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Cirurgia24 janeiro 2021

Infecções ortopédicas: precisamos trocar a lâmina de bisturi após a incisão de pele?

A prevenção de infecções ortopédicas é um assunto muito abordado. Um estudo avaliou a troca de bisturi nessas cirurgias, veja os resultados.

Por Rafael Erthal

A prevenção de infecções ortopédicas é um assunto constantemente abordado em estudos científicos. Algumas estratégias, entretanto, são polêmicas e carecem de informações convincentes.

No acesso cirúrgico, muitos cirurgiões trocam a lâmina do bisturi após incisão da pele para evitar a contaminação dos tecidos profundos por bactérias presentes na pele. Esta prática é muito controversa e existem estudos com resultados diferentes sobre a eficácia desta medida.

Recentemente, um artigo publicado em uma revista de grande impacto no meio ortopédico relata um desenho de estudo prospectivo observacional capaz de comparar diretamente a taxa de contaminação de uma lâmina de bisturi utilizada para o corte da pele com uma lâmina de controle. Alguns estudos anteriores abordaram este tema, entretanto as lâminas eram comparadas em momentos diferentes, sendo assim expostas a riscos de contaminação distintos.

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mão de cirurgião segurando bisturi que será trocado devido a infecções ortopédicas

Estudo sobre infecções ortopédicas

O estudo foi realizado em um hospital ortopédico de grande volume (Riddle Memorial Hospital, Pensilvânia, Estados Unidos). Duas lâminas foram abertas no início de cada caso cirúrgico e permaneceram na mesa de instrumentação até serem usadas para o procedimento. Uma lâmina foi usada pelo cirurgião para a incisão na pele. Assim que a incisão foi concluída, uma cultura foi obtida pressionando ambos os lados da mesma em uma placa de cultura própria para detecção de microrganismos.

Foram avaliadas 344 lâminas imediatamente após a incisão na pele durante cirurgias de artroplastia total do quadril, artroplastia total do joelho, cirurgias da coluna lombar e cervical. Ao mesmo tempo, 344 lâminas de controle foram culturadas. Os procedimentos de antissepsia e o preparo dos campos cirúrgicos foi padronizado para todos os casos seguindo os protocolos da instituição e a preferência das equipes cirúrgicas.

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Resultados

Como resultado das análises, 35 (5,1%) das 688 amostras tiveram um resultado positivo nas culturas obtidas. Nenhuma diferença foi observada na taxa de culturas positivas para as lâminas utilizadas para a pele ( 4,9%) e as lâminas de controle (5,2%). Discriminando os resultados de acordo com o tipo de cirurgia, diferenças também não foram encontradas.

Não foram observadas diferenças em relação à solução utilizada para a preparação da pele (Duraprep vs ChloraPrep), ordem do caso, tempo de troca de sala, tempo entre a entrada em sala e a incisão.

Conclusão

Este estudo confirma que uma pequena taxa de contaminação das lâminas de bisturi existe, mas isso afetou de maneira semelhante tanto as lâminas de pele quanto as lâminas controle. O estudo não encontrou nenhuma evidência para apoiar a teórica vantagem de mudar a lâmina de bisturi após fazer a incisão na pele para evitar contaminação.

Referência bibliográfica:

  • Smith EB, Russo KA, Maltenfort MG, Sharkey PF, Rihn J. After Incision, the Skin Knife Blade Is No More Contaminated Than a Fresh Knife Blade. J Am Acad Orthop Surg. 2021 Jan 15;29(2)

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