1996;49:339–345.
  • Grolleau JL, Lanfrey E, Lavigne B, et al. Breast base anomalies: treatment strategy for tuberous breasts, minor deformities, and asymmetry. Plast Reconstr Surg. 1999;104:2040–2048.
  • Costagliola M, Atiyeh B, Rampillon F. Tuberous breast: revised classification and a new hypothesis for its development. Aesthetic Plast Surg. 2013;37:896–903.
  • Kolker AR, Collins MS. Tuberous breast deformity: classification and treatment strategy for improving consistency in aesthetic correction. Plast Reconstr Surg. 2015;135:73–86.
  • Oroz-Torres J, Pelay-Ruata MJ, Escolán-Gonzalvo N, et al. Correction of tuberous breasts using the unfolded subareolar gland flap. Aesthetic Plast Surg. 2014;38:692–703.
  • Ribeiro L, Canzi W, Buss A, Jr, et al. Tuberous breast: a new approach. Plast Reconstr Surg. 1998;101:42–50; discussion 51.
  • Puckett CL, Concannon MJ. Augmenting the narrow-based breast: the unfurling technique to prevent the double-bubble deformity. Aesthetic Plast Surg. 1990;14:15–19.
  • Mandrekas AD, Zambacos GJ, Anastasopoulos A, et al. Aesthetic reconstruction of the tuberous breast deformity. Plast Reconstr Surg. 2003;112:1099–1108; discussion 1109.
  • Tonnard P, Verpaele A, Peeters G, et al. Nanofat grafting: basic research and clinical applications. Plast Reconstr Surg. 2013;132:1017–1026.
  • Shiffman MA. Breast augmentation: principles and practice. In: Mandrekas AD, Zambacos GJ, editors. In: Aesthetic Reconstruction of the Tuberous Breast Deformity. Berlin, Heidelberg: Springer-Verlag; 2009. pp. 307–319.
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