Tempo de leitura: [rt_reading_time] minutos.
A cada ano nos EUA, cerca de 20 milhões de transfusões de sangue são realizadas. No entanto, para um grupo de pacientes, esse procedimento não é uma opção. Atribui-se ao entrave a preferências pessoais, doutrinas religiosas ou até mesmo condições biológicas. Nesses casos, os médicos podem lançar mão de estratégias que evitam a necessidade pelo sangue.
Como assim?
Abordagens atuais demonstraram sua eficácia não apenas em reduzir a perda de sangue, mas também em minimizar infecções, acelerar a recuperação e reduzir o tempo de internação.
Leia mais: Dia Mundial do Doador de Sangue: ‘Doe sangue. Compartilhe a vida’
Como referência nesse tipo de cuidado, temos o Center for Bloodless Medicine and Surgery. Lançado em 2012, é um dos únicos centros a receber certificação nível 1 da The Joint Comission. O diretor Steven Frank e sua equipe multidisciplinar utilizam abordagens sem sangue para procedimentos cirúrgicos, incluindo cirurgias cardíacas, torácicas, pancreáticas, hepáticas, oncológicas, neurológicas e vasculares.
Os métodos utilizados apresentam dois objetivos:
- Reduzir sangramento;
- Otimizar a coagulação e os níveis de hemoglobina.
Um conjunto de medicamentos, ferramentas clínicas e técnicas diferentes, pode ser usados no pré, per e pós operatório. Observe os cuidados listados abaixo:
Pré-operatório
- Anemia: identificar e tratar qualquer anemia pré-existente. Os métodos variam desde terapia com ferro oral, ferro intravenoso combinado com agentes estimuladores da eritropoese;
- Estimar perdas: deve-se ter uma ideia da quantidade esperada de perda de sangue em relação ao volume de sangue total estimado do paciente. Isso pode ajudar na estimativa da hemoglobina alvo no pré e pós operatório;
- Medicamentos: é importante identificar os medicamentos anticoagulantes, fitoterápicos e até mesmo chás que aumentem a tendência a sangramentos.
Peroperatório
- Medidas anestésicas: deve-se evitar a hipotermia e hipertensão;
- Técnicas cirúrgicas: abordagens minimamente invasivas, técnicas cirúrgicas meticulosas, agentes hemostáticos tópicos e ferramentas avançadas de eletrocautério são componentes-chave da caixa de ferramentas de medicina sem sangue;
- Hemodiluição normovolêmica aguda;
- Resgate de sangue autólogo;
- Medicamentos: o uso de ácido tranexâmico pode reduzir a perda de sangue em cerca de 30%, evitando o consumo do coágulo. O nível sérico ideal dessa substância está sendo explorado no Hospital John Hopkins.
Pós-operatório
- Exames laboratoriais: Evitar realização de exames sem indicação e em grande quantidade, como ocorre nos pacientes em unidade intensiva. É indicado uso de tubos menores de coleta.
É médico ou enfermeiro e também quer ser colunista do Portal da PEBMED? Inscreva-se aqui!
Referências:
- Rank SM et al.: Risk-adjusted clinical outcomes in patients enrolled in a bloodless program. Transfusion 2014, 54:2668-77.
- Resar LM et al.: Bloodless medicine: Current strategies and emerging treatment paradigms. Transfusion 2016, 56:2637-2647.
- Resar LM, Frank SM: Bloodless medicine: What to do when you can’t transfuse. Hematology Am Soc Hematol Educ Program 2014, 1:553-8.
- Frank SM, Scott AV, Resar, LM: Bloodless medicine and surgery: Top 10 things to consider. Anesthesiology News 2016, http://anesthesiaexperts.com/uncategorized/bloodless-medicine-surgery-top-10/.
- Johnson DJ et al.: High-dose versus low-dose tranexamic acid to reduce transfusion requirements in pediatric scoliosis surgery. J Pediatr Orthop 2017, 37:e552-e557.
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.