A obesidade é um problema de saúde pública que afeta grande parte da população na atualidade, podendo levar a consequências sérias tais como hipertensão arterial sistêmica, cardiopatias, diabetes mellitus tipo II e até neoplasias. O tratamento da obesidade é multidisciplinar e pode envolver mudanças de estilo de vida; uso de medicamentos e cirurgia bariátrica, sendo esta última a mais eficaz na atualidade.
Sabemos que as técnicas mais utilizadas de cirurgia bariátrica são a gastroplastia vertical laparoscópica (Sleeve) e o by-pass gástrico laparoscópico. Mas será que uma técnica possui vantagem sobre a outra?
Uma metanálise realizada com base em artigos da PubMed, EMBASE e Cochrane Library, reuniu um total de 2.061 artigos, sendo selecionados 18 artigos para o estudo após os critérios de inclusão/exclusão, no período de janeiro de 2012 a junho de 2023.
O objetivo foi avaliar a eficácia da perda de peso, a melhora das comorbidades e da qualidade de vida em um período de 5 anos, entre as técnicas de cirurgia bariátrica (gastrectomia vertical laparoscópica e by-pass gástrico laparoscópico).
Métodos
O número total de pacientes eleitos para esta metanálise totalizou 3455, sendo 1776 pacientes do grupo by-pass e 1679 no grupo gastrectomia vertical.
Esses artigos eram compostos por ensaios clínicos randomizados e estudos intervencionistas não randomizados, em que intuito principal era comparação de desfechos de perda ponderal, melhora das comorbidades tais como HAS, dislipidemia, DMT2 e apneia obstrutiva do sono, e da qualidade de vida em 5 anos.
Leia também: Estudo compara resultados a longo prazo de diferentes técnicas de cirurgia bariátrica
Discussão
Após análises estatísticas, os resultados apresentados pelos autores evidenciaram uma perda ponderal significativamente maior, no período de 5 anos, no grupo by-pass (IC 95% -11,53 a -3,82; p < 0,00001). Além disso, comorbidades como DMT2, apneia obstrutiva do sono e dislipidemia também apresentaram desfechos de melhoras no grupo by-pass (ambas comorbidades com valor de p < 0,05). Em relação à HAS e qualidade de vida, não houve diferença estatística (IC 95% 0,58–1,15; p = 0,24) e (IC 95% -6,18– 3,00; p = 0,50), respectivamente.
Em relação à morbidade, o grupo de gastrectomia vertical apresentou uma taxa significativamente menor (IC de 95%: -0,13, -0,02, p = 0,01), sem diferenças na mortalidade.
O que podemos concluir?
Conforme essa metanálise foi feita, conclui-se que a cirurgia bariátrica apresenta ótimo desfecho para obesidade associada a comorbidades. A decisão e escolha da técnica de cirurgia bariátrica deve ser individualizada e discutida entre a equipe cirúrgica e o paciente.
Para isso, estes estudos trazem objetivos de mostrar os desfechos comparativos entre cada técnica, visando guiar e contribuir para melhor indicação da técnica e, consequentemente, obter o melhor resultado para o paciente.
É notável que esses estudos apresentam limitações e podem apresentar vieses que não correspondem à realidade atual. Por isso, são necessários mais estudos comparativos aprofundados para se obter conclusões mais precisas.
Mensagem prática
1 – Pacientes obesos com comorbidades tais como diabetes tipo 2, apneia obstrutiva do sono e/ou dislipidemia se beneficiam melhor da técnica de by-pass gástrico laparoscópico.
2 – Pacientes obesos com hipertensão arterial sistêmica não apresentam diferença entre as técnicas, podendo ser indicada tanto o by-pass quanto a gastrectomia vertical laparoscópica.
3 – A gastrectomia vertical laparoscópica possui menor morbidade que o by-pass gástrico laparoscópico.
4 – Estudos mais aprofundados e mais bem selecionados são necessários para determinação melhor das indicações de cada técnica.
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.