O internato médico é uma das etapas mais marcantes da graduação em medicina. Essa fase prática, exigida pelo Ministério da Educação (MEC), representa a transição entre a sala de aula e a vivência direta nos hospitais e unidades de saúde. Para estudantes e recém-formados, entender como funciona o internato é essencial para aproveitar ao máximo essa experiência e se preparar para a residência médica e para a vida profissional.
O que é o internato médico
Fase do curso em que acontece
O internato de medicina é o estágio curricular obrigatório. Durante esse período, o estudante aplica o que aprendeu na teoria em cenários reais de cuidado ao paciente, sempre sob supervisão de preceptores e professores.
Acontece no 5º e 6º anos do curso de medicina, correspondendo à fase final da graduação. Algumas faculdades, dependendo do projeto pedagógico, podem estender essa experiência para três anos.
Carga horária e duração
Corresponde a 35% da carga horária total da graduação de medicina (no mínimo 7.200 horas no Brasil). Para proteger a saúde física e mental dos estudantes, a lei proíbe que a carga horária ultrapasse 40 horas semanais no estágio não remunerado. Os plantões são obrigatórios e podem durar, no máximo, 12 horas por dia. As atividades teóricas não podem ultrapassar 20% da carga horária de cada estágio.
Diferença entre internato e residência médica
Existe uma diferença fundamental entre internato e residência médica. O internato é uma etapa obrigatória da graduação, e sem ele o estudante não obtém o diploma. O internato é um estágio não remunerado.
Já a residência médica é um programa opcional e posterior à faculdade, na qual o médico, após a formatura, se especializa em uma área específica, como anestesiologia, clínica médica ou cirurgia geral. Ao contrário do internato, os residentes são remunerados com uma bolsa de, no mínimo, R$ 4.106,09.
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Como funciona o internato de medicina na prática
Rodízios obrigatórios e optativos
O internato é o momento ideal para o estudante aplicar na realidade todo o conteúdo teórico aprendido. Nessa fase, o aluno consulta pessoas reais, faz exames físicos, anamneses e consultas. A rotina é intensa e exige que o estudante seja organizado e disciplinado.
A carga horária é distribuída em diversas especialidades para garantir uma formação abrangente. Durante o internato, os alunos passam por rodízios — períodos de estágio em diferentes áreas da medicina. Os rodízios obrigatórios incluem clínica médica, cirurgia, pediatria, ginecologia e obstetrícia, saúde coletiva, saúde mental, urgência e emergência, além da medicina de família e comunidade. Algumas instituições também oferecem rodízios optativos, permitindo ao estudante se aprofundar em áreas de interesse.
Acompanhamento de preceptores e supervisores
Todas as atividades realizadas pelos internos são supervisionadas por médicos experientes, preceptores, docentes ou residentes, responsáveis pela avaliação e pela formação ética e profissional do estudante. Embora os alunos tenham que ser proativos, o veredito final é sempre do médico especialista responsável, que é quem acompanha o aluno durante o estágio.
O internato médico é mais do que uma exigência curricular: é a fase em que o estudante realmente aprende a ser médico, desenvolvendo autonomia progressiva, habilidades técnicas e senso de responsabilidade social. Quem encara essa etapa com disciplina e dedicação terá mais segurança para enfrentar os desafios da residência médica e da prática profissional.
Avaliações e critérios de desempenho
As avaliações incluem provas práticas e teóricas, que geralmente correspondem a 60% da nota total. As provas teóricas são um compilado de questões sobre os temas abordados, enquanto as avaliações práticas são pequenos exercícios que servem para medir o aproveitamento do aluno.
Além das provas, o desempenho e o comprometimento do estudante são avaliados individualmente. Alguns critérios de avaliação incluem: domínio psicomotor e cognitivo, assiduidade, pontualidade, iniciativa, interesse na aprendizagem, relacionamento interpessoal e comportamento ético profissional. Fazer anotações diárias em um portfólio para registrar os pontos relevantes do estágio também pode ser uma exigência.
Áreas fazem parte do internato
Clínica médica
A carga horária do internato é distribuída em diversas especialidades para garantir uma formação abrangente. A clínica médica é um dos rodízios mais extensos. O estudante participa de consultas, anamneses, exames físicos, diagnósticos e condutas em pacientes internados e ambulatoriais.
Cirurgia
O interno auxilia em cirurgias, acompanha pacientes no pré e pós-operatório e aprende técnicas básicas de instrumentação e sutura.
Pediatria
Neste rodízio, o foco é o atendimento de crianças e adolescentes, incluindo pronto-atendimento, enfermarias e ambulatórios.
Ginecologia e obstetrícia
Abrange consultas ginecológicas, acompanhamento de pré-natal, partos e assistência em procedimentos obstétricos.
Medicina de família e comunidade
Experiência em atenção primária à saúde, incluindo visitas domiciliares, acompanhamento de famílias e promoção de saúde comunitária.
Urgência e emergência
Plantões em pronto-socorros, SAMU e unidades de pronto-atendimento, onde o estudante desenvolve agilidade no raciocínio clínico e aprende a lidar com situações críticas.
Dúvidas comuns sobre o internato
Internato é remunerado?
Não. O internato é parte do currículo acadêmico e, por isso, não gera vínculo empregatício nem remuneração. Algumas universidades oferecem auxílio transporte ou alimentação.
Posso fazer internato em mais de uma instituição?
Sim, desde que haja convênio ou acordo formal entre a faculdade de origem e a instituição parceira. Muitos cursos incentivam o chamado internato externo em hospitais de referência.
O que é internato externo?
É quando o estudante cumpre parte da carga horária em instituições diferentes da sua universidade, seja em outro hospital, município ou até em outro estado. Alguns programas incluem o internato rural ou comunitário, aproximando o futuro médico das realidades locais do Sistema Único de Saúde (SUS).
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Como conciliar o internato com o estudo para residência?
É desafiador, mas possível conciliar o internato com os estudos para a residência médica. O ideal é manter uma rotina organizada: aproveitar os rodízios para identificar afinidades, revisar conteúdos diariamente e praticar questões de provas como o ENARE e concursos de residência médica. Muitos estudantes recomendam usar resumos e manter disciplina de estudos, mesmo com a rotina intensa de plantões.
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