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Carreira13 outubro 2025

Estudantes de baixa renda no curso de Medicina

Segundo o Enade 2023, apenas 5,9% dos estudantes de medicina tinham renda mensal familiar abaixo de 1,5 salários mínimos
Por Redação Afya

A formação superior em Medicina é um sonho de muitos alunos que se preparam para cursar a graduação. Contudo, é um sonho caro! Ainda que a maioria das faculdades de medicina com as melhores notas de avaliação sejam públicas, não há vagas para todos e as opções de formação médica fora da esfera pública possuem um custo mensal que pode chegar a R$20.000.

Essas barreiras de espaço e custo são ainda mais pesadas sobre estudantes de baixa renda, o que torna a presença desses alunos em cursos de Medicina uma raridade. De acordo com os dados do questionário social do ENADE 2023, apenas 5,9% dos estudantes de medicina tinham renda mensal familiar abaixo de 1,5 salários mínimos e 62,3% dos estudantes se encontravam nas três maiores faixas de renda familiar do levantamento (acima de 6 salários mínimos), sendo que 11,5% do total possuíam renda mensal familiar maior que 30 salários mínimos.

Além disso, 83,6% dos estudantes de medicina relataram não possuírem renda e que seus gastos são custeados por familiares ou pessoas próximas. Apenas 4,6% relataram receber algum tipo de ajuda governamental.

Os dados do ENADE também revelam que, mesmo entre as instituições de ensino superior públicas, a maioria dos alunos de medicina são provenientes do ensino médio particular. Para contornar esse problema e garantir uma maior equidade no acesso às oportunidades de ensino no país, nos últimos anos algumas ações foram tomadas.

Programas governamentais

Algumas oportunidade para estudantes de baixa renda vieram com intervenção federal através de programas de financiamento de mensalidades em universidades particulares como o FIES (e o FIES Social, direcionado para estudantes com renda mais baixa) ou de bolsas, caso do Prouni.

Contudo, tais programas nem sempre conseguem cumprir sua função em cursos de medicina, para os quais o custo muitas vezes excede o limite da bolsa oferecida pelo governo. Além disso, mesmo os programas que conseguem oferecer bolsas integrais focam apenas na mensalidade, deixando os custos extras para o aluno.

Custos esses que podem acrescentar muito mais à despesa do estudante, ainda mais considerando que o cursos de ensino superior não estão distribuídos igualitariamente pelo território nacional. Com a concentração de faculdades em grandes centros, ao custo do estudo ainda são acrescidos custos de moradia e transporte.

Auxílios extras

Os programas de financiamento ou bolsa, embora falhos, causam impacto na busca por equidade no que diz respeito ao ingresso no ensino superior. Entretanto, sua complementação, com auxílios aos estudantes de baixa renda é o que normalmente garante a continuidade na educação e a formação do médico.

Infelizmente esse tipo de auxílio depende muito da instituição de ensino superior, do local do curso e do tipo de população em que o estudante está inserido. Por exemplo, há o Programa Bolsa Permanência (PBP) para estudantes indígenas e quilombolas, mas apenas para os matriculados em instituições federais e a USP possui o Programa de Apoio à Permanência e Formação Estudantil para estudantes em condição de vulnerabilidade socioeconômica, mas também é um programa limitado, à instituição e pelo número de bolsas disponíveis.

Essa variação na disponibilidade de auxílios faz com que, assim como o esforço para superar os obstáculos inerentes à graduação em Medicina, o estresse de buscar se manter durante o curso recaia inteiramente sobre o estudante de baixa renda, que além de encontrar oportunidades escassas para a entrada no ensino superior se deparar com barreiras extras para alcançar o seu sonho.

Impacto sobre o ensino

Obviamente, com a sobrecarga de preocupações além do ensino, o desempenho acadêmico desses estudantes é impactado.

Ainda segundo o relatório do ENADE, a presença dos alunos que dependeram de algum tipo de auxílio ou ingressaram no ensino superior por meio de alguma ação de inclusão é menor nos primeiros quartos de desempenho do exame em comparação com quem não precisou dessas iniciativas. Muito embora essa diferença não seja tão gritante, mesmo considerando os diferentes grupos e necessidades.

Isso indica que há um vácuo que deve ser preenchido na criação e manutenção de oportunidade para estudantes de baixa renda, pois a vontade com certeza está presente. É preciso pensar além do acesso ao curso superior. O curso de medicina é longo, custoso e exige dos graduandos mais do que apenas atenção nas aulas e afinco nos estudos.

Autoria

Foto de Redação Afya

Redação Afya

Produção realizada por jornalistas da Afya, em colaboração com a equipe de editores médicos.

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