A osteoartrose de joelho é uma das principais causas de disfunção no mundo, sendo tratada nos casos avançados pela artroplastia total de joelho (ATJ). Após a cirurgia, a reabilitação é crucial para a completa recuperação e retorno às atividades diárias. Um em cada dez pacientes operados reportam insatisfação com os resultados 2 anos após a cirurgia.
A tecnologia digital surge como uma alternativa para melhorar os cuidados pós-operatórios e levar a melhores resultados cirúrgicos. Foi publicado no último mês, no Journal of the American Medical Association (JAMA), um estudo com o objetivo de comparar o efeito do uso de tecnologia digital com cuidados habituais na redução da dor entre os participantes seguindo uma ATJ.
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Métodos
O modelo foi um ensaio clínico randomizado, que recrutou 102 adultos após eles serem submetidos a ATJ em três hospitais de Sydney, Austrália, entre junho de 2020 e julho de 2021. Todos os participantes foram submetidos aos cuidados habituais e 51 participantes receberam ainda um pacote de tecnologia digital que consiste em um aplicativo de exercícios, monitor de condicionamento físico e treinamento de saúde online.
No grupo de cuidados habituais, 51 participantes receberam um rastreador fitness, mas com todas as notificações desativadas e as metas de contagem de passos, sono e horas ativas removidas. Os participantes foram acompanhados por 12 meses (junho de 2021 a julho de 2022). O desfecho primário foi dor média no joelho durante a última semana avaliada usando uma escala de classificação numérica (variação de 0 a 10, com 10 indicando a pior dor possível) em três meses.
Resultados
De 102 participantes (idade média [DP], 67,9 [7,2] anos; 68 [67%] mulheres; e 92 [90%] Branco) designados aleatoriamente para grupos de intervenção ou cuidados habituais, 47 (92%) em cada grupo completaram o acompanhamento de 3 meses. Aos 3 meses, os participantes do grupo de intervenção demonstraram resultados com pequenas diferenças, mas não houve melhorias clinicamente significativas na dor em comparação com o grupo de tratamento habitual na análise por intenção de tratar nã-ajustada (diferença média, -0,84; IC95%, -1,59 a -0,10; P = 0,03).
Os desfechos secundários indicaram uma redução estatisticamente significativa na intensidade da dor (diferença média, -0,94; IC95%, -1,82 a -0,06), incapacidade por dor (diferença média, -5,42; IC95%, -10,00 a -0,83) e comportamento sedentário (diferença média, -9,76; IC95%, -19,17 a -0,34) favorecendo a intervenção desde a linha de base até 3, 6 e 12 meses.
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Conclusão e mensagem prática
No estudo, um programa tecnologia digital combinado proporcionou melhorias pequenas, mas não clinicamente significativas, na dor aos 3 meses e outros resultados favoráveis a longo prazo após ATJ em comparação com os cuidados habituais. Estudos futuros devem adaptar as intervenções digitais com base nas habilidades e preferências dos participantes para garantir que a intervenção é apropriada e promove a autogestão a longo prazo.
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