A Infectologia é uma área abrangente da medicina, oferecendo ao especialista várias possibilidades de atuação além de se misturar com outras especialidades médicas. Lidando com infecções por vírus, fungos, bactérias, micobactérias e outros micro-organismos, o infectologista pode atuar tanto no manejo das doenças quanto na elaboração de políticas públicas, além do ensino e pesquisa na área.
Dados da Demografia Médica 2023 (com dados até 2022) indicavam a existência de 4.736 médicos registrados como infectologistas no Brasil. Comparando com dados de 2012, foi um crescimento de 82,8% em dez anos.
O interesse pela especialidade cresceu nos anos de pandemia de covid-19, gerando um aumento no número de residentes em Infectologia de 2020 para frente. O Panorama da Residência Médica (2018-2024) contabilizava 594 médicos residentes na especialidade, sendo 208 em R1.
O infectologista
A demanda da especialidade é contínua e crescente, a cada ano surgem novos patógenos e emergências ligadas a infecções por micro-organismos. Para se manter ativo na especialidade, a infectologia pede atualização constante do profissional, que também deve ser capaz de se adaptar a situações adversas como foi demonstrado de forma extrema durante a pandemia.
Atualmente a maioria dos especialistas na área se concentra no Sudeste, sendo a grande maioria no estado de São Paulo, os últimos dados disponíveis apontam uma concentração quatro vezes maior em relação ao segundo colocado (Rio de Janeiro). Além disso, a maioria dos especialistas são mulheres (por volta de 60%) e quase 70% dos infectologistas se encontram nas capitais, muito pela necessidade de hospitais estabelecerem Programas de Controle de Infecções Hospitalares.
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Programa de Residência em Infectologia
Como todo programa de residência, as Instituições de Saúde oferecendo vagas para especialidade devem seguir as matrizes de competência estabelecidas por resolução da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM). No caso, a Resolução CNRM Nº 8, de 2020 define a Residência Médica em Infectologia como sendo de acesso direito, com duração de três anos, sendo as habilidades necessárias para aprovação a cada ano, de forma resumida:
R1
- Valorizar princípios morais, éticos e legais e a relação médico-paciente no atendimento em todos os níveis de atenção à saúde.
- Dominar anamnese e exame físico geral e específico, o manejo das doenças clínicas mais prevalentes, sendo capaz de avaliar o manejo clínico do paciente em urgência, emergência e em terapia intensiva considerando as comorbidades e interações medicamentosas.
- Conseguir comunicar de forma efetiva as informações sobre a doença, implicações, os procedimentos a serem realizados, os riscos de transmissão, e medidas de prevenção e precaução, quando for o caso.
- Saber analisar as redes de atenção à saúde nos serviços públicos e suplementar com a realização de forma responsável de referência e contrarreferência. Reconhecendo normas básicas de biossegurança e dominando a notificação compulsória de doenças, agravo e eventos de saúde pública.
- Entre outras habilidades.
R2
- Dominar a anamnese e exame físico, incluindo as particularidades dentro da infectologia. Avaliando e aplicando os conceitos de distanásia, ortotanásia e cuidados paliativos a pacientes com doenças infecciosas. Interpretando o contexto epidemiológico e o ciclo das doenças infecciosas e parasitárias.
- Manejar os pacientes com doenças infecciosas em todos os níveis de atenção de acordo com a epidemiologia regional. Desenvolvendo o raciocínio clínico para diagnóstico sindrômico e específico das doenças infecciosas e parasitárias, considerando-se os diagnósticos diferenciais.
- Dominar as bases da pesquisa científica, os princípios de medicina baseada em evidência e os princípios da terapêutica e profilaxia antibacteriana, antiviral, antifúngica e antiparasitária. Além do uso racional de antimicrobianos e o diagnóstico, tratamento e prevenção de processos infecciosos em pacientes imunossuprimidos.
- Entre outras habilidades.
R3
- Dominar a orientação e treinamento aos profissionais de saúde no manejo e prevenção de doenças infecciosas. Sendo capaz de coordenar e realizar as ações inerentes ao controle de infecção nos serviços de saúde.
- Coordenar o controle e uso racional de antimicrobianos em serviços de saúde. Dominando gerenciamento das Comissões de Controle de Infecções relacionadas à assistência à saúde e o gerenciamento de risco hospitalar, núcleo de segurança do paciente, núcleo de vigilância hospitalar e interface com serviço de controle de infecção hospitalar.
- Avaliar os princípios e os sistemas de vigilância em saúde no Brasil e o Regulamento Sanitário Internacional (RSI), aplicando as ações de vigilância em saúde relacionadas com doenças infecciosas e outros agravos.
- Analisar, construir e aplicar diretrizes e ter capacidade de tomada de decisão na ocorrência de eventos inusitados em situações de eventos de massa e emergências em saúde pública de importância nacional (ESPIN) e internacional (ESPII).
- Entre outras habilidades.
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Áreas de atuação
O título de Especialista em Infectologia também abre portas para quatro Programas de Residência Médica para Área de Atuação: Infectologia Pediátrica (2 anos), Infectologia Hospitalar (1 ano), Medicina Tropical (1 ano) e Hansenologia (1 ano).
Essas áreas de atuação permitem ao infectologista uma atuação mais focada, tratando do manejo de questões específicas seja junto a um determinado público, como na área pediátrica, ou espaço, hospitalar, ou ainda com foco em um conjunto determinado de doenças, medicina tropical ou hansenologia (essa focada apenas na hanseníase).
Instituições de Saúde com Programas de Residência em Infectologia
Segundo a Sociedade Brasileira de Infectologia, 75 instituições oferecem programa de residência para a especialidade, o estado de São Paulo concentra a maioria das vagas e instituições.
É sempre bom lembrar que é preciso que o médico estude com cuidado todas as características de cada programa de residência e do local de trabalho para confirmar que ele se adequa ao que o médico deseja e espera da especialização. Além disso, é necessário se preparar e analisar com atenção cada edital de seleção e ficar atento aos requisitos, datas e provas.
Embora não seja possível ranquear os melhores programas de residência em Infectologia, entre as instituições de saúde, algumas se destacam, como por exemplo o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas da Fiocruz no Rio de Janeiro, o Instituto de Infectologia Emílio Ribas, que também é o local que oferece o maior número de vagas (20), e a Faculdade de Medicina da USP.
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