Uma das complicações mais frequentes em qualquer tipo de cirurgia é a infecção de sítio cirúrgico e para evitar isto, utilizamos de diversos mecanismos. Porém, tão importante quanto evitar a infecção é saber diagnosticar especialmente de forma precoce e com isto aplicar as condutas necessária. Um serviço que não faz o diagnóstico de infecção do sítio cirúrgico, erroneamente tem um índice de infecção zero.
A grande questão da infecção de sítio cirúrgico, é que pode ocorrer tardiamente ao procedimento e muitos desses pacientes já retornaram a sua atividade laborativa. Os casos mais simples são autolimitados e alguns pacientes nem procuram o auxílio médico. Além disso, com a facilidade de envio de imagens pelo próprio paciente, é um ramo que ainda é pouco explorado pelas ferramentas de inteligência artificial para auxiliar os médicos na sua carga de trabalho.
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Métodos
Pacientes submetidos a qualquer tipo de cirurgia nos diferentes centros da Clínica Mayo, foram candidatos a submeterem uma imagem da ferida operatória até 30 dias da cirurgia. Todas as imagens foram analisadas por 2 distintos cirurgiões e classificadas em diversos aspectos de qualidade, inclusive sendo analisada se naquele fotograma possuía uma incisão cirúrgica ou não.
As imagens recebidas foram redimensionadas para manter um padrão e enviadas para o treinamento e validação do modelo computadorizado, sendo 90% utilizado para o aprendizado e 10% como validação.
Resultados
Um total de 6060 pacientes incluídos, que representaram 6199 procedimentos cirúrgicos e um total de 20.895 fotos enviadas. Destas fotos 13.825 possuíam uma incisão cirúrgica e a acurácia de detecção foi de 0,94, apesar de ter variado entre os programas utilizados. Esta acurácia não foi tão expressiva quando se tentou detectar infecção de sítio cirúrgico. De todas as fotografias com incisões enviadas, 1.365 possuíam sinais de infecção e 12.460 sem infecção. Os sistemas de inteligência artificial atingiram uma acurácia média de 0,81.
Discussão
Este trabalho iniciou uma linha de trabalho que investigou o uso da inteligência artificial para auxiliar a detecção de infecção de sítio cirúrgico, especialmente no cenário atual onde um elevado número de pacientes não permanece internados.
Os resultados demonstrados por este estudo auxiliam na triagem de pacientes com potenciais infecção de sítio cirúrgico, não podendo ser definidor de condutas. Importante relembrar, que mesmo cirurgiões experientes não conseguem realizar o diagnóstico de infecção apenas com a análise de fotos, sendo necessário também associar sintomas e exame físico.
Em resumo uso a inteligência artificial para detecção de infecção de sítio cirúrgico é factível e poderá ser utilizada como uma ferramenta para diminuir a carga de trabalho dos profissionais, no monitoramento de pacientes em seu domicílio.
Para levar para casa
É inegável que o uso das novas tecnologias pode diminuir a carga de trabalho dos profissionais de saúde e facilitar a triagem. Porém ainda é preciso determinar regras e parâmetros para determinar de quem é a responsabilidade das falhas, mesmo numa situação de triagem.
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