Ao longo da minha trajetória médica, tive o privilégio de conhecer a história ou ter contato pessoalmente com muitos médicos que são grandes referências para mim como seres humanos e profissionais. Trata de pessoas que têm uma capacidade de impactar positivamente seus pacientes, alunos e colegas de profissão com suas atitudes e seu conhecimento.
As figuras de referência oferecem uma fonte de conhecimento técnico como um exemplo de postura ética, compromisso e humanidade. O impacto de um bom mentor ou modelo vai muito além do domínio clínico.
Por isso, a pergunta: em quem você se inspira?
Personalidades médicas
Uma das grandes referências em Medicina no Brasil é Oswaldo Cruz, médico sanitarista que empreendeu diversas campanhas sanitárias contra febre amarela, peste bubônica e varíola no Brasil, e dirigiu o Instituto Manguinhos que foi rebatizado com seu nome.
Apaixonada por Cuidado Paliativo, duas grandes referências mundiais para mim em medicina são: Dra. Cecily Saunders, que fundou o Hospice St. Christopher na Inglaterra, o 1º serviço a oferecer cuidado integral ao paciente, com promoção do controle de sintomas, alívio da dor e do sofrimento psicológico, e Dra. Elisabeth Kübler-Ross, que foi pioneira no tratamento de pacientes em estado terminal nos Estados Unidos.
Motivos para se ter uma boa referência
- Habilidades práticas e teóricas: os mentores são modelos de excelência clínica. Conectam a teoria com a prática de forma que os aprendizes consigam entender como aplicar os conhecimentos da faculdade de maneira eficaz no cuidado ao paciente.
- Orientação ética e humana: ter um modelo ético ajuda os profissionais a entenderem a importância de manter a empatia, a comunicação clara e o respeito ao paciente.
- Estabilidade emocional e apoio em momentos difíceis: ter um mentor/modelo que tenha passado por desafios de perda e pressão emocional, e que tenha desenvolvido estratégias de enfrentamento pode ser uma enorme fonte de apoio emocional.
Relato pessoal
Fiz a graduação de medicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e lá tive aula com grandes médicos como o Professor Nelson Silva e Souza , cardiologista , que fazia um ambulatório de Clínica Médica onde os alunos tinham a oportunidade de acompanhar de forma longitudinal pacientes com preceptoria dele, de sua equipe incrível composta pela Dra. Lúcia, pelo Dr. Paulo e pelo Dr. Wilson.
A cada consulta de primeira vez, a anamnese era esmiuçada, o exame físico era revisto e o caso clínico era discutido com um grupo dos alunos do ambulatório composto de alunos de diversos períodos. No ambulatório, aprendíamos sobre medicina baseada em evidência e a importância de lutarmos pela nossa universidade.
A professora Elaine Sobral (hematopediatra) é uma médica e mulher inspiradora que lidera um laboratório que permite o diagnóstico oncológico mais rápido por meio de citometria de fluxo e desenvolve pesquisas inovadoras.
O professor de Pediatria Clemax Sant’Anna é uma lenda, um verdadeiro cavalheiro, extremamente educado, cumprimenta todos do hospital, uma fonte inesgotável de conhecimento e grande autoridade em Tuberculose na Infância.
A professora Ekaterini Goudouris (alegista e imunologista), o Dr. Jorge Luiz Luescher (endocrinopediatra), a professora Blanca Bica, o professor Flavio Roberto Sztajnbok e Dra. Marta Cristine Félix (reumatopediatras), me impactaram e impactam por sua didática, e conhecimento do quadro de seus pacientes ambulatoriais.
Durante minha Residência no Hospital Universitário Pedro Ernesto na UERJ, muitos médicos me marcaram por seu conhecimento, liderança e cuidado com o paciente como a Dra. Raquel Zeitel, a Prof. Mônica Firmida, o Prof. Luciano Abreu de Miranda Pinto, a Professora Denise Sztajnbok, a Dra. Luciene Guardin, o Dr. Fábio Kuschnir a Dra. Flavia Arana e Dra. Andrea Cagy.
Tive a oportunidade de aprender muito durante minha Residência em Terapia Intensiva Pediátrica no INCa com a equipe da UTI e especialmente com a maravilhosa Dra. Sandra Victal (intensivista pediátrica), que se dedica muito na assistência médica aos pacientes graves, lidera a equipe da UTI Pediátrica do INCa e cuida com muito amor de suas residentes.
No ambiente de trabalho
Atualmente, tenho a oportunidade de trabalhar com grandes médicos. Fico impressionada com o Dr. Carlos Hamilton Souto Vasques, chefe de enfermaria pediátrica no IPPMG, plantonista de duas UTIs pediátricas, minha dupla de plantão, detentor de um conhecimento gigantesco sobre Medicina e assuntos diversos, poliglota, com ótimo humor, apaixonado por viajar, ensinar e aprender.
A Dra. Raquel Belmino é intensivista pediátrica, apaixonada por pesquisa, super dedicada em tudo que faz e aprendo muito com ela.
A professora Aline Chacon (neuropediatra) transborda conhecimento em sua área, sempre aprendo com ela e ainda faz um trabalho social incrível na Obra Social Dona Meca. A Dra. Dolores Pereira Henriques da Silva de Souza é uma médica e mulher maravilhosa, super estudiosa com muitos talentos de pediatra assistente, intensivista, perita a editora de Pediatria da Afya, que conheci na Residência de Pediatria, com quem aprendo e levo para toda vida.
Outra médica fantástica é a Dra. Alana Benevides Khon, que também conheci na Residência de Pediatria e ganhei para a vida, é pediatra neonatologista, super defensora do aleitamento materno, atua no Banco de Leite do Instituto Fernandes Figueira, cuida de seus pacientes com muito carinho e me impulsiona a crescer.
Conclusão
Acima destaquei algumas das minhas referências em Medicina, mas a médica que sou hoje é fruto do que aprendi e aprendo com cada preceptor, colega de profissão e paciente ao longo da minha vida. Quando reflito sobre o que as minhas referências têm, vejo que elas possuem um grande cuidado e respeito com o paciente, partilham seu conhecimento e buscam sempre estar aprendendo.
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