O câncer de ovário representa uma neoplasia ainda frequente e uma das principais causas de óbito por câncer. Entretanto, mesmo doenças metastáticas podem ter chances de bom prognóstico, sendo a cirurgia o único meio potencialmente curativo para essa doença.
A investigação dos fatores envolvidos na cirurgia para tratar o câncer de ovário, mais conhecida como citorredução, é importante uma vez que, sendo essa modalidade a principal no tratamento da neoplasia de ovário, fatores que influenciam positivamente ou negativamente o resultado cirúrgico devem ser conhecidos para aumentar as chances de sucesso no tratamento.
Assim, uma meta-análise publicada em agosto de 2024 avaliou o efeito da obesidade em relação a complicações da ferida operatória em pacientes submetidas a cirurgia para tratamento de câncer de ovário.
Metodologia
Foram avaliados 9 artigos publicados entre 2009 e 2023, englobando 4.362 pacientes. As pacientes que apresentavam índice de massa corpórea (IMC) ≥ 30 foram classificadas como obesas e as com IMC < 30, não obesas. No presente estudo, o grupo obesidade foi formado por 1.280 mulheres e, o grupo não obesidade, por 3.082.
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Resultado e discussão
O índice de infecção de ferida operatória foi significativamente maior nas pacientes obesas (OR, 2,90; IC de 95%, 2,27–3,69, p < 0,001). Outros problemas com a ferida operatória (não especificados) foram mais relatados nas pacientes obesas (OR, 4.14; 95% IC, 1.83–9.34, p < 0.001).
A obesidade tem algumas implicações no câncer de ovário que são pontos importantes a serem discutidos. A obesidade é fator de risco considerável para o câncer de ovário, além de ter implicações negativas no tratamento cirúrgico dessa doença pela dificuldade técnica aumentada na citorredução.
O problema nesses casos está relacionado à maior camada de tecido adiposo, tanto visceral como subcutâneo, que reduz o campo de visão, além dos aspectos operacionais. As comorbidades associadas à obesidade contribuem para os desfechos desfavoráveis na citorredução.
Dentre os fatores relacionados à maior incidência de infecção de sítio operatório, alterações celulares e imunológicas, estresse oxidativo, redução do fluxo sanguíneo contribuem para a má cicatrização das feridas. Além disso, a presença de diabetes mellitus, comum em pacientes obesos, contribuem para retardar e dificultar o processo de cicatrização de feridas.
O que levar para a casa?
Os dados do estudo analisado revelam maior índice de infecção e problemas com a ferida operatória em pacientes obesas submetidas à citorredução por câncer de ovário quando comparadas as não obesas.
Entretanto, é importante considerar que se trata de um estudo retrospectivo, com vários vieses envolvidos como amostras limitadas em alguns estudos analisados, dados perdidos ou incertos durante a coleta, dentre outros.
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