De forma semelhante como acontece nas patologias da parede abdominal, as cirurgias bariátricas e metabólicas possuem uma infinidade de termos e abreviações que confundem o entendimento de quem não está muito afeito.
Ainda estamos longe de alcançar uma técnica cirúrgica única para os pacientes com obesidade, sabemos que quanto maior a obesidade maior a dificuldade da escolha da técnica. Um paciente com IMC de 37 não pode ser tratado igual a um paciente de IMC 55, visto que este não apresenta resultados subótimos. É neste contexto que inúmeras técnicas cirúrgicas estão sendo descritas e analisadas para tentar adequar as escolhas.
Podemos afirmar de forma muito sumarizada que as cirurgias metabólicas são aquelas que promovem um estímulo ileal mais intenso. No íleo estão localizadas as células “L”, que são produtoras de GLP-1, hormônio este diretamente relacionado à perda de peso. Assim, quanto mais alimento não digerido chegar ao íleo, maior a estimulação das células “L” e maior produção de hormônios incretínicos.
Não diferentes de outras áreas da medicina, muitas dessas técnicas possuem duplicidade de nome ou pequenas variações técnicas com nomes diferentes. A seguir demonstraremos algumas técnicas mais citadas com suas siglas.
RYGB (Roux–en-Y Gastric bypass)
É a clássica cirurgia de bypass gástrico da cirurgia bariátrica. Um dos métodos mais utilizados, com excelentes resultados a longo prazo. No entanto, alguns subgrupos populacionais apresentam uma resposta não ideal. O pouch gástrico deve possuir 30-50 ml.
OAGB ( One Anastomsis Gastric Bypass) ou Mini Bypass
Consiste na realização de um pouch gástrico um pouco mais longo quando comparado ao bypass clássico. A maior diferença é que nesta técnica não se utiliza um y-de-roux para a reconstrução do trânsito. É confeccionada apenas uma anastomose à semelhança de um Billroth II. Uma segunda diferença, também importante, é que a anastomose gastroentérica é confeccionada mais distal (quando comparada ao bypass clássico) e com isso, cria um maior estímulo ileal.
SG (Sleeve Gastrectomy) ou gastrectomia vertical
A gastrectomia em manga, técnica que está praticamente superando o número de bypass gástricos realizados em alguns países, restringe o volume do estômago, sem propriamente dito modificar o trânsito alimentar.
SADI-S (Single Anastomosis Duodeno-ileal Bypass with Sleeve Gastrectomy)
Variante do switch duodenal, onde o duodeno é seccionado e anastomosado no íleo de maneira análoga a um BII, diferente da técnica original onde se confecciona um y-de-roux para anastomosar com o duodeno.
TB (Transit Bipartition)
A bipartição do trânsito intestinal ainda é uma cirurgia em fase experimental, porém com resultados promissores. À primeira vista, parece algo não muito lógico, porém devemos lembrar que o alimento não digerido no íleo terminal irá estimular a produção de hormônios incretínicos.
A bipartição do trânsito intestinal é associada a um sleeve gástrico, a ele é confeccionado um y-de-roux em íleo distal e anastomosado no remanescente do antro gástrico. Assim, o alimento terá dois caminhos para seguir, motivo do nome da técnica, seja pelo piloro e duodeno, ou pela anastomose ileal criada. Uma das vantagens desta técnica é que nenhuma parte do trato gastrointestinal fica excluído, o que pode, em teoria, diminuir o grau de distúrbios nutricionais.
SASI (Sinlge Anastomosis Sleeve Ileal bypass)
Variação do TB, onde não se realiza um y-de-roux para para confeccionar o bypass gástrico ileal. Seguindo a tendência das técnicas de anastomose única, é confeccionada uma anastomose semelhante a um BII, neste caso com o íleo. Como quase todas a técnicas de anastomoses únicas, o objetivo primário é a facilitação da técnica.
Surgical team in blue medical suits using medical instruments and performing plastic surgery. Male surgeon and female assistants wearing protective face masks, sterile gloves and caps in modern clinicPara levar para casa
Realmente parece confuso o uso de diversas siglas no tratamento do paciente com obesidade, mas isso também não está muito diferente quando estamos diante de pacientes complexos com obesidade de alto grau, casos em que nem mesmo os centros de referência possuem convicção de como devemos tratar este tipo de pacientes. Sem dúvida, ainda necessitamos de tempo e resultados a longo prazo para auxiliar na decisão da técnica.
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