Os tumores neuroendócrinos (TNE) do pâncreas não funcionantes correspondem a cerca de 60-90% dos TNEs pancreáticos. Em 30% dos casos estão associados a síndromes genéticas como Von Hipple Lindau e neoplasia endócrina múltipla tipo I (NEM-I). Normalmente, são descobertos em estágios mais avançados devido à ausência de sintomas expressivos em estágios iniciais. Em alguns casos são achados incidentais de exames de imagens.
O único meio potencialmente curativo para TNE pancreáticos é a cirurgia. Além da cirurgia aberta, a cirurgia minimamente invasiva pode ser aplicada no tratamento desses tumores.
Assim, uma meta-análise recém-publicada teve por objetivo avaliar a segurança e a eficácia da cirurgia minimamente invasiva em comparação com cirurgia aberta no tratamento de TNEs pancreáticos não funcionantes.
Métodos
Estudo conduzido por Wei K et. al. avaliaram estudos prévios comparando a segurança e eficácia da cirurgia minimamente invasiva com a aberta para TNEs não funcionantes de pâncreas. Os desfechos primários corresponderam à incidência de complicações pós-operatórias gerais, fístulas pancreáticas e estase gástrica. Os desfechos secundários incluíram tempo de cirurgia, perda sanguínea no intra-operatório e tempo de internação hospitalar.
Resultados e Discussão
A análise das complicações pós-operatórias gerais revelou menores taxas na cirurgia minimamente invasiva em comparação com a cirurgia aberta, mas sem significância estatística (OR=0,78, IC de 95% [0,59–1,03],P=0,08). Em relação a complicações mais graves, maiores do que terceira pela classificação de Clavien-Dindo, não foi identificado nenhuma diferença relevante entre os dois métodos cirúrgicos.
Na avaliação dos desfechos primários, a meta-análise não encontrou diferença significativa entre cirurgia minimamente invasiva e cirurgia aberta na ocorrência de fístulas pancreáticas (OR = 0,99, IC de 95% [0,66–1,47], P = 0,94) e nem em relação a estase gástrica (OR = 0,58, IC de 95% [0,58–1,42], P = 0,67).
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No que se refere aos desfechos secundários, o tempo cirúrgico não foi significativamente maior na cirurgia minimamente invasiva em comparação à cirurgia aberta (MD = 52,04, IC de 95% [−8,74 a 112,81], P = 0,67). Entretanto, os pontos que demonstraram diferenças estatisticamente significativas foram em relação à perda sanguínea, na qual a cirurgia minimamente invasiva mostrou menores taxas em relação à cirurgia aberta (MD = −58,59,IC de 95% [−92,76 a −24,41], P < 0,01) e o tempo de internação hospitalar, que também foi menor na cirurgia minimamente invasiva (MD = −3,07, IC de 95% [−5,28 a −0,87], P < 0,01).
Wei K et al. identificaram que, em geral, a cirurgia minimamente invasiva e a aberta têm resultados semelhantes, mas com a possível vantagem da minimamente invasiva em relação às menores taxas de perdas sanguíneas e menor duração da internação hospitalar.
O que levar para casa?
A meta-análise em discussão identificou que a cirurgia minimamente invasiva no tratamento do TNE pancreático não funcionante é segura e eficaz em termos de complicações pós-operatória e com potenciais vantagens na redução da perda sanguínea e menor tempo de internação.
Entretanto, o presente estudo não abordou resultados em relação a sobrevida global e sobrevida livre de doença, o que é crucial em doenças oncológicas. Apesar de não ser um estudo determinante da conduta, Wei K et al. levantaram potenciais da cirurgia minimamente invasiva que podem ser mais estudados e aprimorados por meio de outros estudos
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