A Ginecologia e Obstetrícia é uma das especialidades mais completas e tradicionais da Medicina, voltada ao cuidado integral da saúde da mulher. O ginecologista-obstetra acompanha suas pacientes em todas as fases da vida, da adolescência ao climatério, com foco em prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças do sistema reprodutor feminino, além de atuar no cuidado reprodutivo e no acompanhamento gestacional e do parto.
Neste artigo, a Afya reuniu as principais informações para médicos e estudantes que desejam entender como funciona a residência médica em ginecologia e obstetrícia, abordando desde o processo seletivo até as áreas de atuação, rotina e remuneração da especialidade.

Entendendo a Ginecologia e Obstetrícia
O que é ginecologia obstetrícia?
A ginecologia e obstetrícia (GO) une duas áreas complementares. A ginecologia se dedica à saúde do sistema reprodutor feminino e às doenças relacionadas, enquanto a obstetrícia cuida da gestação, do parto e do puerpério. Essa integração permite que o especialista ofereça um acompanhamento contínuo, desde a prevenção até o manejo de situações complexas, como gestações de risco e partos cirúrgicos.
Qual a diferença entre ginecologia e obstetrícia?
A ginecologia concentra-se em consultas, exames de rotina e tratamentos clínicos e cirúrgicos de doenças como endometriose, miomas uterinos, síndrome dos ovários policísticos e infecções ginecológicas. Já a obstetrícia envolve o cuidado integral com a gestante, incluindo o acompanhamento pré-natal, o trabalho de parto, o parto propriamente dito e o suporte à mãe e ao recém-nascido no pós-parto.
A Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia
A residência médica em ginecologia e obstetrícia é o principal caminho para se tornar especialista. Reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC) e regulamentada pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), tem duração de três anos e combina aprendizado teórico com intensa prática hospitalar.
Como funciona o processo seletivo
O ingresso ocorre por meio de editais públicos e provas de residência, que podem incluir etapas teóricas, práticas, análise curricular e entrevistas. Trata-se de um processo concorrido, especialmente em instituições federais e hospitais universitários.
É fundamental que o candidato revise temas-chave da área antes da prova — como obstetrícia de alto risco, anticoncepção e infecções ginecológicas.
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Estrutura e duração da residência em GO
A residência tem duração de três anos (R1, R2 e R3) e uma carga horária média de 60 horas semanais. A estrutura é definida pela Matriz de Competências da CNRM, que orienta a formação com foco em habilidades clínicas, cirúrgicas e humanísticas.
Durante o programa, o residente atua em ambulatórios, enfermarias, maternidades, centros cirúrgicos e UTIs obstétricas, participando de consultas, partos normais e cesáreas, além de cirurgias ginecológicas.
Instituições de referência
Entre os centros de excelência, destacam-se o Hospital das Clínicas da USP, o Hospital de Clínicas de Porto Alegre (UFRGS), o Hospital Universitário Pedro Ernesto (UERJ), a Santa Casa de São Paulo e o Hospital Sofia Feldman (MG), referência em obstetrícia humanizada.
Rotina do residente
- R1: o foco é o aprendizado prático em obstetrícia básica, com atendimento ambulatorial, acompanhamento pré-natal e realização dos primeiros partos normais sob supervisão.
- R2: o residente assume mais responsabilidades, participando do manejo de gestantes de alto risco, cirurgias ginecológicas e plantões em maternidades e pronto-atendimentos.
- R3: é o momento de maior autonomia, quando o médico lidera equipes e aprofunda-se em áreas de interesse, como ginecologia oncológica, reprodução humana ou medicina fetal.
O que faz um médico ginecologista?
O ginecologista-obstetra realiza consultas clínicas, diagnósticos e tratamentos de doenças do sistema reprodutor feminino, além de acompanhar a gestação e realizar partos, tanto naturais quanto cirúrgicos.
Doenças tratadas
Entre as principais condições acompanhadas pelo especialista estão a endometriose, os miomas uterinos, as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), a síndrome dos ovários policísticos (SOP), os distúrbios menstruais, além de alterações hormonais e infertilidade.
Rotina do especialista
Após a formação, o profissional pode atuar em consultórios, hospitais, clínicas particulares, centros de reprodução humana e maternidades. A rotina é diversa e envolve consultas, cirurgias, partos e acompanhamento pré e pós-natal.
Além da prática assistencial, há espaço para atuação em pesquisa, docência e gestão hospitalar. As principais subespecializações incluem:
- Ginecologia oncológica
- Reprodução assistida
- Uroginecologia
- Medicina fetal
- Endoscopia ginecológica
Mercado de trabalho e áreas de atuação
A Demografia Médica de 2025, publicada pelo Ministério da Saúde, indica que a ginecologia e obstetrícia está entre as dez especialidades com maior número de profissionais no Brasil, com alta empregabilidade, especialmente em cidades médias e pequenas.
Quanto ganha um ginecologista no Brasil?
Segundo dados do Portal Salário e do Glassdoor, a média salarial de um ginecologista no Brasil é de R$ 8.620 para uma jornada de 20 horas semanais, conforme levantamento do CAGED com mais de 1.200 profissionais.
Em 2025, os rendimentos variam entre R$ 8.385 e R$ 16.067, dependendo da experiência, local de atuação, tipo de vínculo (público ou privado) e região do país.
Maiores demandas
Há grande procura por especialistas em atenção básica à saúde da mulher, planejamento reprodutivo, obstetrícia de risco e reprodução assistida. A demanda tende a crescer com o aumento da expectativa de vida feminina e a valorização da saúde reprodutiva e preventiva.
Prova de Título pela Febrasgo
Após concluir a residência, o médico pode obter o Título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia (TEGO), concedido pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). A prova é composta por etapas teóricas e práticas e certifica oficialmente o profissional como especialista reconhecido pela Associação Médica Brasileira (AMB).
Como escolher uma boa instituição
Credenciamento e reconhecimento do programa
Antes de se inscrever, é essencial verificar se o hospital ou universidade é credenciado pela CNRM, o que garante padrões de qualidade e supervisão adequados. A presença de preceptores experientes e docentes com prática assistencial ativa é fundamental para o desenvolvimento técnico e ético do residente.
Oportunidades de pesquisa e subespecialização
Instituições que oferecem linhas de pesquisa em áreas como medicina fetal, endocrinologia ginecológica e oncologia feminina agregam valor à formação e ampliam as perspectivas de carreira acadêmica.
A residência médica em ginecologia e obstetrícia é uma das formações mais completas e desafiadoras da Medicina, exigindo dedicação, empatia e responsabilidade. Com alta empregabilidade, ampla variedade de atuação e boa remuneração, a especialidade segue entre as mais procuradas e gratificantes da medicina brasileira.
Autoria

Redação Afya
Produção realizada por jornalistas da Afya, em colaboração com a equipe de editores médicos.
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