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Cirurgia4 abril 2025

Cirurgia bariátrica: qual é a melhor técnica? Sleeve ou Bypass?

Estudo avaliou a eficácia da perda de peso, a melhora das comorbidades e da qualidade de vida em um período de 5 anos, entre as técnicas de cirurgia bariátrica

A obesidade é um problema de saúde pública que afeta grande parte da população na atualidade, podendo levar a consequências sérias tais como hipertensão arterial sistêmica, cardiopatias, diabetes mellitus tipo II e até neoplasias. O tratamento da obesidade é multidisciplinar e pode envolver mudanças de estilo de vida; uso de medicamentos e cirurgia bariátrica, sendo esta última a mais eficaz na atualidade.  

Sabemos que as técnicas mais utilizadas de cirurgia bariátrica são a gastroplastia vertical laparoscópica (Sleeve) e o by-pass gástrico laparoscópico. Mas será que uma técnica possui vantagem sobre a outra? 

Uma metanálise realizada com base em artigos da PubMed, EMBASE e Cochrane Library, reuniu um total de 2.061 artigos, sendo selecionados 18 artigos para o estudo após os critérios de inclusão/exclusão, no período de janeiro de 2012 a junho de 2023.  

O objetivo foi avaliar a eficácia da perda de peso, a melhora das comorbidades e da qualidade de vida em um período de 5 anos, entre as técnicas de cirurgia bariátrica (gastrectomia vertical laparoscópica e by-pass gástrico laparoscópico). 

Métodos 

O número total de pacientes eleitos para esta metanálise totalizou 3455, sendo 1776 pacientes do grupo by-pass e 1679 no grupo gastrectomia vertical.  

Esses artigos eram compostos por ensaios clínicos randomizados e estudos intervencionistas não randomizados, em que intuito principal era comparação de desfechos de perda ponderal, melhora das comorbidades tais como HAS, dislipidemia, DMT2 e apneia obstrutiva do sono, e da qualidade de vida em 5 anos. 

Leia também: Estudo compara resultados a longo prazo de diferentes técnicas de cirurgia bariátrica

Discussão  

Após análises estatísticas, os resultados apresentados pelos autores evidenciaram uma perda ponderal significativamente maior, no período de 5 anos, no grupo by-pass (IC 95% -11,53 a -3,82; p < 0,00001). Além disso, comorbidades como DMT2, apneia obstrutiva do sono e dislipidemia também apresentaram desfechos de melhoras no grupo by-pass (ambas comorbidades com valor de p < 0,05). Em relação à HAS e qualidade de vida, não houve diferença estatística (IC 95% 0,58–1,15; p= 0,24) e (IC 95% -6,18– 3,00; p = 0,50), respectivamente.  

Em relação à morbidade, o grupo de gastrectomia vertical apresentou uma taxa significativamente menor (IC de 95%: -0,13, -0,02, p = 0,01), sem diferenças na mortalidade.  

O que podemos concluir? 

Conforme essa metanálise foi feita, conclui-se que a cirurgia bariátrica apresenta ótimo desfecho para obesidade associada a comorbidades. A decisão e escolha da técnica de cirurgia bariátrica deve ser individualizada e discutida entre a equipe cirúrgica e o paciente.  

Para isso, estes estudos trazem objetivos de mostrar os desfechos comparativos entre cada técnica, visando guiar e contribuir para melhor indicação da técnica e, consequentemente, obter o melhor resultado para o paciente.  

É notável que esses estudos apresentam limitações e podem apresentar vieses que não correspondem à realidade atual. Por isso, são necessários mais estudos comparativos aprofundados para se obter conclusões mais precisas. 

Mensagem prática 

1 – Pacientes obesos com comorbidades tais como diabetes tipo 2, apneia obstrutiva do sono e/ou dislipidemia se beneficiam melhor da técnica de by-pass gástrico laparoscópico. 

2 – Pacientes obesos com hipertensão arterial sistêmica não apresentam diferença entre as técnicas, podendo ser indicada tanto o by-pass quanto a gastrectomia vertical laparoscópica. 

3 – A gastrectomia vertical laparoscópica possui menor morbidade que o by-pass gástrico laparoscópico. 

4 – Estudos mais aprofundados e mais bem selecionados são necessários para determinação melhor das indicações de cada técnica. 

Autoria

Foto de Rodolfo Kail de Novaes Santos

Rodolfo Kail de Novaes Santos

Graduado em Medicina pelo Instituto Metropolitano de Ensino Superior (IMES), em Ipatinga (MG), no ano de 2017. Residência Médica em Cirurgia Geral no ano de 2020 pela Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte (MG) e Residência Médica em Cirurgia do Aparelho Digestivo no ano de 2024 pelo Hospital Governador Israel Pinheiro - IPSEMG. • Cirurgião geral  na Casa de Caridade Hospital São Paulo; Casa de Saúde Santa Lúcia e Prontocor. Docente da disciplina de anatomia II da Faculdade de Minas (FAMINAS) de Muriaé (MG).

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Referências bibliográficas

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