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Cirurgia9 dezembro 2022

Equipes cirúrgicas reinventam técnicas para desafogar filas deixadas pela pandemia

Marcapasso sem fio e ondas sonoras que rompem pedras de cálcio são algumas inovações técnicas para minimizar efeitos da pandemia.

Por Úrsula Neves

Não é novidade que milhões de cirurgias eletivas e emergenciais deixaram de ser realizadas no mundo por conta da pandemia de Covid-19. Somente no Brasil, estima-se que mais de 1,1 milhão foram adiadas, segundo uma pesquisa publicada no The Lancet Regional Health.

Para tentar reverter esse cenário preocupante, médicos cirurgiões e suas equipes se dedicam ao máximo para cumprir metas ousadas de produtividade, além de colocar em prática novas técnicas cirúrgicas. 

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Marcapasso sem fio

Um desses exemplos acontece no Hospital Marcelino Champagnat, em Curitiba, onde a meta é aumentar em 27% o número de cirurgias, passando de 7.500 procedimentos realizados em 2021 para mais de 11 mil em 2022. Para ajudar a atingir essa marca, um marcapasso sem fio está sendo utilizado em pacientes cardíacos. O aparelho funciona com bateria e eletrodo, eliminando a necessidade de fios pelo corpo. A mudança reduz os riscos de infecção por repetição.

“No caso de um paciente em especial, ele já sofria com endocardite e a nova técnica possibilitou minimizar os riscos de rejeição e, consequentemente, novas infecções. Há oito anos, o paciente foi submetido ao primeiro procedimento, desses mais antigos, com fios. Depois, evoluiu para esse quadro recente de febre, e analisamos que a melhor opção seria retirar tudo e colocar marcapasso no coração de forma direta, sem a necessidade de bateria no peito do doente e fios que normalmente correm por dentro das veias”, contou o médico especialista em estimulação cardíaca artificial do Hospital Marcelino Champagnat, Mauricio Montemezzo. 

Ondas sonoras que rompem pedras de cálcio 

Outra técnica ainda pouca conhecida no país são as ondas sonoras para romper pedras de cálcio que obstruem artérias do coração. Trata-se do dispositivo shockwave, que está sendo utilizado para desobstruir artérias do coração severamente calcificadas que somente com o stent não seria possível alcançar o mesmo resultado. O método também foi usado no Hospital Marcelino Champagnat, pelo cardiologista Rômulo Francisco de Almeida Torres. 

“O paciente tinha realizado uma angioplastia com implante de stent, no ano passado, mas o cálcio existente na principal artéria do coração não permitiu que essa desobstrução fosse realizada. Como ele ainda sofria com sinais de cansaço, fadiga, falta de ar e dor no peito, optamos por essa técnica em que introduzimos um cateter-balão que fica ligado a um gerador que emite ondas de pressão sonora capazes de fraturar o cálcio. O procedimento é semelhante à utilizada para dissolução de cálculo renal”, explicou o cardiologista. 

Angioplastia coronariana associada à litotripsia intravascular

Já no Rio de Janeiro, a equipe do coordenador médico André Luiz Silveira Sousa, do serviço de Cardiologia Intervencionista do Hospital Icaraí, formada pelo médico Sandro Barros e o anestesista Ary Getúlio, realizaram em outubro um  procedimento inédito de angioplastia coronariana associado à litotripsia intravascular no Brasil.

O método utiliza de uma nova tecnologia, chamada de cateter Shockwave, que chegou há poucos meses no país, indicada para casos de angioplastia complexa em pacientes com vasos intensamente calcificados. 

“Realizamos dois procedimentos com essa técnica pioneira no país. Trata-se de um método que permite implantar o stent em casos com calcificação, onde antes não era possível obter sucesso. Os pacientes, ambos idosos, com mais de 65 anos, se recuperam bem”, disse o coordenador médico André Sousa, em entrevista ao Portal de Notícias da PEBMED.

*Este artigo foi revisado pela equipe médica do Portal PEBMED.

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