O carcinoma adrenocortical é um tumor maligno raro e agressivo que acomete o córtex da adrenal e tem distribuição bimodal atingindo indivíduos com idade inferior a 5 anos e entre as 5º e 6ª décadas de vida. Estima-se uma incidência mundial de cerca de 1.000.000 de pessoas ao ano.
Por ser um tumor extremamente raro, estudos direcionados ao desenvolvimento de tratamento desse tipo de câncer são limitados pela baixa amostra populacional. O desenvolvimento de exames de imagem, principalmente a tomografia computadorizada (TC) permitiu maior índice de diagnóstico. Recentemente, estudos estão identificando fatores associados ao pior prognóstico e os carcinomas secretores de hormônio, principalmente corticosteroides, estão associados ao prognóstico mais desfavorável.
Métodos
Uma meta-análise recentemente publicada avaliou o impacto dos carcinomas adrenocorticais secretores de hormônios na sobrevida global e sobrevida livre de doença. O estudo conduzido por Nastos C. et al. analisou 20 artigos que avaliaram o impacto desses tumores comparados a carcinomas de adrenocortical não secretores, englobando um total de 4.483 pacientes.
Adenoma ou carcinoma?
O aumento e a melhoria da qualidade das TCs permitiram o aumento do diagnóstico de carcinomas e dos adenomas, em grande parte chamados de “incidentaloma”. Essas últimas são lesões benignas, geralmente menores do que 4 cm, de contornos regulares, densidade ≤ 10 HU e com wash out na TC mais rápido (normalmente mais de 60% em 10 minutos).
Por sua vez, os carcinomas adrenocorticais são lesões grandes, geralmente maiores do que 6 cm, de contornos irregulares, densidade > 10 HUs e wash out lento (menos de 60% em 10 minutos). A avaliação bioquímica com dosagem de hormônios é fundamental. A diferenciação entre adenoma e carcinoma por exames de imagem e bioquímica é essencial, uma vez que não há indicação de biópsia devido aos riscos associados ao carcinoma adrenocortical.
Análise da sobrevida associada a tumores secretores
O estudo conduzido por Nastos C. et al, apontou os carcinomas adrenocorticais secretores de hormônio como preditores de baixo prognóstico. Dos 4.483 pacientes envolvidos na meta-análise, 48% apresentavam carcinoma secretor. Esses pacientes apresentaram pior sobrevida global (HR 1,57, IC de 95% 1,39–1,78, p < 0,001) e sobrevida livre de doença (HR 1,32, IC de 95%1,11–1,57, p < 0,001). As sobrevidas global e livre de doença foram ainda mais desfavoráveis quando foram avaliados os subgrupos especificamente em relação a produção de cortisol.
Levantamento de dados da meta-análise revela que carcinomas adrenocorticais secretores de hormônios foram associados a risco de óbito 57% maior do que os não secretores. Além disso, o risco de recidiva foi 32% maior nos tumores secretores.
Mensagem prática
Umas das explicações possíveis para o pior prognóstico dos tumores secretores pode ser o maior tamanho e maior capacidade de metástases desses tumores.
Especificamente nos tumores secretores de cortisol, o pior prognóstico pode ser justificado pelos altos índices desse hormônio, que, por sua vez, se associam a aumento da morbidade também à imunossupressão, favorecendo a disseminação tumoral.
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